Passerá

Uma canção em que a poesia revela um mundo que se foi... O passado agudo na espera sem razão, sem sustento que pudesse mudar o vão das lágrimas...

Uma canção que revela fundo na pele já antiga de ler na vida um tempo no vento, acelerado a cada perda...

Uma canção que veio assim, sem aviso e fez no peito um fantasma de sombra em mortalha cinza, como toda bandeira final deve ser...

Uma canção que não avisa sobre seus efeitos em quem a compreender por ler em seus versos os mesmos versos que já fez em recôndito quarto azul ou chuva livre ou pés descalços em madrugadas sem conforto. Só fuga!

Quem merece uma canção que expõe o destino de amor e sofrimento, irmãos de trocas todo dia? A nostalgia das letras que amarelam-se na extração da recompensa que nunca vem?... Só lembranças que se mesclam nas gotas de chuva, contando na janela seus segredos de espera?

Você, meu amor que dança uma existência, tentando compreender um mundo que não faz o menor sentido, transpira seus temores por entre as frestas da ampulheta infalível !

Mais linda e mais madura no olhar que, no encontro do mar com as contas da oração, traçada em jardim que nunca se desfará, faz essa história de alguém que sob o altar de suas poses, vive no gesto, ou pelo menos na intenção, a intervenção de seu amor de reconstrução!

A cada abraço de ternura, novo ânimo, nova alma a viver cheia de entendimento. Se não somos daqui, em lugar de conforto e regozijo, saberemos mais sobre o esquecimento daquilo que não for essência.

Vamos cantar então a verdadeira canção, pura nos acordes e nas rimas, perfeita nos arranjos e na harmonia de uma vida sem desencontros. Pés descalços em areias mornas e amareladas pela função terna do amor. A cura !

Marcos Palma
Enviado por Marcos Palma em 22/06/2017
Reeditado em 22/06/2017
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