Esconderijo

E ela se esconde. De tudo. Debaixo das roupas de sempre, porque prefere não ostentar uma beleza que não possui.

Prefere ficar às escondidas, sem ser notada quando passa, às seis da manhã. Prefere a bala menos ardida, a deixar seu sabor nos hálitos próximos ao seu. Prefere o cabelo preso, a mostrar suas madeixas encaracoladas.

Sempre fora assim. Porque desde muito nova ouviu que não deveria ser diferente. Não poderia acreditar demasiadamente em seus sonhos.

E hoje, ela os afoga, enquanto busca no excesso de responsabilidades, um motivo para ficar.

Fica, mesmo sentindo no peito a necessidade de partir, de voltar para uma moradia distante da sua habitual.

Pensa, repensa, e junta todo o fervilhar de ideias num amontoado de folhas de papel. Porque sabe que esse é o seu quê. Que assim é gente. E ponto. Sem retoques, sem adornos. Sem precisar mostrar algo que sequer consegue definir.

Sente na pele a cobrança da sociedade. Em tudo, sem exceção. Sabe ser cordial, enquanto (por dentro) duela com a pequenez alheia.

É pequena em estatura. E com uma mentalidade ainda dentro da órbita.

Não possui todos os dentes, mais. Nem todos os sonhos de menina. A vida lhe mostrou que, por hora, ter paz é o caminho mais tranquilo a seguir.

Não possui nome ou sobrenome definido. Porque pode ser eu, você ou nós todos, de acordo com o dia e o humor.

E hoje... Hoje a saudade é grande. E as incógnitas, maiores ainda!!!

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 02/06/2017
Código do texto: T6016528
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