Domingos
Sabe do que eu sinto falta?
É dos domingos.
Daqueles bem longos que a gente acordava cedo pra passar mais tempo juntos.
Em que a gente dançava na cozinha, entre cortes de salada e o barulho do liquidificador enquanto você fazia suco, eu gostava daquela dança, podia vê belos ângulos do seu sorriso.
De morgar do lado do outro depois de tanto comer e depois sair correndo pra vê se a sorveteria ainda estava aberta pra matar a vontade de um sorvetinho.
De ficar em paz com você deitada no meu peito (sua melhor posição em mim) e eu só ficar ouvindo o seu coração ou de ser seu modelo fotográfico na praia, aquele seu passeio de insistência, motivo da minha resiliência.
Eu acho que nunca mais tive fotos de perfil bonitas, você me via mais bonito que eu achava que era, mas o mais bonito era fitar seu sorriso pelos poucos instantes que você me permitia vê que me fotografava – a espontaneidade do seu olhar a me olhar me fazia poesia.
Eu sinto falta mesmo é destes pequenos detalhes de domingo
De você brincar com a luz da lua que entrava no negro do meu quarto e contrastava com o negro do meu cabelo enrolado que você tanto adorava e a negritude do meu corpo nu, e nós que tinhamos que acordar cedo, enrolavamos pra dormir e nos se amávamos pelo mesmo motivo de acordar cedo.
Ter um amor prologado que a gente chamava de: domingo