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Não posso revelar como e em quais condições pude fazer uma viagem para o ano de 2100, mas de qualquer modo irei revelar o que vi. Algumas coisas, passados mais de 80 anos, ainda são relativamente as mesmas. Mas outras mudaram bastante. A tecnologia progrediu muito, e esta num patamar de praticidade bastante alto. Os registros, de modo geral, perderam seu formato fisico e cada vez mais as coisas assumem uma forma não tangível, como os arquivos dos computadores atuais. Essa sociedade que tive contato segue alguns parâmetros que em 2017 não seria assim tão difícil de se imaginar, como, por exemplo, formas de viver e consumir que exijam cada vez menos da natureza. A digitalização de tudo é algo bastante comum e muito debatido, e também, como uma forma de se ligar as coisas do passado. Nem todos seguem esses modelos, mas é um importante guia dessa sociedade. Os avanços tecnológicos são tantos e tão sensacionais, que posso sintetizar como facilitadores da vida cotidiana numa escala assustadora, inclusive. A maioria tem acesso a instâncias que antes não seria possível ou comum, mas, como hoje em dia, nem todos aproveitam, isso por diversos motivos. Mas, no geral, tirando casos específicos, todos tem acesso a praticamente tudo. Uma preocupação desse tempo, e bastante preocupante, é sobre a vertiginosa queda do número de pessoas na população. Existe um receio, mais ou menos comum, que um dia a população do mundo pare de se reproduzir. O mundo parece um pouco mais chato aqui, pois é bastante tecnicista; existem pessoas com seus vícios, mas numa quantidade cada vez menor. Ainda existem ricos e pobres, mas a situação aqui é no minimo curiosa. O acesso as riquezas foi bastante modificado, e o que antes trazia um maior status agora é tido como destruidor da natureza. Se for considerado positivo é sinal de austeridade. Se tiver bastante recursos sua vida será boa, mas se tiver menos esses acessos serão mais difíceis, embora nem tanto. Ser rico ou ser pobre é mais uma questão de status que de posses mesmo. Existir nessa época e lugar é as vezes bastante pesado, talvez pelos traumas de épocas anteriores, de nossas relações, de humanos com humanos ou com a natureza. O peso de estar aqui é grande e a cobrança esta presente em todos os lugares. É contraditório pensar que, se a vida esta mais fácil, usufruir disso é quase um pecado moral. Querendo ou não a tecnologia nos moldou.