Perdido no tempo

Das páginas de um velho livro pensei, enfim, ter te encontrado.

Descrito tão somente como me apareceste.

Esteve ali, naquelas folhas tão amareladas pelo tempo.

E por tanto tempo.

Nelas me deleitei por anos, inocentemente acreditando

na ausência de uma eterna solidão.

Em almas que se reconheceriam ao primeiro olhar

transmitido esperançosamente.

No entanto, não foi assim.

Tu não me reconheceste e nem se quer lembraste.

De um tempo atrás. Daquelas tarde escondidas no campo.

Do balanço da plantação de trigo. Que dançava com o vento.

Sendo testemunhas daquele perdido amor.

Escondido amor, entre os lençóis brancos

e suados na madrugada. Velados por passos macios

e silenciosos que Tu davas a caminho de meu quarto.

Iluminado somente com a luz da lua frente a janela aberta.

Sob a estrelas nos amávamos e fazíamos promessas de eternidade.

Que levaste comigo. De tempos em tempos. Espalhando os escritos em folhas brancas.

Reencontrando-as em diferentes tempos e momentos. Abrasando inexplicavelmente minha inquieta alma.

Mas agora me perco em tão decrepito encontro.

Porque não vês como a ti vejo?

Será tão tolo eu em acreditar nesse meu desejo?

Desejo de reencontrar... desejo de amar...

Oh tempo acerta-lhe o momento.

Aguento eu mais tamanho sofrimento?

Escreva tuas linhas em comum acordo

E que venha um tempo.

De reconhecimento.

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 06/02/2017
Código do texto: T5904705
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