Adeus Ana

Achei que seria mais fácil deixar-te ir de minha vida. Que não sofreria e nem lamentaria pelo que fiz ou não por ti. Pensei que havia dado o meu melhor e que não havia como ser melhor... Eu fui egoísta.

Tantas vezes menti para o seu bem ou para fugir de sua companhia. Tantas vezes comia de cara feia ou de nojo por imaginar as coisas que poderia ter feito. Tantas vezes pensei em ir ver-te, mas a preguiça e a má vontade me prenderam em meu quarto. Tantas vezes perdi a chance de te ver sorrir ou falar uma palavra bela.

Ora... Foram tantas vezes que da manha a tarde cuidara de nós, muitas noites também. Foram tantas batatinhas fritas e arroz doce, e as tardes de pizza? (Risos)

Foram tantos momentos bons que abandonei e os esqueci lá no fundo da minha alma depois que cresci e vós começas-te a apresentar problemas de memória e saúde. Não me atreverei a dizer que faria tudo diferente se pudesse voltar no tempo, pois se fizesse, eu não teria aprendido essa grande lição.

Cresci e adormeci aquela doce e ingenua criança, tão dependente e amável, tão sentimental que corria para sua casa e logo colocava o CD de Lourenço e Lourival para tocar, ouvindo repetidas vezes "O telefone chora" ou "A história dos três japoneses", isso quando não eram as historinhas que contava de acontecimentos passados ou coisas criadas, que me faziam rir, assustar, entristecer, mas por fim, sempre sorrir. Foi crescer e mudar, e não saber lidar com os seus problemas que me afastou, que me fez ficar distante e agora triste por não te-la feito sorrir como me fizeste tantas vezes.

Por isso tudo, venho dizer-lhe três coisas, mesmo que não ouça:

Eu te amo,

Me perdoa

&

Obrigada por tudo vó!

Descanse em paz...

Enila Telracs
Enviado por Enila Telracs em 05/01/2017
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