NÃO ERA UM VERSO MUITO BOM

Escrevi pra você, mas não estava mais lá.

Foi um verso tão besta, vai ver que é por isso. Mas eu queria tanto que você visse aquele papel. Era um pouco de mim, de você e do céu. No céu, meio chuva e você tão bonita, me olhando encantada e eu assim, tão moleque, todo apaixonado, não via mais nada. Queria te dar pra matar a saudade, se é que cê sente nas friezas da tarde.

Pô, chorei pra caramba! Bem, como sempre: era eu.

Nem quis dignidade, enrustido num canto, sob o céu que já me viu escrever tanta coisa bonita na luz dos teus olhos. Esses olhos, já não vejo. Nem do verde um lampejo. Nem sequer um “me importo” pra saber que valeu. Um tranquinho nesse coração que reluta em bater sem a tua atenção.

Foi um verso profundo de mim que te amo. Acredita, era mesmo tudinho verdade. Não era um verso muito bom, eu confesso. Mas estava o resquício da felicidade que um dia gritei no silêncio da morte quando ressuscitei no teu abraço e me desfiz no teu beijo, naquela noite que a vida tomou sentido e hoje, só hoje, já hoje é silêncio e solidão e desprezo.

Me fez tão feliz que nem dá pra falar. Vi o mundo do alto e aprendi a voar no teu toque, teu rosto, sem nunca disfarçar a meninice da paixão e sem ver nem pudor pra te amar. Escrevi pra você com a pena da alma. Amassei essa alma naquele bilhete. Hoje, sob a escrivaninha, numa lata de lixo um coração saudável e uma paixão latente.

Krummel
Enviado por Krummel em 27/12/2016
Código do texto: T5864652
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