Biografia da Prof.ª ISABEL PEREIRA MARTINS

Isabel Pereira Martins foi uma professora pioneira, bastante querida e admirada que fez parte da história do segmento educacional de Gurupi entre as décadas de anos 60 e 90, influenciando gerações de crianças e jovens que atualmente estão bem posicionados em diversos setores da sociedade local e também em inúmeras outras cidades, como comerciantes, empresários, servidores públicos, profissionais liberais, no segmento político e religioso etc., contribuindo sobremaneira para o desenvolvimento social e econômico do mais novo estado brasileiro – o Tocantins.

Isabel Pereira Martins nasceu em 08 de junho de 1946, na região conhecida como Pouso Alto, localizada no vale do córrego Tucum, às margens da estrada que liga Gurupi a Dueré. Ela é a primogênita do casal de produtores rurais Tadeu Pereira Martins e Maria José Costa Pinto e teve 6 irmãos: Domingas, Aldenora, Otaciano, Deuzina, João e Lourival.

Em 1948, eles se mudaram para outra localidade, cerca de 2 léguas dali, onde estabeleceram a “Fazenda Firmeza”, no vale do córrego Tucum.

Desde seus primeiros dias de vida a pequenina Isabel teve que aprender a superar desafios e vencer obstáculos. Ela, como filha mais velha, desempenhou papel primordial no auxílio de seus pais na criação dos irmãos.

Nos anos 1950 a vida na região era bem difícil, pois as vilas e povoados não tinham muita estrutura. As maiores cidades ficavam às margens do Rio Tocantins, em geral situadas há mais de 100 km, que era uma distância bem considerável para se percorrer no lombo de animais.

Isabel auxiliava sua mãe nos cuidados diários dos irmãos mais novos. Todas as vezes que sua mãe precisa ir a algum lugar, era Isabel quem ficava responsável por manter a casa em ordem.

Assim, desde bem nova ela ficou conhecida por ser uma moça trabalhadora, prestativa e generosa. Sua colaboração não se limitava unicamente aos afazeres domésticos, pois também ajudava no cuidado dos animais da fazenda. Seu pai, Tadeu Martins, acordava de madrugada e levava a pequena Isabel para lhe ajudar à retirar o leite das vacas. Ele apeava a primeira vaca e antes de seguir para o próximo animal coloca Isabel sentada num banquinho de madeira retirando o leite. Quando o Sr. Tadeu terminava de apear os bovinos Isabel já tinha ordenhado vários litros de leite.

Quando o sol aparecia no horizonte Isabel e seu pai estavam com o serviço bem adiantado. Do curral eles podiam sentir o cheiro do café que sua mãe, dona Maria José, estava preparando para o desjejum da família.

Após o serviço, Isabel retornava alegre para a casa, carregando uma grande vasilha de leite fresco, onde encontrava a mesa farta servida com farinha de puba, beju, coalhada escorrida, manteiga de garrafa, bolo de fubá e biscoito frito. Todos estavam reunidos ao redor da mesa, mas só começavam a degustar os alimentos após fazerem uma oração de gratidão a Deus.

Dona Maria José cuidava do lar e da educação dos filhos, além de cultivar pequenas plantações no entorno da residência. Era uma mulher cheia de talentos, prendada, que fazia de tudo. Ela foi alfabetizada em Pedro Afonso e dedicou-se a repassar seus conhecimentos e habilidades aos filhos. Também buscou transmitir aos filhos e filhas sua fé e amor pelo Senhor.

Isabel foi crescendo como uma moça responsável e prendada. Sua mãe lhe ensinou a arrumar a casa, cozinhar, preparar doces, roscas e bolos, cultivar plantas medicinais, ler, escrever, recitar poemas e cantar cânticos do hinário cristão.

A vida na fazenda era cheia de tarefas, desde a madrugada até o entardecer. A comida era feita no fogão à lenha. Nos meses de setembro e outubro eles armazenavam vários feixes de lenha, juntamente como pequenos gravetos e sacos de palha de milho, para abastecer o fogão a lenha na temporada das chuvas que na região dura aproximadamente 6 meses, de novembro a abril.

Desde cedo as crianças aprendiam a observar e interagir com os ciclos da natureza, fases da lua, período de seca/enchente dos rios, a piracema, época de floração e frutificação das plantas etc., pois retiravam seu sustendo dos recursos naturais. Era um modo de vida integrado com o meio ambiente que mudou bastante com a vida urbana.

O preparo da farinha de puba era algo especial que todos sabiam fazer bem. Toda a família participava com muita alegria dessa atividade, pois naquela época o arroz era escasso na região de modo que a farinha de mandioca era a base da alimentação típica dos moradores do interior do Brasil. Primeiramente, eles colhiam a mandioca e transportavam para perto da casa. Sentavam no chão em roda para descascar as manivas, colocavam de molho e faziam a massa. O Sr. Tadeu Martins fazia ele mesmo os grandes “tapitis” de palha, que eram usados para secar a massa da mandioca. A etapa final era assar a farinha no forno à lenha. Depois de pronta, a farinha era colocada em grandes cestos que ficavam armazenados dentro de casa.

No fundo do quintal eles tinham uma variedade de ervas, plantas aromáticas e temperos: alecrim, capim-santo, barbatimão, boldo, canela, pimentas, cebolas, alho, coentro, carqueja, cavalinha, erva-cidreira, erva-doce, gengibre, hortelã, mastruz e urucum.

Isabel e suas irmãs faziam caminhadas pela mata para coletar cascas de árvores, seiva, folhas e sementes para preparar chás, garrafadas e pomadas, que usavam para todo tipo de situação, curando doenças e enfermidades.

Nos meses de julho a outubro, época de temporada das frutas do cerrado, as crianças saíam para colher frutos saborosos. Elas se deliciam com puçá, cagaita, baru, pitomba, buriti, mama-cadela, macaúba, araçá, jatobá, pequi, caju etc. Também pegavam favos de mel em ninhos de abelhas silvestres.

Na região de entorno da Fazenda Firmeza havia muitos parentes, seus avós paternos, tios, primos e primas.

Quem vivia por aquelas bandas conhecidas como “Gerais”, distante das cidades mais bem estruturadas que ficavam às margens do Rio Tocantins, tinha que se virar contando com ajuda uns dos outros.

Naqueles tempos todos os vizinhos se conheciam bem e estavam presentes para ajudar. O espírito de coletividade era muito forte e mantinha a vizinhança unida.

O seu primo, José Pereira da Luz (“José Neto”), que morava na Fazenda São José, era dono de uma oficina de carpintaria, onde produzia diversos trabalhos em madeira, desde móveis (mesas, cadeiras, bancos, prateleiras etc.) até materiais para construção de casas, como portas e janelas, bem como itens diversos para a fazenda: cabos para ferramentas, giral, porteira, canga para bois etc.

O Sr. Euzébio Pereira Lima, casado com a Maria José Teles, viviam com seus 13 filhos na Fazenda São Pedro, onde formaram uma grande família que ficou conhecida como a “família Teles”. O Sr. Euzébio além de criar gado e cultivar a terra, era um exímio ferreiro produzindo uma infinidade de itens (facas, enxadas, foices, ferraduras, estribos, dobradiças, ferrolhos, peças para armas etc.) para atender os moradores das fazendas e vilas próximas.

As parteiras Dulica Beckman e Raimunda Bertoldo residiam nas proximidades e desempenhavam papeis sociais extremamente importante naquela região isolada, sem hospitais, clínicas, médicos e enfermeiros. Elas eram bastante queridas e respeitadas, pois exerciam aquele ofício com muito amor e zelo, auxiliando as mulheres durante o parto e nos dias seguintes, com chás e remédios para fortalecer a mãe e o recém-nascido.

Outros amigos que moravam na região do vale do Tucum: Raimundo Correia, Tarso Barros, Felipe Barros, João Cesar, Leontino Marinho, o Sr. Veríssimo, Israel, Arthur e Januário, entre outros. O Sr. Antônio Rodrigues morava na região das três Lagoas, algumas léguas dali, do lado esquerdo da rodovia que liga Dueré à Gurupi.

No começo de 1958, a realidade dessa parte isolada de Goiás mudaria drasticamente, através da ousadia do Presidente JK que determinou o projeto de construção da rodovia Belém-Brasília para ligar o Norte ao resto do Brasil

Para quem vivia em Dueré e Gurupi aquele anúncio da criação da rodovia veio como uma ótima notícia, pois logo a atenção se voltou para aquela região, com a vinda de empresas e muitos migrantes.

Em 14 de novembro de 1958, vários povoados foram emancipados e elevados a categoria de município, como por exemplo: Gurupi, Dueré, Paraíso etc.

O governador de Goiás nomeou interinamente os prefeitos e vereadores para providenciar a instalação dos poderes executivos e legislativos.

Com a emancipação dessas cidades, e a criação dos poderes executivos e legislativo uma série de ações do governo começaram a chegar, trazendo facilidades para os moradores locais.

Em 1960, aconteceu a primeira eleição para escolha do prefeito Francisco Henrique Santana e Luiz Brito Aguiar para vice. A partir daí, com o advento de firmas de maior porte, Gurupi desponta como uma das cidades mais progressistas do Norte de Goiás e assume o papel de liderança sobre as demais da região.

Em 1961, foi instalado o 1º cartório do 2º Ofício em Gurupi, de modo que os moradores locais não precisavam mais viajar para conseguir registros de nascimento e casamento. Antes da chegada desse cartório em Gurupi, o pai de Isabel, Sr. Tadeu Martins, tinha que fazer essa longa e cansativa viagem até Porto Nacional para pegar os documentos de seus filhos.

No segundo semestre de 1962, o Pastor Manoel Lemos do Prado convidou o professor "José Neto" para fundar a 1ª Escola da Igreja Assembleia de Deus, o Educandário Evangélico Gurupiense, que funcionou regularmente na Avenida Maranhão nº 948, de fevereiro de 1963 até o 1º semestre de 1970.

Dona Maria José e Sr. Tadeu Martins queriam que os filhos tivessem mais oportunidades. Eles também congregavam na Assembléia e acompanharam com muita expectativa o surgimento do Educandário Evangélico Gurupiense. Assim, em janeiro de 1963, eles venderam várias cabeças de gado e compraram uma casa na cidade, no local hoje fica a Papelaria Araujo, na Avenida Pará, entre as Ruas 04 e 05.

Numa manhã ensolarada de domingo, em 21 de abril de 1963, Isabel Pereira Martins, com 16 anos de idade, batizou-se no córrego Mutuca, com as irmãs Domingas e Aldenora. A cerimônia do culto batismal foi conduzida pelo Pastor Manoel Lemos do Prado e aconteceu numa pequena represa situada num trecho do córrego Mutuca dentro da chácara do senhor Antonio Lisboa da Cruz (pai do ex-prefeito João Cruz), próximo a atual rodoviária de Gurupi. Daquele dia em diante, Isabel e suas irmãs tornaram-se membros ativas da Igreja.

Em agosto de 1963, Isabel Pereira Martins começou a dar aulas no Educandário Evangélico Gurupiense.

Em 1964, Dona Maria José retornou para a fazenda, levando consigo o filho caçula, Lourival Pereira da Costa.

Na ausência da mãe, Isabel substituiu integralmente sua liderança, organizando a casa e distribuindo as tarefas diárias entre os irmãos. Quando eles precisavam de alguma coisa, cabia a Isabel resolver e auxiliar-lhes. Em pouco tempo, a família Costa-Martins ficou conhecida e respeitada.

Isabel era amiga de todas as famílias da vizinhança da Avenida Pará e Ruas 04 e 05, com as quais mantinha estreitos laços, como se a elas pertencesse de fato. Desde cedo, Isabel aprendeu o valor da solidariedade e gratidão, o que ela carregou consigo em todos os momentos, procurando transmitir aqueles valores aos irmãos e sobrinhos, e também em suas atividades diárias como professora aos seus queridos alunos.

Prof.ª Isabel Pereira Martins era amada por seus alunos, não só pela maneira clara e objetiva com que lhes ensinava as disciplinas, como porque os ajudava a passar de ano. Quando notava que determinado aluno estava fraquejando em determinada matéria, ela se dispunha a ajudá-lo, caso necessário, com reforço em sua própria casa, que vivia cheia de estudantes. Todos os dias, moças e rapazes iam tomar explicações suplementares e, assim, conseguiam se sair bem nas provas e testes. Ela nunca se recusava a receber ninguém em seu lar.

Naquele tempo o professor era visto como um profissional de grande valor, admirado e respeitado por todos. Era comum encontrar crianças e jovens que se inspiravam em seus mestres, desejando no futuro seguir a mesma carreira no ramo educacional.

Isabel tinha posição de destaque entre seus colegas educadores. Era sempre a primeira a estar atualizada, estudando com afinco para adquirir novos conhecimentos. Era uma pessoa aberta ao diálogo, atenciosa e muito generosa. Enquanto muitos guardam o conhecimento só para si, a professora Isabel fazia questão de partilhar sua experiência e aprendizados com outros colegas de profissão. Não se preocupava com a concorrência, nem temia perder espaço, pois tinha grande capacidade profissional, sendo por essas e outras razões respeitada e admirada em toda comunidade gurupiense.

Em 1973, Isabel comprou uma pequena casa na Rua 05, entre as avenidas Amazonas e São Paulo, perto do Colégio Estadual, passando ali a residir. Foi aos poucos ampliando e fazendo melhorias na casa. O seu irmão caçula, Lourival Pereira da Costa, foi morar com ela, e os pais alugaram a casa deles na Avenida Pará. Daquela data em diante, sempre que os pais de Isabel ou algum irmão que morava fora vinham à cidade eles se hospedavam em sua casa.

A rua 05 e demais ruas próximas ao Colégio Estadual possuíam poucas casas e os diversos lotes vazios eram cheios de árvores do cerrado, que na primavera ficavam belíssimos com as floradas e, um pouco depois, chegava a temporada de frutos. A molecada da região saia da escola e corria para colher puçás, cajás, pequis, cajus, pitombas, disputando uns com os outros quem conseguia pegar mais.

Quem viveu aquele tempo sente saudades, pois eram muitos as vantagens da vida pacata e com ar interiorano. A quantidade de verde no centro da cidade favorecia para que o clima da cidade fosse mais agradável. As crianças brincavam mais ao ar livre; não havia obesidade infantil, nem os perigos da violência e criminalidade e abusos que tanto assolam as cidades brasileiras.

No começo do ano de 1977, seu irmão Lourival Pereira da Costa passou no concurso do Banco da Amazônia (BASA) e se mudou para Porto Nacional. Assim, alguns meses depois a jovem Filomena Pereira Costa (carinhosamente apelidada de Filó), de Cristalândia, veio morar com ela. A Filó era para Isabel como uma verdadeira filha, com quem partilhou conhecimentos, experiências, alegrias e muito amor. Filó estudou em Gurupi, fez faculdade de Pedagogia e hoje segue os mesmos passos como uma dedicada educadora da rede pública. Assim como Isabel, Filó é querida e amada por todos da família Costa-Martins.

Em 1979, Isabel Pereira Martins vendeu parte do lote anexo à sua residência para seu irmão, Otaciano Pereira Costa, que construiu uma casa ao lado, onde passou a residir com sua família.

Aos finais de semana, ela visitava a Fazenda Firmeza de seus pais, localizada no vale do Tucum, onde revivia os bons momentos da infância.

Em 1985, a professora Isabel Pereira Martins viu o surgimento da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Gurupi (FAFICH), durante a gestão do Prefeito Jacinto Nunes.

Em 1989, Isabel passou no vestibular para a 4ª turma de Pedagogia na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Gurupi (FAFICH). Ela concluiu duas Licenciaturas, Curta e Plena, com estágios supervisionados nos Colégios Rui Barbosa e no Estadual, respectivamente. A formatura aconteceu no Clube Nova Fronteira.

Em julho, no período de férias escolares, ela gostava de visitar seu irmão caçula, Lourival Costa, que morava em Porto Nacional. Levava consigo sobrinhos que aproveitavam para curtir a temporada da praia se refrescando no rio Tocantins. Também fazia viagens para Itumbiara, no sul de Goiás, onde residia sua irmã Deuzina.

Isabel gostava de reunir a família em sua casa, nos almoços e jantares, em datas especiais. Seu lar era o ponto de encontro de todos, que partilhavam os momentos com felicidade e muito entusiasmo. Nessas confraternizações eles conversavam bastante, as vezes até altas horas, relembrando bons momentos da juventude, com muitos causos, estórias, brincadeiras e risos.

Tinha uma alegria imensa em receber os parentes e amigos. Nos dias que antecediam a chegada de alguém, ela fazia quitutes, bolos, roscas e inúmeras coisas gostosas para receber com fartura e contentamento.

Era uma pessoa extremamente caprichosa, organizada e ordeira. Gostava de se cuidar, mantendo seus cabelos penteados e sedosos, com vestimenta impecável, segundo os preceitos de sua fé cristã. Por onde passava chamava atenção, pela altura, elegância e educação. Caminhava firme, com passos largos e postura elegante. Vestia-se com fineza, com sapatos charmosos e vestidos floridos e estampados, sempre perfumada e cordial, transmitindo alegria e ternura. Sua casa estava sempre em ordem, muito limpa e arrumada. Nas paredes e espalhados pelos móveis da casa tinha vários retratos de parentes e amigos, a quem dedicava diariamente suas orações para que Deus os abençoasse e protegesse.

A professora Isabel tinha fartura em seu lar e sua vida de modo geral. Gostava de presentear amigos e familiares casualmente e nas datas especiais. Fazia regularmente viagens de passeio, muitas das quais levando consigo sobrinhos que até hoje guardam ótimas lembranças de sua companhia. No entanto, não se metia em dívidas e nunca se viu um cobrador batendo sua porta. Ela tinha uma vida financeira abençoada; era econômica, guardando mensalmente parcela de sua renda na caderneta de poupança.

Reconhecida como uma mulher de fé, membro ativa da Assembleia de Deus do ministério Madureira. Era um exemplo genuíno de evangélica pentecostal, fervorosa, zelosa e verdadeira em seus princípios e práticas. Ela dizimava fielmente todos os meses e ofertava generosamente nos cultos e campanhas missionárias da Igreja. Lia a Bíblia diariamente e tinha sempre uma palavra de amor e sabedoria para transmitir àqueles que a rodeavam. Durante suas atividades domésticas, bem como em sala de aula, a professora Isabel gostava de cantar hinos da Harpa Cristã, como por exemplo: “Porque Ele Vive”, “Grandioso És Tu”, “Se Tu Minh'alma”, “Firme Nas Promessas”, “Em Fervente Oração”, “Mais Perto Quero Estar”, “Foi na Cruz”, “Solta o Cabo da Nau”, entre outros.

Em novembro de 1994, Isabel Pereira Martins aposentou-se do cargo de professora na Escola Estadual de Gurupi.

Isabel acompanhou a evolução de Gurupi, tanto do ponto de vista econômico, social e urbanístico, bem como na sua área de trabalho – a Educação.

Era uma professora exemplar, com muitas qualidades admiráveis. Uma pessoa humilde, honesta, generosa, repleta de bondade e fortemente ligada a Deus. Amava ensinar e acreditava profundamente no papel da educação para transformar a vida de seus alunos e da sociedade. Transmitia seus conhecimentos com amor, sem perder o respeito no ambiente escolar. Estimulava seus alunos a terem compromisso e dedicação em seu aprendizado. E ainda possuía uma linda caligrafia que muitos de seus alunos imitavam.

A Prof.ª Isabel passou muitas dificuldades na sua infância e juventude e sabia bem o quanto significava encontrar um ombro amigo nos momentos difíceis. Tem pessoas que passam por dificuldades na vida e se tornam amargas e pessimistas. Por outro lado ela soube superar os obstáculos que a vida lhe impôs e labutou bastante para viver dignamente, sempre com postura amável e altruísta. Por onde passou, prof.ª Isabel transmitia coisas boas para as pessoas à sua volta, em especial para seus sobrinhos, educandos e irmãos e irmãs de fé em Cristo.

O seu profundo amor e sua fervorosa fé em Deus se traduziam diariamente no amor e generosidade a todos a sua volta. A professora Isabel verdadeiramente buscou cumprir os dois principais mandamentos deixados por Nosso Senhor Jesus Cristo: “Amar a Deus sobre todas as coisas” e “Amar ao Próximo como a si mesmo”.

Aqueles que tiveram o privilégio de freqüentar as salas de aula sob a regência da prof.ª Isabel carregam boas lembranças, sendo que muitos confessam que além de ensinamentos pedagógicos eles carregam uma sólida formação de caráter e personalidade que é fruto da contribuição da disciplina e dedicação dos tempos que conviveram com a querida professora. Entre seus alunos saíram inúmeros profissionais conceituados nas mais diferentes áreas: professores, comerciantes, policiais, advogados, contadores, jornalistas, políticos, médicos, missionários etc.

No começo dos anos 1960, os índices de analfabetismo eram altíssimos. Mais de 50% da população brasileira não sabia ler e escrever o próprio nome e no norte goiano essa situação era ainda mais precária, pois as escolas eram raras e os professores poucos.

A Prof.ª Isabel foi uma das pioneiras nesse segmento, ajudando a projetar a pequena cidade de Gurupi para uma realidade bem diferente.

A Prof.ª Isabel Pereira Martins e suas colegas Domingas Pereira Gomes, Eunice Reis de Hungria, Madalena Dias Gomes, Terezinha Pimentel, Deuzina dos Reis Aguiar, Edna Barros, Aldenora Pereira da Costa, Maria da Conceição Teixeira Brito, Ildeni Coelho Vargas e professores Joel Ferreira Soares (in memoriam), José Pereira da Luz (in memoriam), José do Egito e Juarez José da Fonseca, entre tantos outros, fizeram parte de um grupo de educadores de primeira grandeza e marcaram uma época pela sua dedicação e capacidade de transmitir bons ensinamentos.

Foi capaz de construir no decorrer de décadas um referencial de educação de qualidade. Seu papel primordial entre os anos 60 e 90 deixou um legado primoroso para o segmento educacional de Gurupi e do Tocantins!!!

Com apenas 50 anos de idade a Prof.ª Isabel Pereira Martins faleceu de leucemia, o que muito entristeceu sua família, amigos e a comunidade gurupiense em geral.

Partiu prematuramente, deixando enorme vazio no coração de todos aqueles que tanto a admiravam e amavam.

A querida Prof.ª Isabel faleceu em 29 de janeiro de 1997, deixando uma grande lacuna na vida educacional de Gurupi e do Tocantins.

A sociedade gurupiense teve o privilégio de contar com a digníssima Prof.ª Isabel, que representa com orgulho a valorosa classe de educadores que fizeram do magistério um sacerdócio, dedicando suas vidas para oferecer com competência e amor melhores oportunidades para milhares de crianças e adolescentes de Gurupi e região.

Ela é a primogênita de uma grande família, que carregou em sua essência alguns dos bons traços de seu pai e sua mãe (Tadeu Martins e Maria José Costa), manifestos ao longo de toda sua vida extremamente frutífera e abençoada.

Esse é apenas um breve registro de sua virtuosa biografia, que muito nos orgulha e inspira. Reviver a história da Prof.ª Isabel enche nossa alma de bons sentimentos, o que nos dá a sensação de sermos altamente privilegiados, honrados e felizes por termos conhecido e convivido com um ser humano tão especial como ela!!!

Mesmo após tantos anos de sua ausência nossos corações permanecem cheios de saudade e carinho pela querida professora Isabel!!!

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Palmas – TO, Outubro de 2017.

Giovanni Salera Júnior

E-mail: salerajunior@yahoo.com.br

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