BIOGRAFIA DO FUNDADOR DA SCOLA ESTADUAL DE PIMENTA:   PADRE JOSÉ ESPÍNDOLA BITTENCOURT
 
Data de nascimento: 24 de Abril de 1868 em Arcos MG
Data de falecimento: 24 de Outubro de 1951 em BH-MG (foi sepultado em Pimenta)
Seus pais: Sra. Lucineide Claro de Castro e Sr. David Espíndola Bittencourt
Nacionalidade: Portuguesa
Estudou na cidade de Mariana, Sul de Minas, no seminário onde se ordenou Padre. Residiu em Cristais por três anos onde exerceu sua profissão, por último em Pimenta por 50 anos.
Sua moradia se localiza até hoje na Praça da Matriz onde era a antiga prefeitura.
Fundou a Escola Estadual "Padre José Espíndola e a Prefeitura Municipal de Pimenta”.
Trouxe muito progresso para a cidade de Pimenta trazendo médicos, farmacêuticos, professores e ajudou a construir várias casas.


Relatos da vida do Padre Espíndola retirado do "Livro de Tombo" manuscrito por Padre Aristides
 
 
Depois de outros sacerdotes, que foram vigários aqui em Pimenta, no século passado, veio o Padre José Espíndola Bittencourt que se ordenou padre no dia 9 de abril de 1893 e tomou posse desta paróquia no dia 6 de janeiro de 1902 ficando aqui até falecer em24-10-1951

Este trabalhou durante 50 anos. Fez o patrimônio da paróquia que era imenso.
“Fizeram pressão ao meu antecessor e ele vendeu baratinho, tanto que podemos dizer que ele deu os patrimônios ou que os compradores tomaram”.         Fundou as associações: Apostolado da Nação, União das Filhas de Maria, Damas do Coração de Jesus, Mães Cristãs, Liga da Santa Terezinha do Menino Jesus, Congregação Mariana, Sociedade das Vocações Eclesiásticas, fez o levantamento duas vezes das conferências vicentinas, a pedido de Dom Silvério Gomes Pimentas, então Bispo diocesano daquela época. Procurou fazer a capela de Santo Antônio e não conseguiu.
Tentou fundar a Congregação da Doutrina Cristã e trouxe de Barbacena estatutos muito bem feitos, dentro da real pedagogia. Isto se deu em 1915, mas ele não conseguiu por causa da moleza das outras associações que eram bem acomodadas.
Padre José Espíndola sofreu muito na cidade de Pimenta, por parte das autoridades políticas, Civis e pessoas das associações. Foi muito injuriado pelo médico local e sua esposa (Dr. Aníbal Cordeiro de Melo). Conta-se que um dia esposa do médico atirou no rosto do padre um de seus sapatos. O sapato enganchou na janela de sua casa que hoje é a antiga prefeitura, e o Padre José Espíndola com uma calma admirável, aproximou-se da janela, retirou o sapato e devolveu à satânica senhora.


                   Por causa da falsidade de alguns familiares e pouco cuidado das Associações Paroquianas, o Bispo suspendeu o Vigário da reza de ordens por alguns meses. O padre teve a moral abalada por causa de tantas calúnias.
         Mas também ele não deixava escapar nada. No seu governo de 50 anos, nesta paróquia organizou o seu patrimônio. Eram muitas terras pertencentes à Igreja. O patrimônio desta paróquia se ainda existisse, seria milhões. Mas os próprios pimentenses o destruíram, aproveitavam-se da ingenuidade de um vigário italiano, e desfizeram o patrimônio, comprando partes daqui, partes dali e assim aos poucos a igreja ficou sem o seu patrimônio.
Dizem que o bispo deu a procuração para o vigário vender. E hoje a Igreja de Pimenta não tem patrimônio e nem sequer o local onde está construída a igreja. Pelo preço que foi vendido podemos dizer que foi dado o patrimônio da igreja, para uns ávidos dos seus interesses particulares, cobiçando até as coisas da Santa Igreja.
         A paróquia nunca teve casa paroquial, cada vigário alugava ou comprava a sua casa particular.
Bem cuidou o Padre Espíndola da parte espiritual de seu povo, apesar de ele ser nervoso, contudo não descuidou do seu trabalho paroquial.
Padre Espíndola adoeceu de um câncer no rosto e aos poucos foi definhando até que precisou ir para BH e lá entregou sua alma a Deus. O seu corpo foi trazido para Pimenta, o povo em lágrimas foi ao encontro dele. O lugar do encontro deu-se no alto do morro, no caminho antigo que levava a Pains.
         A política, já naquela época era pouca e contrária, os políticos não prezavam o vigário, portanto no dia de seu enterro pouco mais de mil pessoas acompanharam seus restos mortais para o cemitério. Todos iam rezando o terço em sufrágio de sua alma. Os políticos pareciam muito misteriosos com a morte do padre. Houve até quem fosse armado para o cemitério a fim de proibir quem quer que fosse fazer alguma homenagem a ele.
         Mas alguém veio de Piumhi ignorando a razão daquele silêncio, tomou a palavra e saudou o falecido. Falava-lhe como seu íntimo amigo e admirador, independente de interesses políticos.
         Sua morte deu-se no dia 24-10-1951. Seu sepultamento foi feito no cemitério da igreja paroquial, quase no centro do cemitério.
         Na sua falta, ficou preenchendo a lacuna o Padre Jonas Marfins, que pelos acentos de batizados permaneceu como vigário aqui, desde o dia 29-10-1951 até 03-02-1952.
 

Depoimento da Prof. Mércia Lopes


       Padre Espíndola foi o maior bem- feitor da educação em nossa cidade, pois foi através dele que foi fundado o grupo escolar no qual foi inspetor. O prédio foi um presente do governador Benedito Valadares ao padre Espíndola devido a estima que tinha por ele.
       No seu governo paroquial de 50 anos, teve papel importante na emancipação do município, pois trouxe para a cidade o correio e o telégrafo, além de formador religioso das famílias, investia na socialização e usava política para o beneficiamento de todos.
       Residia no prédio onde era localizada a antiga prefeitura e segundo quem o conhecia bem dizia que só de passar pela porta de uma casa, sabia se a dona era caprichosa ou não.
       Na ocasião de sua morte, foi recebido no caminho pelos seus seguidores e de fundo a música da banda da cidade em sua homenagem. Em relação a isso há certas contradições, pois no "livro de tombo" Padre Aristides relata que Padre Espíndola sofreu muito aqui e que em seu velório o povo foi proibido de prestar qualquer tipo de homenagem. Foi um padre que marcou a cidade, tanto que hoje a escola leva seu nome.
 
Depoimento de D. Luiza do Zé Machado sobre a vida do Padre José Espíndola

     O padre Espíndola era um homem muito sério e conservador, não admitia atos de pecado por parte de quem o cercava, tinha um gênio forte, mas nem por isso o povo deixava de admirara-lo.
       Usava sempre uma batina preta, nunca ficava só de calça, que eram tecidas no tear, levava no bolso da batina um pacote de balas que era dado às crianças que primeiro lhe cumprimentassem.
                   Era muito agradável em sua casa e atraía a visita de muita gente, possuía um sitio e gostava muito de cavalos. Fazia muitas viagens, principalmente para Três Corações e era comum vê-lo acompanhado de um dos seus empregados, ambos a cavalo.
                   Quando a notícia de sua morte chegou a Pimenta, a igreja foi enfeitada com panos pretos, embora já estragados por falta de cuidados. O povo foi ao encontro do corpo e neste local foi erguida uma cruz e de lá vieram em cortejo até a igreja. Foi recebido pela banda de música, com um toque melancólico em sua homenagem.
         Depois de sua morte ficou a crença, de que molhando o pé da cruz, chovia, mas hoje com passar do tempo, essa história vem se perdendo.


Curiosidades:
  • Gostava muito de pipoca, era o primeiro prato a lhe ser servido.
    No bolso da batina levava um pacote de balas para dar a criança que primeiro lhe cumprimentasse. Não deixava que na igreja homens e mulheres ficassem juntos, assim dizia: "Saia pra baixo e calça pra cima." (lugar na igreja).
    Dizia que só de passar pela porta da casa, sabia se a dona era caprichosa ou não.
    Tinha dois empregados, Tatão e Zé Calabanjo, um dos dois o acompanhava para quando chegasse a Santo Hilário, trouxessem seu cavalo de volta.
    Possuía um cavalo que chamava a atenção de todos por sua beleza.
    Para chamar a atenção durante a missa ele batia uma palma forte.
    Após serem transferidos seus restos mortais do cemitério à igreja, durante a missa, o Padre Aristides exibia seus ossos, a roupa, e conseguia arrancar lágrimas dos fiéis presentes.