FRIO, PRA QUE TE QUERO?
 
 E ele chegou trazendo sua capa enorme de frieza e um certo desconforto, onde o vislumbre da natureza e de roupas bonitas e quentes só faz morada nos que sorteiam em endereços marcados.
É certo que é um puro prazer, com suas garras geladas, pra alguns e causando muito sofrimento pra muitos outros mas, não dá satisfação pra mim que sempre fui reflexiva e praiana.
Não abraço essa causa de nariz gelado e de corpos enrolados. Gosto da entrega na quentura, roupa leve e miúda, banhos refrescantes e mergulhos para tirar o suor.
Eu sei, isso tudo é bem pessoal!
Não sinto prazer em presenciar pessoas solitárias ou em forma de bolinhos de gente, embaixo de jornais e trapos insuficientes. Filas, quando existe compaixão, enormes pra receber um prato quente. Saber que alguém morreu gelado porque sempre foi tratado e levemente enrolado pois, aos olhos de todos, tratava-se de um indigente.
O meu prazer vai embora observando as ruas mais vazias. Presencio as calçadas guerreiras tentando aguentar a destemperança furiosa do mar, quase sempre, irado nesta época e, por isso, muito exaltado nas poesias mas, tenho que admitir e regozijar, ele fica lindo com a demonstração da sua magnifica e majestosa rebeldia.
Não, frio, eu não te pertenço pois sou amante do sol e das carícias das ondas que chegam presenteando, a todos, com momentos alegres e intensos.
Pode insistir, já me acostumei com teus modos rudes e sei que te aguento... Não vai conseguir me envergar!
Pode desistir, senhor! Apesar de saber admirar as maravilhas advindas, agora, da sua constante presença, sou de me entregar à vida com muito voo, mergulhos e calor!