Eu, mulher negra e candomblecista

Eu não posso escolher entre lutar pela minha aceitação como mulher negra ou como candomblecista.

Eu não posso me dar ao luxo de optar por uma causa enquanto sou oprimida pelas duas arduamente.

A mulher negra não pode se aceitar como negra, é como ofender o mundo.

A candomblecista não pode a ser quanto mulher negra, é muita informação para a mediocridade da sociedade.

A opressão é diária. É árdua e corrosiva lá fora, inútil e desprezível aqui dentro.

Eu sou oprimida quanto aceitar minha cor, meu cabelo, minha ancestralidade.

Eu sou oprimida quanto a resistência, a quebra das correntes, o recuso aos cabrestos .

É um desaforo ser mulher negra candomblecista.

É um desaforo não ser católica apostólica romana, católica fora do terreiro ou de qualquer outro segmento religioso.

Eu, como muitas , sou uma afronta a sociedade. . E vou seguir sendo.

Eu não vou matar, reprimir, embranquecer a minha verdade ou seguir o padrão estético, social e religioso permitido.

Não, eu vou resistir/existir até o último suspiro.