A ORIGEM DOS NOMES DOS MESES DO ANO - tradução de Plutarco

"Houve razões para que o primeiro mês, consagrado por Rômulo a Marte, se chamasse Março, e o segundo Abril, denominando-se assim de Afrodite, que é Vênus, porque nele se fazem sacrifícios a esta deusa, e no dia primeiro se banham as matronas coroadas de mirto. Alguns opinam que não se chama Abril de Afrodite, mas que, como demonstra o nome em sua simplicidade, se denomina Abril este mês porque, estando nele a primavera no seu auge, ABREM e descobrem seus botões as plantas. Ao que se segue por ordem, de Maya dizem Maio, já que está consagrado a Mercúrio; e a Junho denominam assim da deusa Juno. Mas há alguns que sustentam que a denominação vem do contraste entre a idade mais anciã e a mais jovem; porque entre os romanos os mais anciãos se dizem maiores, e iuniores os mais moços. Dos demais meses, cada um é denominado pelo lugar que têm no calendário, como se contassem: quintil, sextil, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro; ainda que depois o quinto, de César, que venceu Pompeu, chamou-se Julho; e o sexto se chamou Agosto do segundo imperador, que tinha o sobrenome de Augusto. Aos dois seguintes lhes deu seu próprio nome Domiciano; mas por pouco tempo, pois logo que o mataram voltaram os nomes primitivos, Setembro e Outubro; só os dois últimos do ano é que conservaram sempre a denominação ordinal que tiveram desde o princípio. Dos que acrescentou ou mudou Numa, Fevereiro vem a ser como que expiatório (Fé-vereiro), e então fazem libações pelos mortos, e celebram a festa da lupercalia [que originou o Valentine's Day contemporâneo], que é basicamente uma expiação ou purificação. O primeiro de todos, Janeiro, vem de Janus e a mim me parece que Março, denominado de Marte, foi movido por Numa de primeiro para terceiro com o objetivo de dar sempre mais estima à parte administrativa ou civil que à militar; porque de Janus ou Jano, da Antiguidade, fosse um gênio ou rei, como divergem os relatos, diz-se ter sido um político popular, que induziu mudanças no modo de vida feroz e silvestre do grego; e que por essa razão hoje o retratam com duas caras, pois transformou a vida dos homens de uma forma e disposição a outra completamente distinta."

PLUTARCO. Vidas Paralelas, edição espanhola, ed. Losada, 2009. Tradução do autor - fragmento do parágrafo XIX do capítulo "Vida de Numa, Legislador e Imperador Romano".