Professor José Rodrigues Benfica

 
     Um dos primeiros registros sobre a história da educação em Campo Grande diz respeito a atuação do professor José Rodrigues Benfica, um mestre-escola nascido em Jaguarão, Rio Grande do Sul. Ele chegou no Sul do Estado, como sargento do exército brasileiro, para lutar na guerra contra o Paraguai, sob o comando do General Manuel Luiz Osório. Ainda sem conhecer as raízes do território, o mestre teria lutado na batalha de Tuiuti, considerada uma das mais violentas do histórico conflito armado da América Latina.

     José Barbosa Rodrigues registra da atuação desse professor pioneiro. Nos dizeres do referido escritor, José Rodrigues Benfica foi o “primeiro mestre-escola de Campo Grande”, quem teria alfabetizado os primeiros meninos que nasceram em terra campo-grandense. Trata-se de uma história oral preservada de geração para geração, constando que desde o ano de 1889 esse mestre estava exercendo o magistério no povoado. Nos dizeres do referido escritor, era idoso e alquebrado pelos longos anos de vida.

     Ao ministrar as lições era severo com os alunos para que esses fizessem as lições das primeiras letras e contas. O professor José Rodrigues Benfica exercia o magistério primário público estadual, pois consta que o salário pago pelo governo era insuficiente para manter suas despesas. Assim, em 1895, para que a escola não fechasse, cidadãos da sociedade local organizaram uma lista de donativos recolhidos dos moradores da freguesia para manter as lições do único professor público da localidade. O documento foi então redigido nos seguintes termos:
“Os abaixo assinados interessando-se pela educação da mocidade campo-grandense, uns por terem filhos, outros por terem parentes ou órfãos a quem lhes cabe o dever sagrado de educá-los e sem que possa ao menos dar-lhes as primeiras luzes de instrução por falta de um professor que, sendo os vencimentos que o Governo autoriza insuficiente atualmente para a sua subsistência não se sujeitam a aceitar o emprego, resolvem unanimemente a promoveram a presente subscrição que em auxílio a tão justo fim subscrevem com as quantias abaixo declaradas que serão pagas mensalmente ao atual professor José Rodrigues Benfica. Campo Grande, 15 de setembro de 1895. Assinam o documento: Manoel Joaquim de Carvalho, Felisberto Loureiro de Figueiredo, Joaquim de Matos Pereira, Joaquim Cecílio de Lima, Joaquim Vieira de Almeida, Bernardo Baís, Cecílio Mascarenhas, José Maria Barbosa, João Carlos de Assis Ferreira, Antônio Vieira de Almeida, Bento José Gomes, José Alves Teixeira Junior, Joaquim Balduino de Almeida, Natividade Medeiros, Mecias de Paula Abadia, Manoel da Costa Lima, Bertolino Antonio de Oliveira, Salustiano da Costa Lima, José Pereira da Silva, Maria Cláudia de Freitas, Hermenegildo Alves Pereira, José Martins Cardoso, Guilhermina de Freitas e Joaquim Guilherme Almeida. [RODRIGUES, José Barbosa. História de Campo Grande. Resenha Tributária. São Paulo. 1980, p. 64]

     O professor Benfica faleceu em 4 de setembro de 1905, na Fazenda Correntes, do coronel Augusto Mascarenhas. Foi sepultado às margens de um riacho da referida fazenda. O professor Benfica teve sua memória homenageada por iniciativa do prefeito Wilson Barbosa Martins que atribuiu o seu nome a uma escola de Campo Grande, localizada na Rua dos Barbosas, no Bairro Amambaí, atual Escola Municipal José Rodrigues Benfica.