HANS GEORGE GADAMER (1900-2002)

 
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Hans-Georg Gadamer nasceu em 11 de Fevereiro de 1900, em Marburgo, Alemanha, numa família abonada, sendo filho de Johannes Gadamer, cientista, e de Emma Carolina Johanna Gewise, de modo que passa juventude em Breslau, onde seu pai exercia a docência de Química farmacêutica, este sendo depois reitor da Universidade de Marburgo. Fica órfão de mãe aos 4 anos de idade, tendo unicamente a imagem e modelo intelectual do pai. Recebeu assim a formação elemental na Escola do Espírito Santo, de Breslau, mas sendo mobilizado para a Primeira Guerra Mundial, com 14 anos de idade. Mas regressou a Breslau e concluiu seu Bacharelado. Na Universidade de Breslau estudou Cultura Germânica. Seu pai queria que ele estudasse as ciências biológicas, mas ele optou pelas humanas. Dois anos depois foi para Marburgo onde estudou na Universidade e conheceu a Filosofia, via Nicolai Hartmann e Paul Natorp. Também foi discípulo de neokantista e teve influência também de um historiador de arte. Sua tese doutoral (com 22 anos) em Friburgo foi sobre Martin Heidegger, e ensinou estética e ética na cidade natal, em Kiel e ainda em Marburgo, tendo sido nomeado professor extraordinário. Também teve tese doutoral sobre Platão. Consegue após a cátedra na Universidade de Leipzig, mudando logo para a Universidade de Main e Heidelberg. Especialmente conhecido pela obra “Verdade e método”, e pela renovação em hermenêutica. Disse que habitamos na palavra. Também trata do tema da tradição. Para ele a tradição e a inovação caminham juntas. Teve amizade estreita com Heidegger e este teve muita influência em seu pensamento, no de Gadamer. Também conheceu Hannah Arendt. Mas Gadamer era contrário ao nazismo, e assim não teve um posto remunerado enquanto estava esse partido no poder. Mas teve uma conferência que parecia em parte apoiar, em “Volk e Historia en el Pensamiento de Herder”. Também ainda mostra férrea oposição ao comunismo. O problema que os soviéticos dominavam a área após a Segunda Guerra, quando ele estava lá. Ficou ainda em substituição do posto de Karl Jaspers, ficando ali até 2002, no ano de sua morte. Ademais, teve a oportunidade de conhecer Ortega y Gasset. Teve ainda um debate com Jacques Derrida. Nos últimos anos de sua vida se preocupou com temas religiosos e com os conflitos mundiais nesse sentido. Mas durante toda a sua vida se identificou com o pensamento de Platão. Chamou o atentado de 11 de Setembro de niilismo filosófico. Interessante que ensina Bonei1: “Tal como para o último Wittgenstein, também para Gadamer é ilusório imaginar que a nossa alma é como uma tabula rasa livre de condicionamentos ou de certezas pregressas: “Quem quisesse duvidar de tudo, não chegaria nem mesmo a duvidar. O próprio jogo de duvidar pressupõe já a certeza [...]. A criança aprende, porque acredita nos adultos”. Alguma certeza já tem então a criança. A criança aprende porque quer aprender. Não se trata de modo algum assim de tabula rasa. Lembra Beuchot2: “Habermas acusaba a Gadamer y a Ricoeur de que no tenían crítica de las ideologías; sin embargo, la hermenéutica no está tan desligada de la crítica de las ideologías, como lo vemos en Ricoeur”. Parece que esse tema está na questão da tradição e do novo, que em Gadamer ganha uma certa conciliação. A importância da tradição é inegável. Por outro lado, critica Olavo3: “Quando nos esforçamos para “nivelar” o nosso pensamento com o de Gadamer ou de um Habermas, não estamos rejeitando o que em nós pode ainda haver de força criativa, para ficar com o que a Europa tem de mais cansado e senil? Não faríamos melhor em recolher, da velha Europa, a força de um Hegel, de um Platão, de um Tomás de Aquino, ou seja, a filosofia que a Europa fez no tempo em que ainda tinha a força de fazer uma filosofia?”. Claro que um Hegel não se pode comparar a qualquer autor contemporâneo, e menos ainda um Tomás e um Platão. Gadamer faleceu com mais de 100 anos de idade, em Heidelberg, em 13 de março de 2002.


 
1BONEI, Remo. A Filosofia do Século XX. p.227.
2BEUCHOT, Mauricio. Manual de Filosofía. p. 29.
3CARVALHO, Olavo de. O imbecil coletivo. p. 208.