Cap.VII - Fazendo a Vida Valer

O ESTRANHO MUNDO DE ELLEN

“Suas palavras não são ouvidas, sua voz não é gravada, Mas seu silencio enche a terra: mesmo calada, é a verdade propagada por toda parte.”

Sl 19.3-4 (Bíblia Mensagem)

Busco apoio no Salmo 19. Num primeiro momento na vida, o salmista descreve o silêncio do firmamento anunciando as obras das mãos de Deus (v.1). Um dia se apresentando a outro dia, e uma noite revelando conhecimento a outra noite. (v.2). Não há linguagem, nem palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até os confins do mundo.

Nesse louvor Davi contempla a glória de Deus.

Tenho que Ellen conclama a que meditemos num ser semelhante a nós, que, no entanto, desprovida de voz e fala, e mesmo assim nos leva a tentar compreender o estranho mundo em que ela vive.

Logo, se contemplando a criação o salmista consegue entender o alcance do silêncio traduzido pela compreensão humana, de que por ela Deus fala aos quatro cantos da terra. Dá-se algo realmente maravilhoso neste entendimento que transcende aos sons e a palavra. Deus e a criação estão sempre em harmonia.

Ellen e seus pais se harmonizam nesse mesmo entendimento.

Que Correspondência há entre Ellen, pai e mãe?

Sabemos todos nós de que há uma correspondência entre Ellen e seus pais. E por eles, nós também passamos a ter algum entendimento. Seu sorriso pode não ser no mesmo sentido do nosso sorriso, no entanto, pode trazer o mesmo conforto benfazejo de alguém quando se alegra, e recompensa o carinho recebido.

O que é a vida de Ellen?

Talvez um mundo desconhecido por nós “os aparentes normais”. Uma alma, uma preciosidade para Deus. Se entre normais e anormais, mesmo assim ela nos emociona, nos intriga, nos desafia em ter que ficar em silêncio, ou quando não, tentarmos uma aproximação segundo o seu estilo.

Assim como o salmista que não tinha os recursos que hoje temos. Ao nos aproximarmos dos astros, descobrimos que eles emitem sons que são notas musicais, e com isto, nos reduz acerca do conhecimento que possuímos sobre as coisas. Hoje se sabe que no universo tem até mesmo musica (entre na internet e procure: Sons do universo. Você se encantar)

O que dizer pra Deus sobre a Ellen?

Ela nos fala, ela nos emociona, ela nos desafia – e por ela, o amor se expande, principalmente pela forma e dedicação nesse sacerdócio exercido pelos pais. Podemos até dizer que não a compreendemos, mas por ela temos aprendido a amar a vida. Podemos dizer: “Deus, obrigado pela existência da Ellen”.

O que se constitui novidade para Ellen e seus pais?

O que ela é capaz de conquistar por sua própria natureza em relação às outras pessoas. A segunda parte é aquela que é sentida na vida dos próprios pais nesse relacionamento de pais e filha. Os cochichos, as brincadeiras segundo o seu proceder e linguagens próprias.

O que se constitui novidade para nós outros?

Saber que a vida é levada a sério no seio da família, sendo um dia de cada vez. Porque não dizer os minutos e horas de cada dia. Não perceber que ela continua vivendo e crescendo como uma menina moça, vencendo as etapas da vida, não para si mesmo, mas cada um de nós que assistimos, vivendo parte desta notável criança. No estranho mundo de Ellen, presentes estão as mais belas paisagens descritas pela alma – sem fala, sem palavras, sem reclamos. Porém, cobertas de ternura, e que também só podem ser sentidas por outras almas que respiram o fôlego do amor, na leveza do espírito.

O que seria de pai e mãe, sem a Ellen? Talvez um belo casal, talvez amigos, ou talvez... ilustres desconhecidos.

O que seria de Ellen, sem Rosali e sem Wanderley? Talvez apenas um caso de uma criança esquecida no hospital. Talvez... Bem, essa página não existe. Ellen é Wanderley! Ellen é Rosali! Um é o outro, os três parecem ser apenas um. Não há como separá-los.

Alguns diziam que nestas condições, talvez Ellen chegasse aos 12 anos. Mas, acontece que são celebrados... 13...14... anos. Quem sabe, os quinze, os vinte, os trinta... afinal, quem é capaz de contar?

Somos todos mortais, é verdade! Porém, a vida é dom de Deus, e hoje celebramos a vida. Mas, não é de qualquer vida. É a vida de Uma família, que depende de todos nós, não somente para assistirmos os anos que se passam, mas também ser parte – como de um casamento – “até que a morte nos separe”. Aí, sim, teremos deixado o nosso legado de amor.

Mais tarde, ali na eternidade, quem sabe, ouviremos os sons de uma boca que não falou, as músicas de quem não cantou, a entrega do prêmio de quem não dormiu – a cama cercada de passarinhos embalando papai e mamãe, enquanto uma voz no canto do quarto expressa bem baixinho: Silêncio! Papai e mamãe estão dormindo!