Cap. V - FAZENDO A VIDA VALER

O QUE DIZ O CORAÇÃO

“ Sobretudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” Prov.4.23

MAYELLE é mesmo muito especial, ela precisava de uma resposta que a colocasse no lugar certo de uma vida tão especial. Com razão que ela define através de suas fotos que ela é do ombro para cima – tem um rosto lindo e um sorriso contagiante, mas com razão não pode dizer o mesmo quanto ao seu corpo – é verdade que é por isso que ela é muito especial. Há nessa realidade um propósito de Deus, não é tão simples assim. Talvez, não fosse a graça do seu rosto, a sua cabeça pensante, a revelação dos sonhos que tem, de poder se entender com a vida, de saber que acima de tudo está o Criador. Quando ela pode afirmar desta maneira, ela passa a cumprir seu papel de adolescente especial, e isso é agradável a Deus. Mayelle existe de verdade e pode falar de seus sentimentos e seu relacionamento com Deus. Conheço muitas meninas parecidas com ela, mas Mayelle é cabeça pensante, isso faz toda diferença. A explicação para sua vida, foi ensinada por Jesus.

Preste atenção neste testemunho:

“Caminhando Jesus, viu um cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu-lhe Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus. É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” João 9.1-5

Não fosse o poder de Deus na vida de milhares de famílias que vivem em detrimento de seus filhos especiais o que seria de milhares e milhares de crianças no mundo inteiro. Ouvimos de tantas histórias desta natureza, e sempre a compreensão é de que sejam histórias de “superação”. Penso que precisamos ser mais realistas e tratar destas histórias como se fosse nossa. Certamente que estaríamos surpresos pela intolerância declarada de tantas mulheres, principalmente, porque uma criança especial lhes “tiraria” os privilégios de liberdade, de não submissão além de si mesmo. Mulheres que não querem ter filhos para não perder a estética por ter um corpo estilo “tanquinho”. Por isso, quando nos deparamos com histórias de filhos especiais, muito mais especiais são os pais quando a elas se dedicam para que vivam, mesmo quando não conseguem corresponder uns com os outros. Seriam apenas histórias de superação? Não!

“ ...para que se manifestem nele as obras de Deus“

O processo para o nascimento de uma criança está nas mãos humanas, diga-se de passagem que é um processo santo – doar vidas, cooperar com o plano de Deus, os filhos são propriedade de Deus – é o que afirma a Sua palavra. Levando em conta que se trata de um bem de Deus, todos os pais terão a recompensa de Deus por criarem seus filhos com responsabilidade e devoção. E mesmo que tenhamos filhos “normais”, custa-nos o preço de uma vida inteira, até a morte. Imagina a história de uma mãe que já por dezesseis anos só consegue dormir quando a filha dorme, e sabe como? Deitada sobre o corpo da mãe! Essa história já dura dezesseis anos, e essa mãe está sempre na mídia para ser exemplo de “superação”. Faço o parêntese para explicar por que razão não posso concordar que seja apenas o testemunho de “superação”- exatamente pelo que Jesus deixou bem claro: para que se manifestem nele as obras de Deus.

Logo, é para que Deus seja glorificado nessas vidas. E quando damos glórias a Deus por existirem essas crianças e pais que a elas se dedicam, o poder de Deus se manifesta sustentando-as para a Sua glória. E quanto a outros tantos que se dizem “normais” , na sua maioria se quer se lembram de dar glórias a Deus. Por não serem exigidos a igual renúncia da própria vida. Não possibilitando, portanto, que as vidas geradas sejam motivo de honra ao Criador. Afinal de contas, nenhum pai ou mãe quando tenha desejado ter filhos, jamais imaginaria ser surpreendido por Deus com o nascimento de um filho especial.

Eu queria saber mais sobre Mayelle, sobre o ambiente em que sua família viveu no momento em que ela era aguardada...

Tivemos a oportunidade de acompanhar durante quase dez anos a vida de outra menina muito especial, seu nome é ELLEN, dedicamos a ela atenção em tudo aquilo que se podia ver na sua vida e na vida de sua família. Ouvia das pessoas amigas da família, por seus testemunhos de vida – numa mesma direção e na mesma certeza: “... para que se manifestassem nela as obras de Deus.” Em cada aniversário uma multidão cercava a Ellen e sua família, e mais ainda, Ellen não fala nenhuma palavra e não anda. Contudo, a sua existência continua falando até hoje, e seu diagnóstico é de que ela não viveria mais que doze anos, e ela já completou dezesseis anos em abril de dois mil e dezesseis. Façamos mais um parêntese, e depois voltaremos ao testemunho de Mayelle.

Prevalecendo dos momentos mais difíceis de ser traduzidos quando deparando com o quadro da pequenina Ellen, por ocasião do seu décimo terceiro aniversário, sabendo que ela não possuindo qualidades motoras e cognitivas suficientes para entender a homenagem que lhe era prestada nessa ocasião. A forma encontrada naquele momento para traduzir motivos transcendentes à luz da razão pura, talvez quase uma ficção, não fossem os valores espirituais – antes do parêntese para o próximo capítulo.