ALLAN KARDEC (1804-1896)
 
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Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) nasceu em Lyon, em 3 de outubro de 1804, de uma família de juízes e advogados, filho de juiz Jean Baptiste-Antoine Rivail e de Jeanne Louise Duhamel, mas ele não seguindo a profissão da família. Teve sua educação na Escola de Pestalozzi, na Suíça, torna-se assim um dos mais dedicados discípulos desse educador, elaborando e estudando sistemas de educação, memorização e formas facilitadoras de estudos. Já aos 14 anos se dedicava a ensinar o que sabia. De família Católica, mas em um país protestante, cedo o levaram a pensar em uma reforma religiosa. Também traduz depois obras para o alemão. Ademais, era membro de sociedades como a Academia Real de Arras. No que se refere a educação, ainda fundou em sua residência cursos gratuitos de física, química, anatomia, astronomia e outros saberes, num tempo que poucos se dedicavam a educação. Tanto era reconhecido nesse sentido, que na ausência, Pestalozzi o chamou por vezes para assumir a direção da escola. Já em 1855 se depara com o fenômeno das mesas girantes, usando assim o método experimental para estudar e pesquisar o mesmo. Convence-se assim da existência de espíritos e da sua comunicação com as pessoas. Daí consagra a sua existência ao espiritismo, e sob a assistência do Espírito da Verdade, e outros, surge a codificação, que tem assim o Livro dos Espírito, entre mais quatro livros. Apesar de tudo, seu material tem um enfoque cristão. Escreveu que fora da caridade não há salvação. Não era extremista e nem mistificador, assim procurou com metodologia responder a questões e buscar com os espíritos a elucidação de muitos temas. De interesse é que mostra uma espécie de evolucionismo espiritual. Foi influenciado pelo magnetismo de Mesmer, esse que era maçon, e de outro místico, Swedenborg, que também escreveu sobre o mundo espiritual. O filósofo brasileiro Fídias Teles1 vê Kardec como um filósofo, e assim também eu entendo. Sobre a literatura espírita da codificação, de interesse são as notas do filósofo J. Herculano Pires2, igualmente, que traça comparativos de Kardec com a parapsicologia, bem como mostrando que ele não era extremista, como o foram Freud com a sexualidade, ou Marx com o materialismo, ou mesmo Comte com a ciência. Então, os fenômenos e problemas que lidava antes o espiritismo, hoje lida a parapsicologia. Lembra Teles3, comentando Kardec: “A Parapsicologia posteriormente adquiriu status de ciência ao constatar que nem tudo é questão espiritual, e que muitos fenômenos supostamente deste teor têm explicações sólidas por vias do poder material da mente humana”. Mas já antes Ernesto Bozzano na metapsíquica, e mesmo Richet mostram progressos. No Brasil o padre Oscar Quevedo mostra que muitas coisas atribuídas aos mortos eram muitas vezes de vivos, igualmente, e algumas fraudes em materializações posteriores. E mesmo negando o misticismo, a reencarnação era conhecida antes, e alguma comunicação se dava pelo que ocultistas chamavam de necromancia. Kardec estudou filosofias, Pitágoras e outros que conheciam a reencarnação. E há quem diga que ele foi maçom, como Madame Calude Varèze, em obra “Os grandes iluminados” (Paris, 1948), apesar de ela ter ligado mais a matinezismo, de Martinez de Pasqualy, por rituais desse último na comunicação com seres invisíveis. Kardec também teve o mérito de usar um método rigoroso em sua obra, mas cometeu alguns erros mesmo assim. Desencarnou em 11 de março de 1896, e foi assim transferido de túmulo, com a ajuda do filósofo Montesquieu, que doou um terreno no cemitério, e em seu túmulo, no cemitério Père Lachaise, em Paris, está escrito: “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar: essa é a lei”.
 
1TELES, Fídias. Filosofia para o século XXI. p. 158.
2KARDEC, Allan. Obras Póstumas, p. 192.
3TELES, Fídias. Estudos de Parapsicologia. p. 17.