Foto dos arquivos do local Tarnów Museum
BRONISLAWA WAJS - PAPUSZA
Sílvia M. L. Mota
 
Nossos olhos são escuros,
Os vossos claros.
Com vossos olhos claros vós
vedes o mundo como nós,
E nós,
Com os nossos olhos escuros,
Vemo-lo como vós.
Papusza – Poeta cigana


NOÇÕES INTRODUTÓRIAS

Em pesquisa pelo mundo virtual, encontrei um poema emocionante e os meus olhos marejaram quando li um pequeno trecho sobre a vida da autora. Então, inquieta que sou, busquei dados originais e fidedignos, que repassassem aos meus leitores, ainda que perfunctoriamente, a grandiosa vida dessa mulher cigana, poeta por excelência, à frente do seu tempo. Primeira poeta cigana a publicar sua obra na Polônia, desafiou a imagem feminina tradicional da sua comunidade. Desejou ser livre, e, por esse motivo, foi condenada à solidão e ao esquecimento por aqueles a quem mais amava: seu povo, o povo cigano.
 
Esquecida há muito tempo, a voz de Bronislawa Wajs - Papusza (1908-1987) retorna. Nasceu em Lublin, em data incerta: 17 de agosto de 1908 ou 10 de maio de 1910 e morreu em Inowrocław, 8 de fevereiro de 1987. Foi uma poeta polaca e cantora, de etnia romani. É um dos primeiros autores romani do mundo. Em contraste com Alexander Germano (1893, Rússia), ou Matéo Maximoff (1917, Barcelona, depois, França), que escreveram, editaram e conseguiram ter suas próprias obras publicadas, Papusza deve sua “descoberta” e publicação dos seus livros de versos ao famoso poeta polonês Julian Tuwim [1], mas, principalmente, para o destacado romanista polonês Jerzy Tadeusz Ficowski [2],

DESENVOLVIMENTO

Nascimento e infância
 
Papusza (que significa muñeca em romani) nasceu e foi criada no leste da atual Polônia, em um Tabor, acampamento nômade. Sua família pertencia ao grupo cigano mais numeroso no início do século XX, o Polska Roma, que vagava pelas planícies (POTEL, 2011, p. 6). Sua mãe era Katarzyna Zielinska e seu pai morreu na Sibéria em 1914. Criou-se como parte de uma grande kumpania - banda de famílias que viajaram por toda a Polônia e Lituânia em caravanas de cavalo até meados dos anos 1960, quando o governo polonês, como a maioria dos outros, pôs fim àquela vida errante. A família de Papusza era de harpistas que arrastaram seus grandes instrumentos de cordas de pé, sobre os vagões, como velas.
 
Criança incomum, aprendeu a ler e escrever, roubando galinhas de aldeias polonesas por onde paravam. Trazia as aves para os habitantes alfabetizados em troca de lições e livros, que mantinha bem escondidos, porque na época em que Papusza crescia, durante a década de 1920, a alfabetização era inaudível entre os ciganos. Prática de gadjo, portanto, considerada imunda. Vigorava um rígido código de práticas, rituais e tabus a serem obrigatoriamente seguidos, para manter a limpeza. Gadje e os seus hábitos e possessões eram considerados especialmente impuros – mahrime - e, portanto, qualquer cigano que se envolvesse com eles por razões além de comércio ou outras negociações inevitáveis, seria por extensão mahrime e sujeito à expulsão pelo grupo. Por essa razão, os familiares de Papusza não apreciavam sua atração pela leitura, pois consideravam os livros objetos unicamente proveitosos para serem consumidos pelas fogueiras que acendiam para cozinhar os seus alimentos ou protegerem-se do frio, que feria a pele do outono à primavera. Para evitar que os seus livros alimentassem o fogo, Papusza mantinha-os escondidos sob os pesados instrumentos musicais, estratégia que salvou a maioria das suas aquisições. Mas, sempre que encontrada aos enlevos da leitura, Papusza era espancada, os seus cadernos e livros rasgados e destruídos e quebrados os seus lápis (BRONISLAWA WAJS: “Papusza”, 2016). Ainda assim, continuou...
 
Seguem, textos traduzidos da autobiografia de Papusza (Cf. HÜBSCHMANNOVÁ, 2003):
 
Minha origem
Meu pai veio do clã Warmiak, minha mãe dos ciganos galegos. Do lado do meu pai, éramos uma família melhor. Não me lembro muito do meu pai, eu tinha cinco anos quando ele morreu na Sibéria. Oito anos mais tarde, minha mãe casou-se com Jan Wajs. Eu era filho único da minha mãe... Até os doze anos, não sabia ler e escrever. Eu queria ler e escrever, mas minha família me negligenciava. Meu padrasto era um bêbado e um jogador e minha mãe não tinha ideia do que era a alfabetização ou o que uma criança devia aprender. Por isso, como aprender? Perguntei às crianças que foram à escola, para me mostrarem como escrever cartas. Sempre roubei alguma coisa e trouxe para eles, então, eles me ensinaram, então eu aprendi abcd, e assim por diante.
[...]
E então comecei a ler vários livros e jornais. Eu posso ler bem, mas a minha escrita é horrível porque eu li muito e não escrevi muito. E isso tem durado toda a minha vida até hoje. Estou muito orgulhosa do meu conhecimento, mesmo se eu não o obtive na escola. Mas a vida me deu educação e conhecimento. Então, quando eu tinha treze anos, eu era magra e tão ágil como um esquilo de madeira, só eu era negra. Eu li e os ciganos riram de mim por isso e eles cuspiram em mim. Eles fofaram sobre mim e, em desafio, eu lia mais e mais. Quantas vezes eu chorei, mas mesmo assim eu continuei fazendo o que eu queria. Eu me matriculei na biblioteca e peguei emprestado todos os livros que eu poderia colocar minhas mãos, porque eu não sabia o que era bom e o que não era. Eu pedi à minha família para me matricular na escola, mas eles não poderiam ter sido menos interessados.
[...]
- Por favor, você é uma menina cigana e quer ser professora?” Então, deixei-os sozinhos e apenas continuei lendo e lendo.
[...]
Uma vez que os ciganos estavam tocando música em uma fazenda junto ao rio meu pai me levou com ele. Enquanto eles tocavam, eu lia um livro, uma mulher veio até mim e disse: "Uma cigana - e ela pode ler! Bem, isso é bom." Eu explodi de rir, mas enquanto isso eu tinha lágrimas nos olhos; ela perguntou o que e como e eu disse a ela sobre mim. Ela me beijou e foi embora, e então eu li um pouco mais.
 
Adolescência
 
Compelida, Papusza casou-se aos 15 anos com Dionýz Wajs, músico, do mesmo clã do seu padrasto, 24 anos mais velho (WAWRZENIUK, 2015, p. 4) e em melhor posição econômica que a sua família. Os Wajses, tradicionalmente, ganhavam dinheiro com sua música. Eram famosos harp players. Com as grandes e pesadas harpas viajavam em vagões puxados por cavalos e tocavam onde quer que houvesse uma demanda por sua música. Entre suas possessões da família, a família de Dionýz Wajs preservou um original que mostra que os seus antepassados jogaram na corte da nobre senhora Marysienka Sobieska.
 
O casamento foi infeliz, mas, ainda que perdesse no amor, pelo menos, encontrara um acompanhante. Papusza começou a cantar acompanhada pela harpa do marido. Desenho da grande tradição cigana de contar histórias improvisadas e de pequenas canções folclóricas simples, compôs longas baladas - parte de canção, parte de poema, espontaneamente ordenados (FONSECA, 1996, p. 4). O casal não teve filhos e após a Segunda Guerra Mundial adotou Wladyslaw, um órfão de guerra, que foi chamado Tarzanio (Tarzan).

 

Papusza com a harpa do marido e com seu filho Tarzanio
 
Papusza com seu filho Tarzanio
 
Atrocidades perpetradas contra os ciganos na Segunda Grande Guerra Mundial
 
Quando a Segunda Guerra Mundial estourou e os ciganos roma foram assassinados na Polônia por nazistas alemães e fascistas ucranianos, optaram aqueles por desistir dos seus carrinhos e cavalos, mas, não das suas harpas. Com os pesados instrumentos às costas, procuraram por esconderijos na floresta. O poeta e escritor polonês Jerzy Tadeusz Ficowski (apud HÜBSCHMANNOVÁ, 2003) conta a história de como uma harpa salvou a vida de músicos romani de um grupo de fascistas ucranianos. Um dos mais ousados roma supostamente gritara: “- Vamos atirar em todos vocês com esta carabina.” E, aparentemente, os bandidos tiveram medo e fugiram.
 
A guerra, entretanto, não foi tão idílica. Os nazistas catalogaram mais de 30 mil genealogias ciganas, colecionaram diferentes amostras do sangue cigano com medições dos crânios e diferenciaram as cores dos olhos desse povo. Segundo Ficowski (apud POTEL, 2011, nota 7), assassinaram cerca de 20.000 ciganos poloneses, fuzilados ao mesmo tempo que os judeus, em 1942-1943. O clã Wajs escondeu-se na floresta em Volyň com fome, frio e terrificado. Papusza perdeu mais de cem membros da família, mas, nem mesmo essa tragédia iria moldá-la. A horrível experiência inspirou-a para escrever sobre um momento crítico da história do seu povo na Polônia: a vida na lungo drom - a vida na estrada (FONSECA, 1996, p. 4-5).
 
Terminada a guerra Papusza escreveu um dos seus poemas mais famosos recordando o tempo da ignomínia e da barbárie: Ratfale jasfa: so pal sasendyr pšegijam upre Volyň 43 a 44 berša - Lágrimas sangrentas: o que passamos por soldados alemães em Volyň em 43 e 44 (MORLEY, 2016).
 
No verão de 1949, Ficowski - então foragido da polícia, poeta aspirante, fascinado pelos costume e língua ciganas - uniu-se à caravana de Dionýz Wajs. Ouviu Papusza cantar, e, reconhecendo o seu talento, pediu-as por escrito para publicá-las no formato de poemas em revistas e livros, sob o patrocínio de uma grande figura da literatura polaca, o poeta mais popular após a guerra, Julian Tuwim (POTEL, 2011, p. 6). Apesar de coletar apenas trinta poemas de Papusza (alguns curtos, alguns épicos e longos), Ficowski amealhou obras de arte únicas e extraordinariamente fortes em sua autenticidade, honestidade absoluta, sinceridade e originalidade, extraídas de vida nômade sob a proteção da Natureza. O mundo de Papusza está presente em todos os seus textos com a floresta, o sol, as estradas, os rios e os lagos, assim como os pássaros que carregam suas canções. Ficowski (apud GABRIELSON, 2006, p. 188) mencionou que o maior período da poesia de Papusza foi em torno de 1950: "[...] em um ponto de viragem na história dos ciganos poloneses e em um período de crescente drama para todo o povo." A primeira obra de Papusza foi publicada em 1956, em um livro bilíngue (romani/polish) intitulado Pieśni Papuszi - Canções de Papusza. Entre essas, Ratfale jasfa.
 
Tears of Blood: How we Suffered under the German Soldiers in Volyň from 1943 to 1944
Tradução de Polish por Yala Korwin
 
In the woods. No water, no fire — great hunger.
Where could the children sleep? No tent.
We could not light the fire at night.
By day, the smoke would alert the Germans.
How to live with children in the cold of winter?
All are barefoot…
When they wanted to murder us,
first they forced us to hard labor.
A German came to see us.
— I have bad news for you.
They want to kill you tonight.
Don’t tell anybody.
I too am a dark Gypsy,
of your blood — a true one.
God help you
in the black forest…
Having said these words,
he embraced us all…
 
For two three days no food.
All go to sleep hungry.
Unable to sleep,
they stare at the stars…
God, how beautiful it is to live!
The Germans will not let us…
 
Ah, you, my little star!
At dawn you are large!
Blind the Germans!
Confuse them,
lead them astray,
so the Jewish and Gypsy child can live!
When big winter comes,
what will the Gypsy woman with a small child do?
Where will she find clothing?
Everything is turning to rags.
One wants to die.
No one knows, only the sky,
only the river hears our lament.
Whose eyes saw us as enemies?
Whose mouth cursed us?
Do not hear them, God.
Hear us!
A cold night came,
the old Gypsy women sang
a Gypsy fairy tale:
Golden winter will come,
snow, like little stars,
will cover the earth, the hands.
The black eyes will freeze,
the hearts will die.
 
So much snow fell,
it covered the road.
One could only see the Milky Way
in the sky.
 
On such night of frost
a little daughter dies,
and in four days
mothers bury in the snow
four little sons.
Sun, without you,
see how a little Gypsy
is dying from cold
in the big forest.
 
Once, at home, the moon stood in the window,
didn’t let me sleep. Someone looked inside.
I asked — who is there?
— Open the door, my dark Gypsy.
I saw a beautiful young Jewish girl,
shivering from cold,
asking for food.
You poor thing, my little one.
I gave her bread, whatever I had, a shirt.
We both forgot that not far away
were the police.
But they didn’t come that night.
 
All the birds
are praying for our children,
so the evil people, vipers, will not kill them.
Ah, fate!
My unlucky luck!
 
Snow fell as thick as leaves,
barred our way,
such heavy snow, it buried the cartwheels.
One had to trample a track,
push the carts behind the horses.
 
How many miseries and hungers!
How many sorrows and roads!
How many sharp stones pierced our feet!
How many bullets flew by our ears!
(WAWRZENIUK, 2015, p. 4-5)
 
Lágrimas sangrentas: o que passamos por soldados alemães em Volyň em 43 e 44
Tradução livre, para o português, por Sílvia Mota

 
Na floresta. Sem água, sem fogo - grande fome.
Onde as crianças poderiam dormir? Nenhuma barraca.
Não podíamos acender o fogo à noite.
Durante o dia, a fumaça alertava os alemães.
Como viver com crianças no frio do inverno?
Todos estão descalços...
Quando eles queriam nos matar,
primeiro nos forçaram a trabalhar duro.
Um alemão veio nos ver.
- Tenho más notícias para você.
Eles querem matar você esta noite.
Não diga a ninguém.
Eu também sou um Cigano escuro,
Do seu sangue - um verdadeiro.
Deus socorra você
Na floresta negra...
Tendo dito estas palavras,
ele abraçou todos nós...
 
Por dois três dias sem comida.
Todos vão dormir com fome.
Incapazes de dormir,
eles olham para as estrelas...
Deus, como é bonito viver!
Os alemães não nos deixam...
 
Ah, você, minha pequena estrela!
Ao amanhecer você é grande!
Cega os alemães!
Confunda-os,
faz com que se percam,
para que a criança judaica e cigana possa viver!
Quando chegar o grande inverno,
o que a mulher cigana com uma criança pequena fará?
Onde ela vai encontrar roupas?
Tudo está se transformando em trapos.
Alguém quer morrer.
Ninguém sabe, só o céu,
somente o rio ouve nosso lamento.
De quem os olhos que nos viram como inimigos?
De quem a boca que nos amaldiçoou?
Não os ouça, Deus.
Ouça-nos!
Uma noite fria veio,
as velhas ciganas cantavam
um conto de fadas cigano:
O inverno dourado virá,
neve, como estrelas pequenas,
cobrirá a terra, as mãos.
Os olhos negros irão congelar,
os corações morrerão.
 
Muita neve caiu,
cobriu a estrada.
Só se podia ver a Via Láctea
no céu.
 
Em tais noites de geada
uma filha pequena morre,
e em quatro dias
mães enterram na neve
quatro filhos pequenos.
Sol, sem você,
vê como o pequeno cigano
está morrendo de frio
na grande floresta.
 
Uma vez, em casa, a lua estava na janela,
não me deixou dormir. Alguém olhou para dentro.
Eu perguntei - quem está aí?
- Abra a porta, minha negra cigana.
Eu vi uma bela jovem judia,
tremendo de frio,
pedindo por comida.
Coitadinha, minha pequena.
Dei-lhe pão, o que quer que eu tivesse, uma camisa.
Nós esquecemos que não muito longe
havia policiais.
Mas eles não vieram naquela noite.
 
Todas as aves
estão orando por nossos filhos,
assim os povos maus, víboras, não os matarão.
Ah, destino!
Minha azarada sorte!
 
A neve caiu tão espessa como folhas,
barrou nosso caminho,
tal neve pesada, enterrou as rodas do carro.
Alguém tinha que pisar na pista,
empurrar os carros atrás dos cavalos.
 
Quantas misérias e fome!
Quantas tristezas e estradas!
Quantas pedras afiadas perfuraram nossos pés!
Quantas balas voaram pelos nossos ouvidos!
 
Por textos como esse e outros do mesmo jaez, em 1962, Papusza foi incluída na Związku Literatów Polskich - União dos Escritores Polacos. Mas, recusou a maioria dos prêmios literários que lhe ofereceram, bem como a pensão de escritor (WAWRZENIUK, 2015, p. 5).

 
 
O conteúdo da obra e a injustiça
 
A misteriosa palavra falorykta, na língua romani significa uma sentença, uma condenação, uma punição por revelar segredos a pessoas de fora da cultura cigana. Papusza temia a rejeição dos ciganos, assim nunca falava de si mesma como poeta, mas, apenas como adivinha.
 
Nos anos da pós-guerra, na comunidade de Polska Roma havia uma proibição rigorosa em dar aos estrangeiros informações sobre as tradições romani, seus ritos, tabus e língua. Após a publicação sobre os ciganos poloneses, em que Ficowski descreveu suas crenças e código moral e acrescentou um pequeno dicionário de importantes frases romani, os velhos ciganos consideraram Papusza uma traidora dos segredos ciganos seculares, porque entregara seus escritos a Ficowski, que os publicou numa revista literária de grande tiragem chamada Problemy - n. 10/50 (WIKIPEDIA: wolna encyklopedia), de fundo político e que defendia o sedentarismo obrigatório, questão política imposta ao povo cigano - fixarem-se num único local. Ficowski tornou-se um conselheiro em the Gypsy Question e usou os poemas de Papusza para fazer seu argumento contra o nomadismo (MORLEY, 2016), sob o augúrio de convencer a comunidade cigana do paraíso que os esperava nas zonas que lhes foram indicadas como residência forçada. Ao influenciar políticas de sedentarismo cigano, a autora viu-se envolvida no movimento político, sem que essa fosse a intenção, pois, ao seu olhar, os escritos emitiam tão somente a própria sensibilidade. Entre os poemas que escrevera, alguns expunham o anseio de retornar à casa e Ficowski supôs que a poeta desejasse se sedentarizar. Mas, a palavra que Papusza usara nostos (do grego, que significa “retorno à casa”) era um tema comum nos poemas romani, com o significado de voltar para a estrada aberta e viajar. Os propagandistas do regime utilizaram os textos contra a própria autora, e, para os mais velhos do clã, a jovem violara tabu inquebrantável, que não permitia memória escrita. Sendo assim, consideraram-na traidora e mahrime. Papusza nunca realmente possuiu os poemas que apareceram na cópia, dada a extensão da interferência de Ficowski, que descreve em seu livro Os ciganos na Polônia (1989):

 
O presente autor [...] os traduziu para o polonês e os publicou. Ele os chamou canções [...] para quase todas foram improvisadas uma melodia; infelizmente nenhuma das melodias são conhecidas, pois não foram gravadas.” (Cf. LYONS; O'MALLEY-YOUNGER, 2008, p. 32-33).

Papusza sustentou que o seu trabalho fora retirado de contexto, mas o argumento não convenceu (BRONISLAWA WAJS, 2016). Julgada por Baro Shero, a máxima autoridade entre os ciganos polacos, Papusza foi excomungada e banida ad aeternum do meio da sua gente. Foi sacrificada (FONSECA, 1996, p. 16). No entanto, a poeta nunca fez um julgamento negativo sobre a decisão de Ficowski em publicar sua poesia. Considerava-o amigo mais próximo e em suas cartas chamava-o de Irmãozinho, ou Pszałoro (KOWALCZYK, 2013).
 
Papusza esteve solitária, pois os seus únicos apoiadores encontravam-se em posições precárias. O velho poeta Julian Tuwim, que tanto admirava, esgotara-se pela doença e não pode protegê-la dos infortúnios. Quanto a Jerzy Tadeusz Ficowski, tinha pouco poder e escreveu trinta anos mais tarde: "Eu sei que eu ajudei tanto a sua celebridade quanto os seus infortúnios.” E continuou: “O mérito da primeira realmente não voltará para mim, e os segundos não são realmente minha culpa.” (POTEL, 2011).
 
Ficowski (apud KOWALCZYK, 2013) referiu-se muitas vezes à grande sorte de encontrar Papusza e ser conhecido como seu descobridor. No entanto, pelo que escreve o autor, Papusza não teve a mesma sorte por conhecê-lo:

 
Ela foi condenada de todos os lados, e seu nome nos círculos mais amplos da comunidade cigana tornou-se sinônimo de transgressão. Se não houvesse chegado à minha vagabundagem, com a caravana em que ela vagava, nunca teríamos ouvido falar da poeta da floresta, talvez seus mais belos poemas nunca teriam sido criados, muito menos escritos. Mas - eu acho que é seguro assumir - Papusza teria sido mais feliz e não teria sofrido tantas derrotas.
 
 O banimento do clã motivou tal sofrimento a Papusza, que deflagrou o seu recolhimento, por oito meses, num hospital psiquiátrico. Enquanto sofria um colapso nervoso, queimou muitos poemas e sua correspondência (WAWRZENIUK, 2015, p. 5). Pelos restantes 34 anos da sua vida, Papusza não mais escreveu poemas e canções, devido à crescente hostilidade à qual os companheiros roma a submeteram (TONINATO, 2013, p. 75).
 
Morte e homenagens póstumas
 
Em 1981, velha e doente, esteve sob os cuidados da irmã Janina Zielinska, em Inowrocław. Morreu no dia 8 de fevereiro de 1987 e foi enterrada em 14 de fevereiro, no cemitério de São José, na mesma cidade.
 
Após sua morte, foi considerada uma das maiores poetisas da Polônia e do mundo. Apesar da sua vida trágica, Papusza deixou um legado poético duradouro e é unanimemente considerada por autores romani como “a Mãe da literatura romani” (TONINATO, 2013, p. 75-76). Entretanto, até hoje, a comunidade roma não lhe fez justiça.
 
Existem mais de 30 coleções com o nome de Papusza. Grande parte dos textos descreve-lhe a vida, e, apaixonadamente, expressa a magnitude dos sofrimentos do seu povo durante a guerra. Constitui, não somente, uma fonte de força e esperança para o povo romani, mas, também, um louvor à vida em plena Natureza.
 
Em 1991, veio à luz o documentário The Story of a Gypsy, escrito e dirigido por Greg Kowalski, com música de Jan Kanty Pawluśkiewicz, que mostra, entre outras, as memórias da própria Papusza, de Jerzy Ficowski, da sua irmã Janina Zielińska, de Władysław Wajs e da sua médica Maria Serafiniuk.
 
No dia 24 de junho de 1994, no Teatro de Cracóvia, no Parque de Błonie, Jan Kanty Pawluśkiewicz realizou a estreia do poema sinfônico A harpa de Papusza, interpretada em romani, com um elenco de estrelas da ópera, incluindo a estrela Met Gwendolyn Bradley. A peça foi concebida para ser a Missa Cigana, mas, finalmente, cresceu para uma forma tão rica. O espetáculo foi dirigido por Krzysztof Jasiński, um especialista em grandes performances ao ar livre.
 
Em 1996, manuscritos e recordações da poeta foram comprados de Ficowski e transferidos para o Stowarzyszeniu Twórców i Miłośników Kultury Cygańskiej w Gorzowie Wielkopolskim - Associação dos Amantes da Cultura Cigana em Gorzow (WIKIPEDIA: wolna encyklopedia).
 
O Museu Etnográfico de Tarnow exibe uma grande exposição permanente sobre o mundo cigano e oferece à Papusza um lugar central. Suas obras, publicadas por Tuwim e Ficowski, entre outros, foram traduzidas aos idiomas: alemão, inglês, francês, espanhol, sueco e italiano. Alguns dos seus poemas compuseram, em 1998, o livro The Roads of Roma: A PEN Anthology of Gypsy Writers.
 
A casa onde Papusza viveu, na cidade de Gorzow Wielkopolski, encontra-se assinalada com uma placa comemorativa, e, em 2008, uma estátua da poeta foi colocada no parque da localidade.

 
Placa comemorativa
 
Estátua de Papusza
 
Onde repousam os restos mortais de Papusza, ergueram-se monumentos e comemorações são regulares. O acesso aos arquivos e a publicação de livros e pesquisas oferecem, na atualidade, uma melhor compreensão da sua história.
 
O filme Papusza
 
No outono de 2013 estreou a película Papusza, baseada na vida da grande poeta, dirigida por Joanna Kos-Krauze e Krzysztof Krauze. Bela música, poesia sensível e excelência na fotografia preto e branco. O filme conta a história de Papusza - emocional, trágico e com belos momentos. Historicamente, lembra que não somente os judeus foram vítimas do holocausto, mas, que havia muitos outros grupos étnicos, entre esses, o cigano. O filme oferece interpretações de vários fenômenos: o destino da comunidade cigana na Polônia do período entre as guerras aos anos 70; o destino pessoal da renomada poeta romani Papusza; e o relacionamento da poeta com seu marido Dionýz Wajs. Além de Papusza, está em foco Ficowski, como um estudante fugindo da repressão comunista - que, por um tempo, compartilhou a vida do casal viajando no final da década de 1940. O jovem traduziu o que Papusza considerava suas “canções” em polonês. A ideia de alguém chamando suas canções de “poesia” parecia estranho a Papusza. O roteiro parece fundamentado no próprio relato da poeta sobre sua vida - os eventos antes do início dos anos 1950, em particular.
 
No Brasil, o filme foi exibido no quinto dia de mostra competitiva no BIFF 2014 (Brasília International Film Festival), com um pequeno debate, após a exibição, com o ator do filme Zibgnew Walerys. O filme ganhou o prêmio de melhor direção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Não sei por qual razão, com tamanha intensidade, a breve biografia dessa valorosa mulher que aqui exponho, comove-me às lágrimas. Sempre que a releio em busca de correções a serem feitas, emociono-me... Demorei alguns dias a realizá-la, porque, em português, encontrei pouquíssimos dados a respeito de Papusza. Eu queria mais... A tradução livre conterá falhas, mas, espero que sejam compreensíveis os dados amealhados, pois minha emoção buscou o preenchimento das entrelinhas.
 
A vida de Papusza é pura emoção. Lamento, que o preconceito e a incompreensão tenham cerceado a criatividade dessa grande mulher. Vencidos tantos obstáculos na infância e na juventude, sucumbiu ao ser abandonada pelo próprio povo, que tanto amava. Felizmente, a História comemora o seu nome.
 
Em texto nenhum - procurei isso especificamente - fala-se de justiça à Papusza pelo povo roma. A poeta foi banida e ponto final. Sem direito ao perdão. Em razão disso, e, por tanto amar o povo que a rejeitou, não superou os eventos traumáticos e terminou a vida no abandono. Ao pesquisar sobre sua vida, abri os meus olhos. Impossível continuar com a visão idílica da vida cigana, quando a realidade é outra. O preconceito contra as mulheres vem de prístinas eras e os gitanos não fogem à regra. Aliás, até o momento, a maioria das mulheres ciganas não alcançou a emancipação - são analfabetas, submissas aos pais, depois aos maridos, e, quando velhas, submetem-se aos filhos. Um contraste, à vida plena de beleza e liberdade que tanto cultuam.
 
Algumas pessoas defendem esse modo de vida em nome da preservação dos direitos da minoria. No entanto, os direitos humanos são universais, e, nesse sentido, há de se verificar se o pensamento desse grupo, em determinadas circunstâncias, possui validade universal.
 
As mulheres ciganas que possuem mais oportunidades do que as demais, buscam melhores condições de vida: rechaçam práticas prejudiciais como o casamento antecipado, arranjado e obrigatório; o depósito de noivas; as provas de virgindade; e a discriminação de gênero que ainda se produzem em determinadas comunidades ciganas, práticas essas que violam os direitos humanos fundamentais, pois impedem o desenvolvimento individual e comunitário. Faz-se necessário o reconhecimento dos direitos humanos e o desenvolvimento da educação, paralelamente ao combate à pobreza, à discriminação e à exclusão.
 
Dentre outras matérias, li a respeito do Third International Conference of Roma Women Roma Women World Congress ocorrido em 23, 24 e 25 de outubro de 2011, e, reafirmo o meu pensamento de que a opressão traz a infelicidade.
 
Continuarei minha pesquisa - sempre fundamentada - e ampliarei meu estudo, como forma de protesto e conscientização, ao mesmo tempo. Por outro lado, alimento a esperançosa certeza de que também as mulheres ciganas - fortes e persistentes - alcançarão a liberdade plena de serem elas por elas mesmas. Afinal, todas as mulheres do mundo necessitaram de muita luta e determinação para disputar e aproveitar do seu lugar ao Sol. E, quanto ainda nos falta, em termos de igualdade e respeito!...

 
 


Alguns vídeos disponíveis no Youtube
 

Vídeo:
Papusza - Bronisława Wajs

Neste vídeo a voz de Papusza cantando e recitando seus poemas leva-nos para a estrada perdida, a dormir em acampamentos nas florestas do esquecimento, nas noites em volta da fogueira da vida...
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3zhufaRfGGk
 
Vídeo:
Canção de Papusza

Intérprete: Natasha Buzylyova
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=U6lG7307R5g
 
Vídeo:
Romane Gila

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vrWMlmljTgw
 
Romane Gila
 
Oh, Señor, ¿adónde debo ir?
¿Qué puedo hacer?
¿Dónde puedo hallar
leyendas y canciones?
No voy hacia el bosque,
ya no encuentro ríos.
!Oh bosque, padre mío,
mi negro padre!
El tiempo de los gitanos errantes
paso ya hace mucho. Pero yo les veo,
son alegres, fuertes y claros como el agua.
La oyes correr
cuando quiere hablar
pero la pobre no tiene palabras…
… el agua no mira atrás.
huye, corre, lejos, allá
donde ya nadie la verá.
Nadie me comprende,
solo el bosque y el río.
Aquello de lo que yo hablo
ha pasado ya, todo,
todas las cosas se han ido…
y aquellos años de juventude.
(OLALLA, 2015)
 
Romane Gila
Tradução livre, para o português, por Sílvia Mota

 
Oh, Senhor, para onde devo ir?
Que posso fazer?
Onde posso encontrar
lendas e canções?
Não vou para o bosque,
já não encontro rios.
Oh, bosque, meu pai,
meu negro pai!
O tempo dos ciganos errantes
passou há muito. Mas vejo-os,
são alegres, fortes e claros como a água.
Ouça-o correr
quando quer falar
mas o pobre não tem palavras...
... a água não olha para trás.
foge, corre, longe, além
onde ninguém a verá.
Ninguém me compreende,
somente o bosque e o rio.
Aquilo sobre o que falo
há passado já, tudo,
todas as coisas se foram...
e aqueles anos de juventude.
 
Vídeo:
Trechos do filme e canções de Papusza

Elżbieta Towarnicka - "Papusza" - Bronisława Wajs
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lVig97H8-Nc
 
Vídeo:
PAPUSZA (Trailer subtitulado en español)

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GavWdBqtYZc
 
Vídeo:
"Terre, je suis ta fille" (Bronislawa Wajs - Papusza)
Poema traduzido do romani (Título original: Phuv miri me som ćhaj tiri)

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Hm05RwdwkG0
 
Tierra, yo soy tu hija
 
Amo el fuego como a mi propio corazón.
Vientos pequeños y fieros
mecieron a la niña gitana
y la llevaron lejos por el mundo.
La lluvia limpió sus lágrimas
el sol – dorado padre de los gitanos – las secó
y hermosamente chamuscó su corazón…
Oh Tierra, llena de árboles y mía,
yo soy ella, tu hija.
Los bosques y las praderas cantan,
el río y yo combinamos nuestras notas
en un himno gitano,
Iré a las montañas
con una preciosa y danzarina falda
hecha de pétalos de flores
y gritaré con toda mi fuerza.
Tierra mía, tú fuiste lágrima,
fuiste horadada por el dolor.
gitana-anoraba-nomadismo
como un pequeño niño gitano
escondido en el musgo.
Perdona Tierra mía
mi pobre canción,
mi lamento gitano,
aprieta tu cuerpo contra el mío, Tierra mía,
cuando todo acabe, me entregaré a ti.
(OLALLA, 2015)
 
Terra, eu sou tua filha
Tradução livre, para o português, por Sílvia Mota

 
Amo o fogo como meu próprio coração.
Ventos pequenos e ferozes
balançaram a menina gitana
e a levaram longe pelo mundo.
A chuva limpou suas lágrimas
o sol – dourado pai dos gitanos – secou-as
e belamente chamuscou seu coração...
Oh Terra, cheia de árvores e minha,
eu sou tua filha.
Os bosques e os prados cantam,
o rio e eu combinamos nossas notas
em um hino gitano,
Irei às montanhas
dançarina com uma preciosa saia
feita de pétalas de flores
e gritarei com toda minha força.
Terra minha, tu foste lágrimas,
foste perfurada pela dor.
Gitana almejava nomadismo
como um pequeno menino gitano
escondido no musgo.
Perdoa Terra minha
minha pobre canção,
meu lamento gitano,
aperta teu corpo contra o meu, Terra minha,
quando tudo acabar, me entregarei a ti.
 
Vídeo:
Le Chant de Papusza (poema de Bronisława Wajs escrito em 1950). Declamado em francês

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7Tg_jtbPvMM
 
________________________
Notas
 
[1] Julian Tuwim (1894-1953) foi um dos membros fundadores da Skamander poética, prestigiado grupo (1918) com Jan Lechon, Antoni Slonimski ou Jaroslaw Iwaszkiewicz. Assimilado judeu, fugiu da Polônia em 1939 e passou a maior parte da guerra nos Estados Unidos. Em 1945, juntou-se ao novo regime, mantendo uma certa independência.
 
[2] Jerzy Tadeusz Ficowski (1924-2006), poeta polaco, ensaísta, compositor, escritor, tradutor (do espanhol, gypsy, russo, alemão, italiano, francês, romeno), soldado exército (ps. Wreck), participante da revolta de Varsóvia, especialista em folclore judaico e cigano.
 
________________________
Referências
 
BRONISLAWA WAJS. Verbete. Wikipedia: the free encyclopedia, [s.l.]. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Bronis%C5%82awa_Wajs. Acesso em: 17 dez. 2016.
 
BRONISLAWA WAJS: “Papusza”. The HiperTexts, Canadá. Disponível em: http://www.thehypertexts.com/Bronislawa Wajs Papusza Poet Poetry Bio Picture Gypsy Poet Romani Poetry.htm. Acesso em: 2 dez. 2016.
 
FONSECA, Isabel. Bury me standing: the gypsies and their journey. New York: Vintage Departures, 1996. 336 p.
 
FONSECA, Isabel. Enterrem-me em pé: os ciganos e a sua jornada. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. Título Original: Bury me standing: the gypsies and their journey.
 
GABRIELSON, Tatiana Nikolayevna. Propaganda of romani culture in Post-Soviet Ukraine. Dissertation presented to the Faculty of the Graduate Sxhool of the University of Texas at Austin in Partial Fulfillment of the Requirements for the Degree of Doctor of Philosophy. The University of The Texas at Austin, may 2006. Disponível em: https://books.google.com.br. Acesso em: 16 dez. 2016.
 
HÜBSCHMANNOVÁ, Milena. Papusza: Bronislawa Wajs. Publicado em: jän. 2003. Rombase: didactically edited information on Roma, Graz, Austria. Disponível em: http://rombase.uni-graz.at/cgi-bin/art.cgi?src=data/pers/papusza.en.xml. Acesso em: 2 dez. 2016.
 
KOWALCZYK, Janusz R. Papusza: biography. Publicado em: jun. 2013. Culture.pl, [s.l.]. Disponível em: http://culture.pl/en/artist/papusza. Acesso em: 16 dez. 2016.
 
LYONS, Paddy; O'MALLEY-YOUNGER, Alison (Ed.). No country for old men: fresh perspectives on irish literature. Oxford: Peter Lang, 2008. 289 p. (Reimagining Ireland, 4). Disponível em: https://books.google.com.br. Acesso em: 16 dez. 2016.
 
MORLEY, David. The Library Beneath the Harp. Long Poem Magazine, Spencer Rise, London. Disponível em: http://www.longpoemmagazine.org.uk/issues/issue-three/the-library-beneath-the-harp. Acesso em: 2 dez. 2016.
 
OLALLA, Carlos Olalla. Papusza, una lágrima de sangre. Lo Que Somos: partidários de la libertad de comunicación, [s.l.], 13 sep. 2015. Disponível em: https://www.loquesomos.org/papusza-una-lagrima-de-sangre. Acesso em: 16 dez. 2016.
 
PAPUSZA. Verbete. Wikipedia: wolna encyklopedia, [s.l.]. Disponível em: https://pl.wikipedia.org/wiki/Papusza. Acesso em: 2 dez. 2016.
 
POTEL, Jean-Yves. Papusza, la voix d’un monde perdu. Etudes Tsiganes, [s.l.], v. 4, n. 48-49, 2011, p. 6-11. DOI: 10.3917/tsig.048.0006. Disponível em: http://www.cairn.info/revue-etudes-tsiganes-2011-4-page-6.htm. Acesso em: 5 dez. 2016.
 
SUT, Helena. Enterrem-me em pé: a longa viagem dos ciganos. Resenha da obra de Isabel Fonseca. Publicada em: 17 maio 2016. Carta Maior, São Paulo. Disponível em: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/“Enterrem-me-em-pe--a-longa-viagem-dos-ciganos-”/12/10408. Acesso em: 2 dez. 2016.
 
TONINATO, Paola. Romani writing: literacy, literature and identity politics. New York: Routledge, 2013. 254 p. (Routledge Research in Literacy, 4).
 
WAWRZENIUK, Piotr. Papusza: the history of a polish roma poet. Baltic Worlds, Sweden, v. VIII, n. 1–2, p. 4-7, abr. 2015. Disponível em: http://balticworlds.com/wp-content/uploads/2015/05/BW-1-2-2015-hela.pdf. Acesso em: 4 dez. 2016.
 
Fotografias capturadas em:
http://aerithtribalfusion.blogspot.com.br/2015/11/papo-gipsy-papusza.html
http://balticworlds.com/wp-content/uploads/2015/05/papusza.pdf
https://es.wikipedia.org/wiki/Bronisawa_Wajs
https://pl.wikipedia.org/wiki/Papusza

 
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 20/12/2016
Reeditado em 06/07/2021
Código do texto: T5858959
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.