Relato real - Meu "pai" me abusou

RELATO - Fui abusada pelo meu "pai"

O que venho trazer a luz do saber de todos nessa dolorosa escrita, não é um grito de vingança e sim uma busca por justiça, que os corações que me lerem encontre em minha coragem em romper as amarras do medo e da vergonha, coragem para lutar por um mundo onde a inocência seja respeitada e o silêncio seja quebrado não em gritos de violência, mas de liberdade.

Sou uma vítima, que sofri todos os tipos de abuso que ser algum deveria conhecer cortarndo na pele. E não foi pior, pois nasci do ventre de uma guerreira que lutou para que nunca, nada me faltasse, fosse em amor, educação e carinho dedicado em grandes e pequenas coisas. Uma mulher que foi abandonada com a filha ainda em seu ventre, por um homem que a fez crer que a filha era tudo o que ele mais queria, mas esse homem, que chamarei de progenitor, a deixou, nada valia mais que sua busca pela vã riqueza, aquela que destrói o melhor no homem, ele partiu para o E.U.A em busca do sonho americano, e ele foi bem sucedido... Cresceu e por seus "próprios meio", tornou-se respeitado cidadão americano, marido dedicado e pai "amoroso" de meus irmãos.

E eu crescia aqui, e mesmo que minha mãe fosse tudo que precisava, normal era querer saber minhas origens, festas de dia dos pais, sempre foram tristes... E foi com 7 anos que meu progenitor me foi apresentado e a primeira sensação que me fez sentir constrangida de forma que não compreendi, foi em seu espanto ao me ver sem roupa indo tomar banho. Todo cheio de regras e pudores moralistas, mas me fez sentir errada de outra forma.

O tempo passou e eu esqueceria essa impressão, eu o veria somente com 14 anos, eu o amava, estava feliz por ter meu pai presente, ele era atencioso, carinhoso... Fazia minhas vontades, bobas vontades.

Uma noite na casa de minha avó mais ou menos 2 anos depois quando dormiamos juntos na mesma cama, eu estava com um pijama confortável, mas comportado, uma calça e uma blusa, mas sempre tive o costume de tirar o sutiã para dormir.

Inocente e feliz, planejando o dia seguinte ao lado daquele homem que colocou a mão por baixo de minha blusa e recostando sua mão em meu ventre.

No dia seguinte ele me chama pra conversar :

- Filha, não pode dormir sem sutiã perto do pai, passei a mão nas suas costas e senti, precisa entender que não te vi muitas vezes, você é uma mulher bonita e eu sou homem tenho ímpetos.

Meu mundo caiu, nunca quis pensar se ele percebeu mesmo só com as mãos em minhas costas, já que, dormindo abraçado a mim de "conchinha" sua mão teve acesso às minhas costas?

O que me doía e me dói foi ter sido desnuda por seu olhar me cobiçando como mulher, e eu que ao seu lado me sentia criança, me senti violada de todas as formas possíveis, me culpei e uma luz em mim apagou.

Dias depois ele me levaria há um hotel fazenda, tremi de ver que seria o mesma a cama, mas tive medo e vergonha... muita vergonha de sentir aquele receio e temor...

Uma vez no quarto, deitei e quando ele deitou ao meu lado pode notar meu receio e então sua segunda atitude desprezível, ele levou minha mão até o seu pênis e disse.

- Não tenha medo, pode sentir... esta mole, nem está duro meu "pau"!

E me puxou para ele...

Mais uma luz se apagou, mas eu não quis acreditar que meu pai era aquilo, eu vivia sendo parte tristeza e parte negação e entre essas partes uma culpa me castigava.

Com 19 anos ele quis que eu fosse morar com ele e meus irmãos no E.U.A, minha mãe que de nada sabia não queria me negar a oportunidade de um estreitamento de laços com o progenitor. E eu por minha vez... Queria um pai, tudo o que passou era coisa da minha cabeça, ele não me faria mal. Eu fui.

Pesadelo vivi, e já não era a sua inconveniência em querer saber de minha vida sexual só o problema, ou me constranger enquanto sozinha em meu quarto ele me surpreende baixando minhas calças para provar que eu não era loira de verdade vendo meus pelos pubianos.

Ele era um tirano no lar, sofri humilhação diversas, como ter que desinfetar a banheira depois do banho... Rebelei-me contra ele, e então nem comer podia, vivi de doces de Halloween que achei esquecidos em um dos closets de meus irmãos. Ele queria me forçar a emagrecer, comprou uma esteira e me obrigava a fazer, e então um dia eu fiquei mais de duas horas na esteira e por conta de todo flagelo que vivia, longe de meu país, com saudade de minha mãe, sofrendo abusos, humilhação e o grande esforço que fiz, caí doente, com muita febre e dor no corpo. Fiquei largada até a hora dele chegar do trabalho.

Ele me levou 3 comprimidos dizendo ser Tylenol... Eu apaguei, a ultima lembrança que tenho é dele me massageando para me ajudar a dor passar, estava de bruços... No dia seguinte acordei com uma marca em um de meus seios.

Fiz de tudo para vir embora, ele tentou me comprar com carro, cidadania, dinheiro, mas céus! Eu só queria fugir e nunca mais ter aquele ser odioso perto, eu só queria ter um pai, e como isso não foi possível eu não tinha mais o que fazer ali.

Hoje faço esse relato não por vil vingança, ou para me vitimizar. Não quero a dó de ninguém, "apenas" justiça e empatia.

Tentarão me desacreditar, me julgar, e cupabilizar, mas não me importo,não mais me atinge, pois o medo e a vergonha que me fizeram calar e entrar em negação por tanto tempo, me fazendo cair em estado de total abandono e apatia para comigo e a vida, me fazendo chegar aos quase 150 kilos, me matando aos poucos com doenças adquiridas através disso, não mais me atinge, me condena ou me rege.

Como disse, sempre tive um exemplo de mulher forte e guerreira que é minha amada mãe, e hoje tenho outra,minha companheira de vida amiga, confidente, parceira de todas as horas... Que tanto me motiva, que me fez ver a verdade e meu real valor, e que comigo e com a minha mãe, hoje roga e busca por justiça. Foi ela que abriu meu baú soterrado em comida e negação, foi para ela que em um momento de lapso e de guarda baixa, pois me blindava do mundo como um animal ferido e acoado, que confessei meu maior segredo, verbalizei meu maior medo, o medo de falar e se tornar real, sem me dar conta de que já era real e que eu lidava com os efeitos colaterais de tudo aquilo e foi ela que me encorajou a todos passos seguintes.

Então que essa relação não caia no julgamento precipitado e pífio de ser apenas por conta de um trauma, não! Tive e tenho todos motivos para ama-la de forma real e em essência. Todos abusos ocorridos, mesmo me fazendo desacreditar de mim e da vida por tanto tempo, jamais me tirou a capacidade de amar, de me doar, de olhar o mundo ainda com certo encantamento, tanto que contudo, não odeio aquele que me deu parte de deu código genético para que eu viesse a nascer, o que sinto por ele caiu no vácuo da verdade do ser humano que ele é, ou melhor do ser humano que ele não foi, ou não foi capaz de ser, mas de fato não desejo o mal, desejo justiça!

A dos homens e a de Deus, Deus esse que ele tanto professa, mas não vive.

Precisava desse ponto final, que veio a se tornar reticências... Tive a necessidade de que ele soubesse que hoje, mesmo depois de tanto tempo eu tenho total consciência do que de fato ocorreu, então entrei contato com o mesmo e deixei tão claro quanto deixei aqui sobre todo o ocorrido do que ele fez a mim, e não obtive nem sequer uma negação, como resposta apenas tive que ele só possuía dois filhos que não me conhecia e nem queria para que eu fizesse o mesmo.

Então,como eu o conheci em toda sua perversidade mesmo sem querer ou merecer isso, eu farei com que ele me conheça em toda minha verdade.

Conhecer a Ana Beatriz de hoje, forte, bem estruturada, não mais aquela menina assustada, que se sentia errada e abandonada, coisas que de fato nunca foi, a Ana Beatriz consciente de seu valor e que por seu clamor quer fazer justiça, que quer e vai dar voz a tantas vítimas como ela...

Falar e reviver todos esse momentos não é, e não será fácil, tenho total consciência disso, mas sei que não estou sozinha, e se disso tudo isso uma vida for salva, uma vitima tomar coragem e falar, gritar por socorro, tudo que passei, todo caminho que trilhei até aqui, terá valido a pena!

Agradeço a todos que tiveram a paciência e espero que a generosidade e empatia ler até aqui e sintam-se a vontade para compartilhar esse relato, que não se faz bonito mas se faz necessário.

Ana Beatriz.

#temquefalar

#eufuiabusada

Ana Thoreserc
Enviado por Ana Thoreserc em 08/11/2016
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