A MATEMÁTICA E O POETA

Publicado por: Andriz Petson
Data: 21/04/2016
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Texto; A MATEMÁTICA E O POETA Escritor; ANDRIZ PETSON Narrador; EWERTON MATOS
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A MATEMÁTICA E O POETA

Matemática era exata em sua observação do mundo, era alta e elegante, vestia-se sempre com discrição e sobriedade...não era muito chegada a filosofia, mas encantada pela lógica...era esguia no seu vértice mas até se podia ver curvas na sua hipérbole e uma linda concavidade na sua parábola.

Calada e de sorriso contido provocava admiração de todos pela forma fria e inflexível que enfrentava os problemas diários, que eram calculados e resolvidos dentro dos resultados obtidos de forma sempre linear, somando-se todos os elementos envolvidos e subtraindo o que não fosse relevante.

Ela nunca foi de se envolver com qualquer um, principalmente com aqueles que para ela não são muito racionais. Teve um de seus primos que fez essa besteira e envolveu-se com uma tal de poesia...ficou estranho, pensativo, começou a delirar, falando de relatividade, tempo, espaço...resumindo pirou.

Poeta era um cara porreta apesar de bonachão e ter aquele ar desligado e sempre fitado no horizonte. Gordinho, não muito alto mas extremamente simpático sempre fazia novas amizades de todas as idades. Encantava-se com tudo, atento mesmo sendo lento no agir e no pensar que apelidou de meditar.

Conversador, risonho levava todos a refletirem pela forma transcendente que via a vida, suas mazelas e feridas...encontrando sempre novas formas ou maneiras completamente diferentes para ver e entender o que era obvio...mas ninguém via.

Se metia em tudo e qualquer ser humano lhe era encantador... Mesmo os mais difíceis, esquizofrênicos, violentos, sedentos... toda a natureza lhe era bela e dela pintava lindas e rimadas aquarelas...desligado da lógica e das exatas utilizava-se dos números para contar apenas estrelas e estrofes...somando versos...multiplicava sentimentos...dividia alegrias e lamentos...subtraindo de si toda a angustia por não entender a dor no mundo.

Um dia, desses que nos pregam peças e os anjos e deuses se reúnem e ficam nos assistindo apenas para se divertirem da humanidade...matemática ao voltar da faculdade onde era catedrática viu aquele ser exótico, de bermuda, cabelo trançado e sandália de couro nos pés...mas o que chamava mesmo a atenção era sua camisa estilo havaiana coloridissima. Este ser estava sentado no calçadão fitando o mar as 11:00 da manhã...horário de se estudar, trabalhar, cozinhar menos olhar o mar... Afinal de contas era uma segunda feira gorda. Essa perplexidade inundou matemática que percebeu que precisava parar e entender a situação, talvez pudesse ser explicada por uma equação ou teorema qualquer pensou ela...

Ele estava imóvel, impacivo enquanto uma leve brisa balançava suas tranças cheias de dredes...e pela profundidade do seu olhar matemática imaginou que ele estava afundado em profundos cálculos diferenciais...ela querendo entender o por que daquela transcendência já estava se irritando com a apatia dele que parecia não vê-la ali angustiada.

De repente ele tranqüilo, com uma voz profunda e reflexiva se vira para ela e diz..lindo não...como é belo o azul desse mar...muito prazer...sou poeta.

Ela petrificada respondeu prazer sou matemática... Estava incrédula e quase assustada...só isso..não há cálculos diferencias...teoremas...nem uma simples possibilidade de apenas uma regrinha de três...o azul do mar?...sim apenas o azul do mar estava encantando aquele sujeito...isso era tão absurdo, tão ilógico que matemática chegou mais perto e olhou nos olhos de poeta para ver se isso era verdade...poeta se sentiu privilegiado e agradecido em que tão dileta moça parasse e lhe desse atenção...as pessoas que passavam por ali estavam sempre muito apressadas e não paravam para olhar nos olhos...poeta pensou quanta humanidade e gentileza; o mundo tem jeito sim...enquanto matemática fitava-o incrédula. De repente nesta troca de olhares deu-se um sentimento estranho a matemática... um remoer de estômago...e por um breve instante de uma forma ilógica, incomoda e absurda ela só conseguia ver os olhos de poeta, o tempo parou, não havia a densa matéria...e de uma forma etérea apenas suas artérias pareciam querer arrebentar. . Breve instante que se deu em segundos apesar do sentimento de eternidade a precedê-lo.

Poeta lhe deu um doce sorriso... Estava aberto a vida... Sempre pronto ao encontro... ao desconhecido...ao amor que preenchia sua existência de criatividade...serenidade madura e pura...doçura...jovial candura que nem à fria matemática passou despercebida. Assim ele transformou aquele momento em lindos versos...e matemática com o olhar mais uma vez perplexo não entendia de onde vinham tantos sentimentos rimados e completos...de emoção...intensidade e sofreguidão...assim se deu o inicio desta união...entre matemática e poeta...palavras incertas e descobertas na amplitude da linha reta.

Andriz Petson
Enviado por Andriz Petson em 30/01/2010
Código do texto: T2060245
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