A POLÍTICA COMO VOCAÇÃO

Max Weber em sua “Ciência e Política: duas vocações” faz menção a dois aspectos importantes no exercício da política. “Viver para a Política ou viver da Política.” O autor enfatiza deste modo que é fato dualista, simultâneo em muitos propósitos, tanto ideologicamente quanto na prática constante dos atos e fatos públicos, o que seja a verdadeira política. Ademais, quem vive para a Política, deve transformá-la em mecanismo incondicional na busca de objetivos à vida coletiva. Porquanto revestido de poder, o valor pessoal é intrínseco, fundamental na satisfação do prazer, em detrimento às próprias expectativas em defesa de uma “causa” considerada por muitos, importante.

O homem sério vive a serviço de algo, e este é responsável direto pela significação da própria vida. Segundo Weber, “... todo homem sério, que vive para uma causa, vive também dela”. Por outro lado, aquele que vive da Política, é beneficiário de seus próprios interesses econômicos, ou seja, está sempre na condição de “político profissional”, até porque vê a Política apenas como uma permanente fonte de renda. O autor ressalta: “... em condições normais, deve o homem político ser economicamente independente das atividades que a atividade política lhe possa proporcionar...”, é um fato.

A visão de grupo, no entanto, é que a vontade política não pode ser coercitiva, independentemente do valor incondicional que se dispensa aos ditos atos e fatos públicos. (grifo nosso). As normas que regem a política devem ser compreendidas não como limitação, mas, sobretudo como fundamento para o exercício da cidadania, o que consolida a importância do voto livre e plenamente consciente, principalmente na conjuntura atual.

Em nenhum momento, o agente público (político) deve se abster das suas prerrogativas na condução de suas atividades, nem tampouco subtrair de suas obrigações e direitos legitimados pelo povo.

Os políticos tecnocratas, por sua vez, são por natureza, incompatíveis aos propósitos reais na resolução de problemas típicos de uma Nação, Estado ou Município, face ao contexto estritamente social e humano.

A idoneidade pública nunca deve ser observada sob a tônica do “pré-requisito”, até porque numa sociedade de fato conduzida por homens sérios, a ética não deve ser vista e jamais como fundamento utópico, ou seja, em segundo plano. Não obstante a faceta ideológica a que muitos representam.

O autor, entretanto, analisa a conceituação de “metas boas” como um conjunto de valores morais, em que a honestidade não deve ser confundida apenas como um preceito comum e abstrato.

Max Weber alerta: “... a função avassaladora do Poder, e a procura incontrolada pelo prazer em ter, é tido como compulsão em fazer aquilo que fere a conduta moral e a própria condição ética”. Eis a ótica. Os recursos usados na política pública, de certa forma, são as conseqüências cruciais de deformação dos próprios mecanismos constitucionais.

Por isso, a política não pode ser entendida sob um prisma informal, uma vez que a vocação política se mantém como um aparato capaz de transformar toda uma sociedade.

A política representa a tenacidade das boas intenções, uma vez que a liderança consiste num constante aperfeiçoamento, em que o líder não precisa ser apenas líder, mas um herói. A fraternidade entre os homens, no entanto, é realidade partindo-se do ponto de vista de que as alianças devem ser conduzidas por uma causa justa e de benefício coletivo, renegando o egocentrismo e, principalmente o rompimento de certos padrões comuns e as múltiplas realidades que os cercam.

Dentro dessa vocação política, a ética da convicção e a ética da responsabilidade não se contrapõe, ao contrário, a Política deve ser exercida como compromisso ético, e para isso é necessário que as duas se completem e possam se completando fazer com que o homem busque incessantemente a autenticidade do próprio conceito da política e desta forma coloque-se a serviço do povo não apenas como agente político, mas principalmente como líder, imbuído de fazer com “justiça”, a verdadeira e necessária diferença.