A LIBERDADE... A VONTADE... "A NOVA ORDEM MUNDIAL e Suas Ações" - Teoria da Conspiração - 70ª parte. Observação: - O artigo publicado em 02/08/2017 corresponde à 69ª parte.

A LIBERDADE... A VONTADE... “A NOVA ORDEM MUNDIAL e Suas Ações” – Teoria da Conspiração - 70ª parte. Observação: - O artigo publicado em 02/08/2017 corresponde à 69ª parte.

Observação importante: - O texto anterior deveria receber o título: - A LIBERDADE... A VONTADE... “A NOVA ORDEM MUNDIAL financia a MÁFIA BARULHENTA e a MÁFIA SILENCIOSA” – Teoria da Conspiração – 69ª parte. Nós erramos.

AVISO INICIAL - A 3ª parte sobre a importância do estudo da MEDULA ÓSSEA para desatar o nó sobre a AUTO-HEMOTERAPIA será escrito proximamente. Tenho muita coisa para ler, tenho muito a pesquisar e tenho muito que escrever. Estamos apenas no começo da luta. E tem mais: - Estou estudando teoria musical e aperfeiçoando a aprendizagem de VIOLÃO. Não estou perdendo tempo de maneira alguma!

SEGUNDO AVISO – Os textos sobre “AS BATALHAS do Dr. LUIZ MOURA” terão continuidade.

TERCEIRO AVISO – Os textos sobre “Teorias Conspiratórias” também terão continuidade. Mais uma vez, É O CASO DO PRESENTE TEXTO, que recebe o número 70 (70ª parte).

1ª parte.

Eleições Estaduais no Rio de Janeiro em 1966.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

INFORMAÇÕES GERAIS.

- 03 de setembro de 1966 – Eleição Indireta.

- 15 de novembro de 1966 – Eleição Direta.

- Governador do Estado – Teotônio Araújo – ARENA.

- Candidato a Governador – Geremias Fontes – ARENA.

- Natural de – São Gonçalo – Rio de Janeiro.

- Candidato a Vice-Governador – Heli Ribeiro Gomes.

- Votos – 36.

- Porcentagem – 100%.

- Governador Eleito – Geremias Fontes – ARENA.

As eleições estaduais no Rio de Janeiro em 1966 aconteceram em duas fases de acordo com o Ato Institucional Número Três (AI-3) e assim a Eleição Indireta do Governador Geremias Fontes e do Vice-Governador Heli Ribeiro Gomes foi em 03 de setembro.

A escolha do senador, Paulo Torres, 21 deputados federais e 62 estaduais aconteceu em 15 de novembro num rito semelhante ao aplicado a todos os 22 estados e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.

No Rio de Janeiro, a ARENA teve maioria na eleição para senador, situação inversa à da Guanabara, embora o MDB tenha feito as maiores bancadas proporcionais.

Natural de São Gonçalo o governador Geremias Fontes trabalhou como escrevente e solicitador e graduou-se em Direito em 1954 pela Universidade Federal Fluminense atuando como advogado e pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil em São Gonçalo e Niterói tornando-se assessor da prefeitura de São Gonçalo antes de eleger-se prefeito da cidade pelo PDC em 1958 e deputado federal pelo PTB em 1962 retornando ao PDC onde ficou até ingressar na ARENA, da qual é presidente estadual, devido ao Regime Militar de 1964.

Para vice-governador foi escolhido o Agropecuarista e Industrial Heli Ribeiro Gomes, deputado federal e também egresso do PTB.

O pleito para senador foi decidido em favor de Paulo Torres, militar nascido em Cantagalo e formado na Escola Militar do Realengo onde chegou em 1921 a tempo de participar das Revoltas Tenentistas e da Revolução de 1930 e durante a Interventoria de Amaral Peixoto foi prefeito de Teresópolis.

Durante a Segunda Guerra Mundial participou da campanha da Itália junto à Força Expedicionária Brasileira sendo chefe da Polícia Federal no governo João Café Filho, que o nomeou governador do Acre.

Antes da deposição de João Goulart foi presidente do Clube Militar e Comandante Militar da Amazônia sendo escolhido governador do Rio de Janeiro nos primeiros dias do Regime Militar de 1964 renunciando ao posto no Palácio do Ingá a fim de candidatar-se a senador pela ARENA.

Na disputa para deputado federal foi eleita Júlia Steinbruch, primeira mulher do Rio de Janeiro a chegar ao Congresso Nacional.

Tal façanha, no entanto, foi obscurecida pela dizimação que o Ato Institucional Número Cinco (AI-5) causou a ela e a outros quatro integrantes da bancada do MDB ao cassar-lhes os mandatos, e, reduzir à metade a representação oposicionista.

ÍNDICE.

1 - Resultado da eleição para governador.

2 - Resultado das eleições para senador.

3 - Deputados federais eleitos.

4 - Deputados estaduais eleitos.

5 - Referências.

RESULTADO da ELEIÇÃO para GOVERNADOR.

A eleição aconteceu não obstante a ausência dos 18 deputados estaduais do MDB. O Governador eleito foi Geremias Fontes e o Vice-Governador eleito foi Heli Ribeiro Gomes.

Categorias:

• Eleições estaduais no Rio de Janeiro.

• Eleições estaduais no Brasil em 1966.

Esta página foi editada pela última vez às 07h33min de 30 de setembro de 2016.

2ª PARTE.

QUEM FOI HELI RIBEIRO GOMES?

RIBEIRO, HELI

*dep. fed. RJ 1959-1967.

HELI RIBEIRO GOMES nasceu em Campos (RJ) no dia 22 de agosto de 1925, filho do médico HÉLIO de SOUSA GOMES e de Sadi Ribeiro Gomes.

Fez o curso secundário no Colégio Bittencourt e formou-se contador pelo Colégio Batista, em sua cidade natal.

Passou a dedicar-se à lavoura, à pecuária e à indústria canavieira. Com o falecimento de seu sogro, o deputado federal Bartolomeu Lisandro de Albernaz (1953-1955), da União Democrática Nacional (UDN), tornou-se seu herdeiro político, optando, contudo, pela legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

Em outubro de 1958 elegeu-se deputado federal pelo antigo estado do Rio de Janeiro com o apoio da Aliança Popular Nacionalista, integrada pelos partidos: - Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Democrata Cristão (PDC) e Partido Republicano (PR) além do PTB.

Assumiu o mandato em fevereiro de 1959. Em setembro de 1961, após a renúncia do presidente Jânio Quadros (25 de agosto), apoiou a edição, pelo Congresso, da Emenda Constitucional nº 4, que implantou no país o sistema parlamentarista de governo como forma de viabilizar a posse do vice-presidente João Goulart no cargo deixado vago por Jânio, o que não era do agrado dos ministros militares.

Participou, em seguida, já no governo Goulart (1961-1964), da campanha pela antecipação do plebiscito sobre o novo sistema, inicialmente previsto para o início de 1965, mas que acabaria por realizar-se em janeiro de 1963, determinando o retorno do presidencialismo.

Apoiou a Emenda Constitucional nº 5, de novembro de 1961, que ampliou a participação dos municípios na renda tributária nacional.

Foi um dos poucos trabalhistas filiados à Ação Democrática Parlamentar (ADP), bloco interpartidário, majoritariamente udenista, surgido no primeiro semestre de 1961 com o objetivo de combater a penetração comunista na sociedade brasileira e que fez oposição ao governo de Goulart até a sua queda em 31 de março de 1964.

Considerou inoportuno, segundo o Correio Brasiliense (dezembro de 1962), o reatamento de relações diplomáticas com a União Soviética, rompidas desde 1947 e restabelecidas em novembro de 1961.

Durante a legislatura, Heli Ribeiro integrou as comissões de Transportes e do vale do São Francisco.

Ainda segundo o Correio Brasiliense, era partidário de uma reforma agrária cooperativista caso o Estado assumisse a assistência creditícia, técnica, educacional e sanitária aos lavradores, garantindo preços mínimos, a ensilagem e o transporte da produção.

Para isso, aceitava a desapropriação dos latifúndios improdutivos mediante prévia indenização em dinheiro.

Partidário do intervencionismo estatal na economia como corretivo e supletivo da iniciativa privada, apoiou o monopólio do Estado sobre o petróleo, os minérios atômicos, a eletricidade e as telecomunicações.

Favorável à reforma administrativa descentralizadora, com a criação dos ministérios do Planejamento Nacional dos Transportes e das Comunicações. Apoiava também as reformas bancária e tributária, a criação do Banco Central emissor, à nacionalização dos depósitos bancários e a adoção de medidas de combate à sonegação tributária.

Advogava a adoção da cédula única em todos os pleitos e a instituição dos distritos eleitorais, mas era contrário ao direito de voto e à elegibilidade dos analfabetos.

Em outubro de 1962 reelegeu-se deputado federal pelo Rio de Janeiro, na legenda do PTB. Com a extinção dos partidos pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2) em 27/10/1965 e a consequente implantação do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido governista.

Em janeiro de 1967 concluiu o mandato, não retornando à Câmara.

Em 1968 tornou-se vice-governador biônico do antigo estado do Rio de Janeiro, na gestão de Geremias Fontes (1967-1971) e presidente da seção estadual da ARENA.

Afastando-se do governo estadual, concorreu em 1970 ao Senado, porém sem conseguir eleger-se.

Em 1972 disputou a prefeitura de Campos, sendo derrotado pelo candidato do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), José Carlos Vieira Barbosa.

Após as derrotas eleitorais que sofreu não mais se candidatou a qualquer cargo eletivo, dedicando-se apenas à direção da Companhia Usina Cambaíba.

Faleceu em 04 de março de 1992.

Era casado com Leda Lisandro de Albernaz Gomes, com quem teve seis filhos.

FONTES: BELIDO, V. Política; CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Deputados federais. Inventário; CÂM. DEP. Relação dos dep.; CAMPOS, Q. Fichário; INF. FAM. Heli Ribeiro Neto; TRIB. SUP. ELEIT. Dados (04 e 06).

3ª parte.

Quem é Cláudio Guerra?

“Memórias de uma Guerra Suja”.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

“Memórias de uma Guerra Suja” é um livro de autoria de Rogério Medeiros e Marcelo Netto com depoimentos do ex-delegado do DOPS Cláudio Guerra, lançado em 2012 pela editora Topbooks.

Hoje pastor evangélico da Assembléia de Deus, Cláudio Guerra narra aos jornalistas seus anos como agente da repressão durante a ditadura militar brasileira entre os anos de 1970 a início dos anos 80.

Joga luzes sobre fatos históricos daquela época, como o atentado do Riocentro, a morte da estilista Zuzu Angel, a morte do delegado Sérgio Fleury, os atentados a bomba à sede da OAB e a redações de jornais e revistas, a morte do jornalista Alexandre von Baumgarten em 1982 e o fim de diversos militantes comunistas que, segundo o livro, depois de torturados e assassinados tiveram seus corpos incinerados por ele e sua equipe, numa usina de açúcar em Campos, Estado do Rio de Janeiro.

As denúncias de Cláudio Guerra no livro provocaram a intervenção do Ministério Público Federal e da Polícia Federal brasileira no caso, que levaram a investigações sobre os fatos narrados, especialmente à tentativa de descoberta de corpos nos locais assinalados no livro pelo ex-delegado, no Rio e em Minas Gerais.

Em junho de 2012 o livro encontrava-se como o 8º mais vendido no país em seu gênero.

Observação do escriba: Na Wikipédia estão disponíveis 05 (cinco) referências sobre o tema.

Categorias:

• Livros de história do Brasil.

• Livros de 2012.

Esta página foi editada pela última vez às 20h52min de 2 de abril de 2016.

4ª parte.

Depoimento de Cláudio Guerra.

Cláudio Guerra liga Coronel à morte de Zuzu Angel.

Quarta-feira, 23 de julho de 2014 às 19h40min.

“Foto: Ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, que afirma ter executado 06 ou 07 pessoas a mando da repressão, e incinerado os corpos de outras 13, prestou depoimento à CNV”.

Em depoimento prestado à Comissão Nacional da Verdade nesta quarta-feira (23/07), o ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, Cláudio Guerra, afirmou que o coronel Freddie Perdigão Pereira, morto em 1998, que atuou no DOI-CODI de São Paulo e na Casa da Morte de Petrópolis, e coordenou o atentado do Riocentro, provocou o acidente que resultou na morte da estilista Zuzu Angel, em abril de 1976.

Zuzu era mãe do desaparecido Stuart Angel e mobilizou a opinião pública nacional e estrangeira em busca de seu filho.

A repercussão do caso prejudicou a imagem do regime militar no exterior.

"Éramos confidentes, frequentávamos a casa um do outro. Um dia ele me disse que havia planejado simular o acidente dela e estava preocupado, pois achava que havia sido fotografado na cena do crime pela perícia", afirmou o delegado ao coordenador da Comissão, Pedro Dallari, e aos membros da CNV José Carlos Dias e Paulo Sérgio Pinheiro, que colheram seu depoimento, que foi aberto e realizado perante jornalistas.

Cláudio Guerra foi condenado e cumpriu pena por três tentativas de homicídio, resultantes de um atentado à bomba do qual participou nos anos 80 no Espírito Santo.

Na cadeia converteu-se ao cristianismo, tornou-se pastor da Assembleia de Deus e afirma querer fazer sua parte "para que uma página triste de nossa história seja passada a limpo".

Em seu depoimento, Guerra afirmou que incinerou os corpos de 12 militantes políticos e que assassinou e incinerou em seguida um tenente de nome Odilon, numa "queima de arquivo determinada pelo SNI".

O ex-delegado contou também que executou, a pedido do Serviço Nacional de Informações, três militantes em São Paulo, um em Recife e "dois ou três" no Rio.

"Se cumprisse pena por tudo o que fiz nunca iria sair da cadeia", afirmou.

Ele já havia prestado três depoimentos reservados à CNV, mas hoje foi questionado sobre questões específicas relativas aos casos em que esteve envolvido diretamente ou dos quais teve conhecimento.

Ele indicou nomes de outras pessoas e testemunhas que poderão ser ouvidos pela CNV em diferentes Estados e que poderão ajudar a elucidar ou trazer mais informações sobre os casos investigados.

Perguntado sobre qual o motivo de um delegado de outro Estado ser chamado para executar militantes políticos perseguidos em outros locais, Guerra, que afirma ter aprendido técnicas de tiro com um ex-agente do Mossad (serviço secreto israelense), afirmou que a técnica era uma medida previamente estabelecida pela repressão para não vincular autoridades locais aos assassinatos praticados pela ditadura.

Ele admitiu, por exemplo, que no caso de pelo menos uma das pessoas que ele matou, as autoridades simularam depois que houve um tiroteio.

POLÍTICA DE ESTADO - Na avaliação do coordenador da CNV, Pedro Dallari, os principais pontos do depoimento de Guerra foram a indicação da participação de Freddie Perdigão Pereira na morte de Zuzu Angel, já reconhecida pelo Estado como uma morte relacionada à sua militância, mas cujo assassinato jamais foi admitido por agentes da repressão, e o fato de o depoimento trazer elementos que mostram as graves violações de direitos humanos de oposicionistas do regime como uma política de Estado da ditadura.

"O relato do ex-delegado mostra que havia ações e estratégias para a prática de graves violações de direitos humanos, como uma política pública, não como excessos de alguns agentes como sempre a ditadura quis fazer crer”.

“Executores remanejados de um lugar para outro para eliminar as vítimas e a logística para eliminação de corpos são elementos que ajudam nessa conclusão”, afirmou Dallari.

Amanhã (24/07), a CNV reúne-se com Cláudio Guerra para colher mais dados e nomes das pessoas por ele indicadas e para aprofundar algumas informações sobre detalhes dos crimes que ele cometeu.

"A partir das informações que ele vai prestar seguiremos as pistas e vamos deslocar assessores para ouvir pessoas no Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo", afirmou o membro da CNV José Carlos Dias.

O arquivo da transmissão ao vivo do depoimento de Cláudio Guerra já está disponível: http://us.twitcasting.tv/cnv_brasil/movie/82575654

Comissão Nacional da Verdade

Assessoria de Comunicação.

Mais informações à imprensa: Marcelo Oliveira (61) 3313-7324.

5ª parte.

Notícias - PCR desmente Cláudio Guerra, assassino da Ditadura Militar.

PCR desmente Cláudio Guerra, assassino da Ditadura Militar.

25 de junho de 2012.

Cláudio Guerra, assassino confesso da Ditadura Militar, escreveu o livro Memórias de uma Guerra Suja, no qual mente descaradamente sobre os covardes assassinatos dos dirigentes do Partido Comunista Revolucionário (PCR) durante os anos de chumbo.

O objetivo das mentiras do matador é proteger alguns dos seus colegas de profissão, despistando assim, a Comissão da Verdade.

Temendo que o crescimento do movimento reivindicatório e político das classes trabalhadoras ameaçassem os fabulosos lucros dos seus monopólios, e, desapontados com a negativa do governo João Goulart de apoiar a intervenção militar em Cuba no ano de 1961, o governo dos EUA passou a trabalhar diuturnamente para derrubar o governo brasileiro.

Para alcançar o sucesso nesta criminosa empreitada, os grandes capitalistas dos EUA e do Brasil aliciaram os generais, políticos, cardeais e os donos de jornais, rádios e TVs mais reacionários do país.

Para esmagar a resistência da juventude e do povo, colocaram os tanques nas ruas, fecharam o Congresso Nacional, O CGT, a UNE, a UBES, cassaram os mandatos de políticos, promotores e juízes de esquerda, sequestraram, encarceraram, assassinaram sob torturas, ocultaram cadáveres e exilaram as principais lideranças do povo brasileiro.

Para garantir a longevidade da primeira e mais longa ditadura da América Latina (1964-1985), as Forças Armadas se acercaram do que havia de mais podre no seu próprio seio e nas entranhas dos esquadrões da morte alojados nas polícias civil e militar.

Um desses policiais bandidos, de natureza nazifascista, que atende pelo nome de Cláudio Guerra, de Vitória (ES), hoje com 73 anos de idade, resolveu falar e contar, segundo ele, tudo que sabe (será mesmo?) sobre os chamados anos de chumbo.

Seu depoimento, dado aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, foi publicado no livro Memórias de uma Guerra Suja (Top books Editora, Rio de Janeiro, 2012).

“Matador Frio e Implacável”.

É assim que os próprios jornalistas classificam o seu entrevistado. Porém, complacentes, não acrescentam o epíteto de covarde e mentiroso.

Em momento algum, o policial a serviço dos generais fascistas no Brasil, agora travestido de pastor, relata algum confronto em que tenha enfrentado cara a cara suas vítimas, os patriotas, os comunistas ou religiosos.

Matando sempre pelas costas, em emboscadas, em ações de surpresa, para dar um “tiro de misericórdia em quem já estava agonizando”.

Mentira. Na verdade, todas as suas vítimas políticas, sem exceção, foram extremamente torturadas até a morte, muitas delas estupradas, tudo com o objetivo de arrancar informações sobre a organização dos revolucionários e da resistência armada à ditadura e tentar converter algum resistente em delator e até em agente policial.

Esta foi a via crucis a que todos os revolucionários sequestrados foram submetidos, depois do surgimento do DOI-CODI no final de 1969.

O ex-delegado fascista omite propositadamente todos os casos de sequestros e torturas de que participou porque sabe que estes crimes são imprescritíveis por sua natureza de lesa-humanidade, assumindo somente os crimes de assassinatos que já prescreveram por terem sidos praticados há mais de trinta anos.

Logo após o fim da ditadura, Cláudio Guerra se transformou em matador de aluguel à disposição dos patrões capixabas para eliminar lideranças sindicais rurais e urbanas.

Matou a própria mulher e uma cunhada e jogou os corpos no lixo no início dos anos 80.

Este é o perfil de um perigoso criminoso, de um monstro criado e cevado pelo governo militar, que agora anda de Bíblia na mão, se passando por pastor para tentar ludibriar A Comissão da Verdade e os familiares dos mortos e desaparecidos políticos, todos no encalço daqueles que torturaram até a morte e sumiram com os corpos dos seus entes queridos e abnegados heróis da causa da liberdade, da justiça e do socialismo.

No início dos anos 70, Cláudio Guerra era delegado da polícia civil em Vitória (ES), envolvido com esquadrões da morte e com o jogo do bicho.

Unificou as bancas para melhor controlá-las e matou os bicheiros que não aceitaram sua truculenta liderança.

Mercenário da Repressão Política do Estado.

No final de 1972, o Procurador Federal no Espírito Santo, Geraldo Abreu (as procuradorias eram órgãos de apoio e articulação da perseguição à oposição do governo militar), apresentou Cláudio ao comandante-maior da repressão política, o coronel do exército Freddie Perdigão Pereira.

Esta macabra parceria resultou em 15 anos de crimes hediondos, como mortes sob torturas, sequestro e desaparecimento dos corpos de inúmeros militantes políticos de oposição ao regime militar, até hoje impunes, entre os quais o réu confesso e ainda em liberdade, Cláudio Guerra, assume os seguintes:

Execução de Nestor Veras (PCB), Ronaldo Moutinho Queiroz (ALN), Merival Araújo (ALN), Almir Custódio de Lima, Ramires Maranhão do Vale e Vitorino Alves Moitinho (PCBR), Manoel Lisboa de Moura, Emmanuel Bezerra e Manoel Aleixo (PCR).

Incineração dos corpos de 10 militantes mortos sob tortura na Casa de Petrópolis (“Casa da Morte”), entre os quais identifica: Joaquim Pires Cerveira, David Capistrano, Luiz Ignácio Maranhão Filho e Fernando Santa Cruz.

Seus corpos teriam sido incinerados no forno da USINA CAMBAHYBA, situada no Município de Campo dos Goytacazes, pertencente à HELI RIBEIRO GOMES, que foi vice-governador do Rio de Janeiro no período 1964-1971, e grande amigo das autoridades militares.

Com a “abertura lenta, gradual e segura” anunciada pelo ditador-presidente, general Ernesto Geisel, Cláudio e os demais agentes da repressão política passaram a planejar e realizar atentados e atribuí-los à esquerda, a fim de abortar a redemocratização: incêndio de bancas de jornal, explosão de bombas em órgãos de imprensa, OAB, Cineteatro Apolo 11 em Cajazeiras (PB) e o que seria a grande ação (Riocentro), na qual os terroristas se frustraram, tendo a bomba explodida no colo de um deles.

Amigo e parceiro do mais facínora de todos, o delegado Sérgio Paranhos Fleury, chefe do DOPS, torturador da Operação Bandeirante (OBAN) e do DOI-CODI, órgãos de captura e tortura de comunistas do II Exército em São Paulo, Cláudio não hesitou em votar por seu assassinato, como queima de arquivo, e só não participou diretamente da execução porque o plano foi mudado.

Mentiras Sobre Heróis do PCR.

Em relação à execução dos dirigentes do PCR, Cláudio Guerra mente descaradamente. Por que razão? Talvez para proteger alguns dos seus colegas da macabra profissão, despistando assim, a Comissão da Verdade, os familiares e o Partido sobre o encalço dos verdadeiros responsáveis por seus suplícios e mortes. Vejamos:

Manoel Aleixo da Silva. Cláudio Guerra conta que recebeu passagens Rio/Recife/Rio do SNI (Serviço Nacional de Informação) para matar um líder importante, que depois identificaria como sendo Manoel Aleixo.

Teria sido levado a um bairro, que não sabe qual é, encontrou Aleixo caminhando na rua.

Ele estava sozinho, desprevenido. Passou por ele como quem não queria nada. Atirou, ele caiu. “Para mim, estava morto. Tiraram-me dali. Sumiram com o homem. Não tenho explicação sobre esse sumiço”.

A verdade: Manoel Aleixo (1931-1973), - é sua própria companheira Izabel Simplício da Conceição quem relata -, foi sequestrado de sua própria casa, no dia 29 de agosto de 1973.

Levado para o DOI-CODI do IV Exército foi torturado e morto, sem entregar ninguém. Provamos isto porque cobrimos o ponto marcado no interior da igreja católica de Ribeirão, dias depois do seu sequestro, sem que nada acontecesse.

Os responsáveis diretos pelas sevícias e assassinato foram Sérgio Paranhos Fleury, o delegado Moacir Sales de Araújo (diretor do DOPS-PE), o delegado José Oliveira Silvestre, o torturador da polícia civil Luís Miranda, o então capitão de exército Vilarinho Neto e o Major Gabriel Antônio Duarte Ribeiro, ambos ainda vivem em Recife e deveriam ser interrogados pela Comissão da Verdade.

O IV Exército, como era de costume, divulgou a mentira de que Aleixo morrera durante tiroteio com os órgãos da repressão política em Ribeirão, zona canavieira de Pernambuco.

A versão de Cláudio Guerra desmente a do IV Exército, mas o bandido também mente.

Naturalmente, na lógica da repressão, um líder importante como Manoel Aleixo, dirigente histórico das Ligas Camponesas, responsável pelo trabalho no campo do PCR, teria de ser capturado vivo e torturado para tentar extrair informações sobre o partido, as quais ele não deu, e por isso mesmo foi morto.

Não tinha sentido trazer um policial do Rio só para atirar em Aleixo, sem qualquer tentativa de aprisionar e interrogar um importante comunista revolucionário.

Manoel Lisboa de Moura. Manoel Lisboa (1944-1973), alagoano, fundador e dirigente maior do PCR, foi sequestrado na Praça Ian Fleming, no Rosarinho, em Recife no dia 16 de agosto de 1973.

Poucos dias depois, Maria do Carmo Tomáz, operária da Fábrica Torre, também militante do PCR, foi presa e colocada frente a frente com Manoel.

Ela relata: - “Estava totalmente nu, com muitos hematomas, semiparalítico, apenas me olhou e falou: - Sei que minha hora chegou. Só peço que continuem o trabalho do Partido. Depois, fiquei numa cela vizinha ouvindo seus gritos”.

“Certo dia, já no começo de setembro, o próprio torturador Fleury, diante das grades da minha cela, comemorou a morte de Manoel comentando com euforia – Manoel Lisboa vocês não o terão mais nunca”.

Na estória inventada pelo próprio Cláudio, o delegado José Silvestre entregou Manoel a Fleury e ele já estava mal por causa da tortura.

Como poderia ir a um bar em Vila Moema em São Paulo se encontrar com Emmanuel Bezerra quando o ponto de encontro de ambos estava marcado em Recife no dia 15 de setembro, quando voltaria da sua missão no Chile e Argentina?

Mesmo assim, na invenção de Cláudio Guerra, ambos estariam conversando em São Paulo até serem eliminados a tiros por Cláudio, Paulo Jorge e Pejota, levados diretamente de Vitória apenas para essa missão. História sem pé nem cabeça.

Emmanuel Bezerra dos Santos. Emmanuel Bezerra (1943-1973), potiguar de Caiçara (RN), foi presidente da Casa de Estudante de Natal, liderou a bancada dos delegados estudantis do Rio Grande do Norte ao XX Congresso da UNE em Ibiúna (SP), era integrante da Comissão Executiva da Direção Nacional do Partido e responsável pelo trabalho do PCR em Alagoas na clandestinidade e muito provavelmente foi capturado pela “Operação Condor”, durante a missão que cumpria no Chile e Argentina.

Foi torturado até a morte nas dependências do DOI-CODI de São Paulo sem que os carrascos fascistas tivessem o prazer de saber, sequer, a casa e a cidade onde Emmanuel residia, Maceió.

Seu corpo foi encontrado na mesma cova do cemitério de Campo Grande de São Paulo para onde Manoel Lisboa fora levado; ambos foram enterrados como desconhecidos.

De nada adiantaram as monstruosidades e as mentiras para caluniarem suas heroicas trajetórias de comunistas revolucionários e despistarem seus familiares e camaradas.

Os restos mortais de Manoel Lisboa e Emmanuel Bezerra foram localizados e identificados, graças à Comissão dos Familiares de Mortos e Desaparecidos, que depois de rigorosa análise do laboratório da UNICAMP, tivemos a honra de sepultá-los como heróis junto aos seus familiares no Rio Grande do Norte e em Alagoas.

Ainda, do mesmo modo cruel e bárbaro foram sacrificadas as vidas de Amaro Félix Pereira, que foi dirigente das Ligas Camponesas e sequestrado e torturado até a morte sem entregarem o seu cadáver até hoje, e de Amaro Luiz de Carvalho, histórico dirigente das Ligas, do movimento sindical, fundador do PCR em maio de 1966, com curso de formação política e militar em Cuba e na China e foi assassinado no pátio da Casa de Detenção do Recife em 21 de agosto de 1971, por determinação dos USINEIROS José Lopes de Siqueira e Júlio Maranhão, e o diretor da Detenção, coronel da PM, Olinto Ferraz.

Estes e todos os heróis do povo brasileiro, como Carlos Marighella, Maurício Grabois, Paulo Stuart Wright, David Capistrano, Mário Alves, Fernando Santa Cruz, Joaquim Seixas, Soledad Barret, Padre Henrique, entre tantos outros, serão sempre a nossa eterna referência e fonte de inspiração na luta pela emancipação do nosso povo trabalhador e pela independência verdadeira da nossa pátria e pela solidariedade com os povos explorados e oprimidos do mundo pelo capital imperialista.

Pela Imediata Prisão do Criminoso Cláudio Guerra.

Diante da gravidade das denúncias deste perigoso criminoso da ditadura, o torturador, assassino e ocultador de cadáveres, Cláudio Guerra, vêm exigir do governo brasileiro a sua prisão imediata, até ser julgado e condenado exemplarmente pela autoridade competente.

Se tal prisão e a tomada de depoimentos não ocorrerem imediatamente, este réu confesso poderá evadir-se, ou pior ainda, ser assassinado pelos seus antigos comparsas a qualquer hora dessas.

Segundo os cientistas sociais que estudam as causas dos elevados índices de violência na sociedade de hoje e especialmente nos presídios e delegacias, tem a ver com a flagrante impunidade, já há décadas, dos torturadores dos presos políticos da ditadura militar.

Cláudio Guerra não apenas assume uma parte importante dos seus crimes (apenas atirava e matava?), como aponta outros executores e chefes mandantes, apesar de quase todos mortos, não havendo como serem ouvidos e comprovadas ou não as suas informações.

Confirma tudo o que os militantes sobreviventes haviam denunciado: torturas, assassinatos, sumiço de cadáveres, arrecadação de finanças entre EMPRESÁRIOS, colaboração de ARTISTAS, de setores conservadores da IGREJA CATÓLICA, etc. É réu confesso.

Não lhe cabe, nem a nenhum desses criminosos de lesa-humanidade, o benefício da anistia.

Este é o posicionamento unânime da ONU, de todos os órgãos de defesa dos direitos humanos, nacionais e internacionais.

Agora a Comissão da Verdade tem a missão apenas de investigar, mas não pode punir.

Porém a organização e a mobilização da juventude e do povo trabalhador devem continuar se inspirando na força do sonho coletivo e na esperança de mudança radical da sociedade pela qual caíram em combate os nossos heróis.

Pela imediata prisão e condenação, do perigoso criminoso da ditadura, Cláudio Guerra!

Aos heróis da resistência armada à ditadura, que deram suas vidas pelo povo brasileiro, toda a honra e toda a glória, agora e sempre!

Edval Nunes Cajá*, Recife, com colaboração de Luiz Alves.

*Membro do comitê central do PCR.

6ª parte.

Sérgio Fernando Paranhos Fleury.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Sérgio Fernando Paranhos Fleury (Niterói, 19 de maio de 1933 — Ilhabela, 1º de maio de 1979) foi um policial que atuou como delegado do DOPS de São Paulo, durante a ditadura militar no Brasil e ficou notoriamente conhecido por sua pertinácia ao perseguir os opositores do regime.

Sofreu diversas acusações formais pelo Ministério Público pela contumácia na prática de tortura e homicídios contra os opositores do golpe de estado orquestrado pelos militares em 1964.

Vários depoimentos, testemunhas e relatos de presos políticos, apontam que ele usava sistematicamente a tortura durante os interrogatórios que comandava na época do regime militar brasileiro.

Vários dos militantes que eram capturados pelo delegado Fleury não resistiram a essas torturas e acabaram morrendo, como no caso de Eduardo Collen Leite.

Fleury foi o principal responsável pela tentativa de captura e morte do guerrilheiro Carlos Marighella.

Também foi apontado como participante da Chacina da Lapa e de mais uma série de casos envolvendo combate e morte de opositores do regime, e consistentemente investigado por seu envolvimento com o tráfico de drogas.

CARREIRA.

Bacharel em Direito, delegado (1966), atuou no serviço de radio patrulhamento da cidade de São Paulo, ganhando notoriedade no combate enérgico às organizações armadas de esquerda, utilizando-se também de violência.

Em 1968, foi requisitado pelo DOPS, para lutar contra os movimentos de oposição ao governo militar no Brasil.

Pela sua participação nas ações desenvolvidas pelas Forças Armadas do Brasil durante a chamada "guerra subversiva", foi condecorado pelo Exército Brasileiro com a Medalha do Pacificador e pela Marinha de Guerra com o título de "Amigo da Marinha".

ATIVIDADES.

Participou da prisão dos estudantes da UNE (Congresso de Ibiúna, 1968); foi acusado de determinar o extermínio de militantes comunistas em São Paulo (1968-1969); chefiou a captura, seguida da troca de tiros que matou Carlos Marighella (1969) e de buscas visando a prender diversos opositores à ditadura militar ligados a este último (1971).

A INVERSÃO da TÁTICA.

Ao contrário dos métodos do Exército, empregados na repressão aos movimentos subversivos nos demais estados brasileiros, que copiavam modelos empregados pela França e pelos Estados Unidos na luta contra a insurgência, envolvendo equipamentos sofisticados e até o uso de satélites, o delegado Fleury adotou a inversão dessa tática.

Um artigo, publicado na revista Veja de 12 de novembro de 1969, ressaltava que o sucesso de Fleury no combate à luta armada da esquerda deveu-se a sua experiência no combate aos criminosos comuns.

Para ele, a motivação política era secundária. "Um assalto a banco, praticado por um subversivo, deveria ser investigado como um assalto comum. O subversivo que roubasse um automóvel deveria ser procurado como qualquer "puxador".

A tática usada no cerco a Carlos Marighella foi a mesma empregada na captura de marginais. A revista, entrevistando um delegado do DOPS paulista, obteve a seguinte informação: - "Quando a gente prende um malandro, ladrão ou assassino, enfim um bandido, e a gente sabe que ele tem um companheiro, obrigamos o preso a nos levar até o barraco onde o outro mora. O bandido vai lá, bate na porta, o outro pergunta: "quem é?', e o bandido responde: "sou eu".

O camarada abre a porta e entram dez policiais junto com o bandido". "Foi assim que Fleury obteve sucesso no combate à subversão: em cada dez diligências, sete eram proveitosas".

ESQUADRÃO da MORTE.

Foi investigado e denunciado pelos Promotores de Justiça Hélio Bicudo (um dos fundadores do PT) e Dirceu de Mello por supostos assassinatos praticados pelo Esquadrão da Morte.

O Delegado Fleury foi apontado pelo Ministério Público de São Paulo como o principal líder desse Esquadrão.

Fleury apresentava-se na corporação policial como líder do esquadrão da morte, com a promessa de para cada policial morto, matar dez bandidos.

Um dos casos, misturando impunidade com onipotência, ocorreu em 17 de junho de 1970, quando acompanhado por nove comparsas, entrou no presídio Tiradentes, de onde retirou cinco presos.

Fleury buscava vingar a morte de um policial horas antes por Adjovan Nunes, o Guri.

Horas depois os cinco presos eram mortos em Guarulhos, outros cinco presidiários foram mortos nas horas seguintes, até que Adjovan foi achado morto em um mato em Itaquera com 150 tiros.

Nesta época o esquadrão passou a ser um estorvo para a ditadura militar pois a imprensa estrangeira e as organizações dos Direitos Humanos apresentavam-no como a banditização do regime.

O Palácio do Planalto teve a ideia de trocar tudo por um golpe publicitário e anunciou que os agentes do crime seriam punidos, isto mereceu o primeiro editorial do The New York Times favorável ao governo desde 1964.

Apesar da iniciativa federal e da predisposição do judiciário paulista, o executivo paulista foi contra: - O governador Abreu Sodré formou uma comissão com o general Luís Felipe Galvão Carneiro da Cunha, um ex-torturador, como presidente.

Apesar disto, Hélio Bicudo conseguiu acusar dois investigadores e um informante, além de apontar a ligação de Fleury com o tráfico de drogas e ter fotos dele antes da emboscada de um bandido em Guarulhos, fornecidas por um padre canadense.

Fleury teve sua prisão pedida, o STF negou um habeas corpus e a reação da ditadura foi imediata: - O padre canadense foi empurrado de cima da torre da igreja, mas sobreviveu; Bicudo foi afastado do inquérito e ameaçado pela Receita Federal.

Bicudo havia identificado 41 execuções, Fleury estava envolvido em 22. Apesar de algumas condenações, não chegou a cumprir pena.

Foi condecorado pelo governador Abreu Sodré (1969) e foi escolhido delegado do ano em duas oportunidades (1974 e 1976), em meio a diversas acusações de tortura e homicídios.

ANISTIA POLÍTICA e MORTE.

Em 1978, na convenção da ARENA em São Paulo, apoiou a candidatura do coronel Erasmo Dias à Câmara dos Deputados. Opôs-se à anistia política promulgada em 1979.

Desde 1968 Fleury vinha sendo investigado por seu envolvimento com o tráfico de drogas e por ter metralhado Domiciano Antunes Filho, conhecido com Luciano, a mando de um traficante rival, José Iglesias, conhecido como Juca.

Em função desse crime, em 1973 teve sua prisão preventiva decretada, mas foi beneficiado por uma lei que facultava a liberdade aos réus primários e com residência fixa, que ficou conhecida como Lei Fleury. Considerada uma vergonha jurídica por alguns especialistas.

Morreu por afogamento, segundo a sua mulher Maria Izabel Oppido, presente em sua lancha na madrugada de 1º de maio de 1979.

Seu corpo foi sepultado sem ter sido necropsiado, o que gerou comentários de que ele teria sido assassinado pela esquerda como vingança ou como "queima de arquivo" pelos seus antigos colaboradores da ditadura.

Segundo relatos no livro “Memórias de uma Guerra Suja”, o ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social do Espírito Santo (Dops), Cláudio Antônio Guerra, assume na condição de um ex-agente da repressão aos opositores da ditadura militar, que o também delegado Sérgio Paranhos Fleury teria sido assassinado por ordem dos próprios militares.

Segundo Claudio Guerra, "o delegado Fleury tinha se tornado um homem rico desviando dinheiro dos EMPRESÁRIOS que pagavam para sustentar as ações clandestinas do regime militar e não obedecia mais a ninguém, agindo por conta própria".

Segundo o mesmo, "Fleury teria sido dopado e levado uma pedrada na cabeça antes de cair no mar, fato que justificaria a estranha ausência da necropsia do cadáver".

O delegado Fleury era conhecido e temido publicamente no Estado de São Paulo como agente apoiador da ditadura, torturador e assassino de opositores ao regime militar.

Assim, quando sua morte foi anunciada pelo jornalista Juca Kfouri no famoso Comício do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC no estádio da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, ainda durante o 1º de maio, a notícia de sua morte foi supostamente festejada e efusivamente aplaudida por aproximadamente cem mil pessoas.

CINEMA.

01 - Sérgio Fleury é interpretado por Cássio Gabus Mendes no filme Batismo de Sangue (2007), do diretor Helvécio Ratton.

02 - Também por Ernani Moraes, como Delegado Flores no filme Lamarca (1994), de Sérgio Rezende.

03 - O personagem de um delegado da repressão interpretado pelo ator Carlos Zara no filme Pra Frente Brasil (1980), também é vagamente inspirado no delegado Sérgio Fleury.

Observação do escriba: Na Wikipédia estão disponíveis 19 (dezenove) referências sobre Sérgio Fleury.

Categorias:

• Nascidos em 1933.

• Mortos em 1979.

• Anos de chumbo (Brasil).

• Ditadura militar no Brasil (1964–1985).

• Naturais de Niterói.

• Policiais do Brasil.

• Brasileiros assassinados.

Esta página foi editada pela última vez às 15h03min de 20 de julho de 2017.

7ª parte.

Governo Demite Filho de Símbolo da Ditadura.

Com carreira polêmica na Polícia Civil, 'Fleurizinho' foi acusado de presentear secretárias de uma juíza, com bolsas Louis Vuitton, falsificadas.

Bruno Tavares, Marcelo Godoy, O Estado de S. Paulo. 03 Junho 2010/00h00.

Improbidade. - Fleury também é investigado por Promotoria.

O governador Alberto Goldman (PSDB) demitiu ontem da Polícia Civil o delegado Paulo Sérgio Oppido Fleury.

A decisão foi tomada em processo administrativo no qual o delegado era acusado de presentear as secretárias da então juíza-corregedora Ivana David Boriero, com bolsas Louis Vuitton, falsificadas.

Isso foi considerado um "procedimento irregular de natureza grave", o que acarretou a demissão.

A decisão do governador foi publicada ontem no Diário Oficial. Fleury é filho do delegado Sérgio Paranhos Fleury, símbolo do esquadrão da morte e da repressão política no País durante o regime militar.

Fleury, o pai, trabalhava no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) quando o ex-comunista Alberto Goldman ainda militava no Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Já o filho fez na polícia uma carreira menos polêmica do que o pai.

No caso das bolsas, Fleurizinho, como é conhecido, foi condenado em primeira instância a 2 anos de prisão, mas acabou absolvido pela 15.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

Apesar disso, o processo administrativo, que é independente do processo criminal, continuou.

O delegado Marco Antônio Desgualdo, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), havia proposto a suspensão de Fleury.

A pena de suspensão havia sido aceita pelo então Secretário da Segurança, Ronaldo Bretas Marzagão.

O problema é que a competência para decidir processos administrativos de delegados, por lei, não é do secretário, mas do governador.

Assim, o atual secretário, Antônio Ferreira Pinto, anulou a decisão de seu sucessor e enviou o caso para o Palácio dos Bandeirantes, a fim de que o governador decidisse o destino de Fleurizinho.

O policial era o todo-poderoso da delegacia de combate à pirataria quando foi acusado de desviar mercadorias apreendidas.

Segundo o Ministério Público Estadual, Fleurizinho teria transformado sua empresa de assessoria (Fleury Consultoria Ltda.), em uma espécie de delegacia pirata, fazendo da unidade policial que chefiava uma extensão de suas atividades empresariais.

O delegado usava o posto que comandava para fazer as investigações contratadas pelos clientes de sua empresa.

Foram achados 25 autos de apreensão de mercadorias sem vínculo com inquéritos, cujos bens não haviam sido enviados à perícia, mas "subtraídos pelos denunciados", segundo denúncia dos promotores de Justiça.

Por causa disso, Fleurizinho foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão.

Ele recebeu da 23.ª Vara Criminal o direito de apelar em liberdade da condenação - o TJ ainda não analisou o recurso.

O processo administrativo desse caso ainda não foi concluído. O delegado é investigado ainda pela 4.ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social sob suspeita de improbidade administrativa.

Vítima. - Fleury se diz vítima de perseguição pessoal do secretário Ferreira Pinto e afirma que é inocente. Sua defesa alega que ele não praticou crime ao presentear as secretárias, pois a empresa dona da marca não representou pela apreensão.

O Estado procurou seu advogado, Jorge Henrique Monteiro Martins, mas ele não retornou as ligações.

Fleurizinho é o segundo importante delegado da Polícia Civil paulista demitido pela atual gestão desde que o governo decidiu investir no combate à corrupção policial por meio da subordinação, em 2009, da Corregedoria da Polícia Civil diretamente ao gabinete do secretário da Segurança Pública.

Antes dele, foi demitido o delegado André Luiz Martins Di Rissio Barbosa, ex-presidente da associação dos delegados, que foi condenado pela Justiça a 23 anos e 8 meses de prisão sob a acusação de corrupção.

PARA LEMBRAR.

Fleury, o pai, foi um dos chefes da repressão. Era 1.º de maio de 1979 quando um escorregão matou o delegado Sérgio Paranhos Fleury. O doutor Fleury caiu do barco em que estava em Ilhabela (SP) e morreu afogado.

O acidente banal acabou com a vida do homem que matou alguns dos maiores inimigos do regime militar (1964-1985), como os líderes comunistas Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira.

Militares aprenderam com ele a prender, torturar e matar. Criou a figura do cachorro, o militante de esquerda que mudava de lado e delatava colegas - caso de José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo.

O promotor Hélio Bicudo tentou condená-lo pelos crimes do esquadrão da morte - quando teve, por pouco tempo, a prisão decretada, ele ficou detido em seu gabinete, no Palácio da Polícia.

Os policiais o viam como um líder. Foi capaz de explorar o medo que seu nome causava para obter a rendição de um bandido que mantinha reféns em um bar no centro de São Paulo. Tornou-se um dos símbolos daqueles anos de chumbo.

8ª parte.

CABO ANSELMO.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

José Anselmo dos Santos, conhecido na história recente do Brasil como Cabo Anselmo (Itaporanga d'Ajuda - Sergipe, 13 de fevereiro de 1942), é um ex-militar brasileiro, líder durante a Revolta dos Marinheiros, que deu início à série de eventos que culminariam na derrubada do presidente eleito João Goulart pelo golpe de Estado de 1964, e na ditadura militar que governaria o Brasil nos vinte e um anos seguintes.

Agente infiltrado das forças de repressão do governo militar, Anselmo coletava e fornecia aos militares informações que lhes permitiram capturarem guerrilheiros e opositores da esquerda, incluindo sua noiva, que, mesmo grávida, foi brutalmente torturada e morreria em uma prisão militar.

AÇÕES DURANTE a DITADURA MILITAR.

Anselmo, figura que passou a se tornar conhecida em setembro de 1963, com a revolta dos sargentos e militares de baixa patente, procurava dar a falsa impressão de que era um militar identificado com ideias marxistas.

Após o golpe de Estado de 1964, Anselmo foi julgado pelos militares por sua participação na Revolta dos Marinheiros, e expulso da Marinha pelo crime de motim e revolta.

Chegou a ser preso, mas "fugiu", exilando-se por último em Cuba e voltando ao Brasil somente em 1970, quando tornou-se membro atuante do movimento guerrilheiro brasileiro que combatia a ditadura.

Acabou preso por Sérgio Paranhos Fleury e levado para o Dops.

Somente após esta prisão, Anselmo reconhece ter aceitado trabalhar para o Governo Militar, quando infiltrou-se em grupos de esquerda e movimentos sindicalistas.

Porém, havia suspeitas de que antes de 1964, Anselmo já fosse um agente infiltrado nesses movimentos, sendo sua função fornecer informações para os órgãos de repressão do governo.

Tal suspeita tem base em depoimentos como o do policial Cecil Borer, ex-diretor do DOPS do Rio de Janeiro. Cecil afirma que Cabo Anselmo já possuía treinamento específico para trabalhos de infiltração antes do golpe militar.

Apesar de negativas de Cabo Anselmo e seus apoiadores, há evidências documentais das próprias Forças Armadas que ele realmente já fosse agente de infiltração, antes de 1964 e da revolta dos marinheiros.

Teria se tornado militante radical de esquerda a partir de 1970, e depois, participou da morte dos próprios companheiros de esquerda.

Mesmo considerada apenas sua atuação assumida como agente da repressão, Anselmo levantou com sucesso uma grande quantidade de dados sobre os movimentos dos guerrilheiros brasileiros, resultando na prisão, morte e tortura de vários de seus integrantes.

Entre eles, estava a noiva de Anselmo, Soledad Barrett Viedma, grávida de quatro meses.

Mesmo assim, Anselmo a entregou para o delegado Sérgio Paranhos Fleury. Soledad não resistiu as torturas e morreu.

Após sua função de agente infiltrado ser descoberta pelos guerrilheiros, Anselmo desapareceu entre 1972 e 1973, época que foi dado oficialmente como morto, pelas forças de segurança do Governo Militar.

VOLTA APÓS a REDEMOCRATIZAÇÃO.

A desconfiança a respeito de sua morte desapareceu a partir do momento em que o Cabo Anselmo foi entrevistado pelo jornalista Octavio Ribeiro, com sua publicação pela Revista Isto É, na edição de 28 de março de 1984.

Foi entrevistado pelo jornalista Percival de Souza, em 1999. Em 30 de agosto de 2009, Cabo Anselmo participa do programa Canal Livre, da Rede Bandeirantes de Televisão. Participou ainda do Programa Roda Viva da TV Cultura em 17 de outubro de 2011.

APOSENTADORIA.

Cabo Anselmo pleiteia uma identidade formal, pois desde que foi cassado nunca mais conseguiu documentos que provassem ser ele José Anselmo dos Santos.

Requereu junto ao governo de São Paulo o pagamento de indenização pago aos que foram presos e torturados no estado, durante a ditadura militar.

O ex-marinheiro reivindica ainda uma aposentadoria condizente com o posto que ocuparia hoje na Marinha, que seria o de suboficial aposentado.

O argumento de Anselmo é que a indenização da Comissão de Anistia não deve beneficiar apenas os militantes de esquerda.

Ele alega que todos que foram de alguma forma prejudicados ou cassados em seus postos em razão do golpe militar deveriam ser beneficiados.

O então ministro durante o Governo Lula, Paulo Vannuchi, afirmou em 2009 que é remota a possibilidade de Cabo Anselmo vir a receber qualquer tipo de indenização ou aposentadoria.

Ele afirma que a reivindicação de Anselmo não procede porque desde o início da ditadura o ex-marinheiro teria sido um agente do Estado.

REFERÊNCIAS.

- «Soledad, a mulher do Cabo Anselmo». Carta Maior. Consultado em 21 de fevereiro de 2016.

- Ver na reportagem da "Folha de S.Paulo" de 21/12/2012, citada abaixo, detalhe referente ao depoimento de ex-secretária do General Lott, ao Centro de Inteligência da Aeronáutica em 1966.

- Ação de Cabo Anselmo é pré-64, diz policial.

- Matéria do jornal "A Folha de S. Paulo" de 21/12/2012 sobre documentos das forças armadas, ao lado de outras provas reunidas que contradizem Cabo Anselmo.

- Elio Gaspari "A Ditadura Escancarada - Vol. 2" Cia das Letras, 2002 pág. 347".

- F.C. Leite Filho, Neiva Moreira "El caudillo Leonel Brizola: um perfil biográfico" Ed. Aquariana Ltda. 2008 ISBN 9788572171120 páginas 265-66 visualização Google Livros.

- Soledad, a mulher do cabo Anselmo.

- Linha direta justiça.

- Em entrevista ao Canal Livre, Cabo Anselmo diz não se considerar um traidor.

- Para o ministro Vannuchi, Cabo Anselmo não será anistiado.

LIGAÇÕES EXTERNAS.

- Advogado de Cabo Anselmo rebate dúvida de Tarso Genro.

- Tarso Genro diz que concessão de anistia a Cabo Anselmo é questionável.

- Cabo Anselmo Reaparece.

Categorias:

• Nascidos em 1942.

• Naturais de Itaporanga d'Ajuda.

• Militares de Sergipe.

9ª parte.

O Incendiário Discurso do Cabo Anselmo.

Publicado por Paulo Kautscher em 25 março 2009 às 11:34 em Cultura.

Brasil, meados de março de 1964. Os cabos e marinheiros brasileiros, sob a liderança do marinheiro de 1ª classe José Anselmo dos Santos (cabo Anselmo, para a Imprensa) amotinam-se.

A quebra da hierarquia é o sinal que leva o alto escalão das Forças Armadas a desencadear o golpe militar de 31 de março.

Após o golpe foi expulso da Marinha pelo crime de motim e revolta. Chegou a ser preso, mas fugiu e exilou-se no Uruguai e depois em Cuba, onde teria feito treinamento de guerrilha.

Voltou ao Brasil em 1970 e ligou-se como membro atuante no movimento guerrilheiro. Acabou preso pelo famigerado delegado Sérgio Paranhos Fleury, do Dops.

Nesse momento, a história muda e o militar passa a ser acusado de ter atuado como agente duplo infiltrando-se em grupos esquerdistas. .

Logo depois da sua prisão, Anselmo teria mudado de lado e aceitado trabalhar para o regime, passando a trair seus antigos companheiros terroristas, entregando-os às forças legais.

Infiltrou-se em grupos armados como a VPR, sendo envolvido no estouro de aparelhos de guerrilha e na prisão, tortura e morte de militantes comunistas.

Numa de suas chacinas, morreu sua esposa, com seu auxílio, a paraguaia Soledad Barret Viedma, que estava grávida do próprio, há cinco meses, e que Anselmo entregara aos órgãos repressivos. Soledad apareceu morta ao lado do feto.

O primeiro a escrever sobre Cabo Anselmo foi Marco Aurélio Garcia, atual chefe da assessoria especial do presidente Lula.

Depois de ter sido acusado de traidor, Anselmo desapareceu entre 1972 e 1973, quando então foi dado como morto, ou pelas forças de segurança da ditadura militar ou justiçado pelos guerrilheiros.

A dúvida desapareceu a partir do momento em que o Cabo Anselmo foi entrevistado pelo jornalista Octavio Ribeiro (Pena Branca), com sua publicação pela Revista Isto É, na edição de 28 de março de 1984.

Posteriormente foi entrevistado pelo jornalista Percival de Souza, em 1999.

Seu paradeiro ainda é ignorado, permanecendo na clandestinidade há mais de 30 anos. Há quem diga ainda que o Serviço de Inteligência da Marinha lhe garantiu proteção, por ter sido agente duplo ajudando nas investigações, concedendo-lhe nova identidade.

No dia 25 de março de 1964, poucos dias antes do golpe militar que derrubou João Goulart, o presidente da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil, fez um veemente discurso durante ato comemorativo do segundo aniversário da entidade.

O discurso teve grande repercussão e, para pressionar o comando da Marinha a rever as punições aplicadas contra 12 dirigentes da AMFNB, a entidade resolveu transformar a comemoração em assembleia permanente, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro.

Fuzileiros navais enviados ao local para debelar a sublevação uniram-se aos amotinados, abrindo uma gravíssima crise na Marinha.

O movimento só foi sufocado com a ajuda de tropas da Polícia do Exército, mas Jango deu mão forte aos marinheiros.

Substituiu o ministro da Marinha e mandou libertar os marujos. Dias depois, era deposto.

É a seguinte a íntegra do discurso:

“Aceite, Senhor Presidente, a saudação dos marinheiros e fuzileiros navais do Brasil, que são filhos e irmãos dos operários, dos camponeses, dos estudantes, das donas de casa, dos intelectuais e dos oficiais progressistas das nossas Forças Armadas;

Aceite, Senhor Presidente, a saudação daqueles que juraram defender a Pátria, e a defenderão se preciso for com o próprio sangue dos inimigos do povo: latifúndio e imperialismo;

Aceite, Senhor Presidente, a saudação do povo fardado que, com ansiedade, espera a realização efetiva das reformas de base, que libertarão da miséria os explorados do campo e da cidade, dos navios e dos quartéis.

Brasileiros civis e militares! Meus companheiros!

A Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil completa, neste mês de março, o seu segundo aniversário.

E foram as condições históricas, a fome, as discriminações, os anseios de liberdade, as perseguições e as injustiças sofridas, que determinaram a criação de uma sociedade civil, realmente independente, com a finalidade de unir, através da educação, da cultura e da recreação, os marinheiros e fuzileiros navais do Brasil.

Autoridades reacionárias, aliadas ao antipovo, escudadas nos regulamentos arcaicos e em decretos inconstitucionais, a qualificam de entidade subversiva.

Será subversivo manter cursos para marinheiros e fuzileiros? Será subversivo dar assistência médica e jurídica? Será subversivo visitar a Petrobrás? Será subversivo convidar o Presidente da República para dialogar com o povo fardado?

Quem tenta subverter a ordem não são os marinheiros, os soldados, os fuzileiros, os sargentos e os oficiais nacionalistas, como também não são os operários, os camponeses e os estudantes.

A verdade deve ser dita.

Quem, neste País, tenta subverter a ordem são os aliados das forças ocultas, que levaram um Presidente ao suicídio, outro à renúncia, e tentaram impedir a posse de Jango e agora impedem a realização das reformas de base; quem tenta subverter são aqueles que expulsaram da gloriosa Marinha o nosso diretor, em Ladário, por ter colocado na sala de reuniões um cartaz defendendo o monopólio integral do petróleo; quem tenta subverter a ordem são aqueles que proibiram os marujos do Brasil, nos navios, de ouvir a transmissão radiofônica do comício das reformas.

Somos homens fardados. Não somos políticos. Não temos compromissos com líderes ou facções partidárias.

Entretanto, neste momento histórico, afirmamos o nosso entusiástico apoio ao decreto da Supra, ao da encampação da Capuava e demais refinarias particulares, e ao do tabelamento dos aluguéis.

Aguardamos, aliados ao povo, que o Governo Federal continue a tomar posições em defesa da bolsa dos trabalhadores e da emancipação econômica do Brasil.

Na data de hoje comemoramos o nosso segundo aniversário, isto é, o aniversário da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil.

Ao nosso lado estão os irmãos das outras armas: sargentos do Exército e da Aeronáutica, soldados, cabos e sargentos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros.

Estão, também, companheiros da mesma luta, os sargentos da nossa querida Marinha de Guerra do Brasil.

Aqui, sob o teto libertário do Palácio do Metalúrgico, sede do glorioso e combativo Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos do Estado da Guanabara, que é como o porto em que vem ancorar o encouraçado de nossa Associação, selamos a unidade dos marinheiros, fuzileiros, cabos e sargentos da Marinha com os nossos irmãos militares do Exército e da Aeronáutica, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, e com os nossos irmãos operários.

Esta unidade entre militares e operários completa-se com a participação dos oficiais nacionalistas e progressistas das três armas na comemoração da data aniversária de nossa Associação.

Nós, marinheiros e fuzileiros, que almejamos a libertação de nosso povo, assinalamos que não estamos sozinhos.

Ao nosso lado, lutam, também, operários, camponeses, estudantes, mulheres, funcionários públicos e a burguesia progressista; enfim, todo o povo brasileiro.

Nosso empenho é para que sejam efetivadas as reformas de base, Reformas que abrirão largos caminhos na redenção do povo brasileiro.

Eis por que, do alto desta tribuna do Palácio do Metalúrgico, afirmamos à Nação que apoiamos a luta do Presidente da República em favor das reformas de base.

Aplaudimos com veemência a Mensagem Presidencial enviada ao Congresso de nossa Pátria.

Clamamos aos deputados e senadores que ouçam o clamor do povo, exigindo as reformas de base. Ainda esperamos que o Congresso Nacional não fique alheio aos anseios populares.

E com urgência reforme a Constituição de 1946, ultrapassada no tempo, a fim de que, extinguindo o § 16 do art. 141, possa realmente, no Brasil, se fazer uma reforma agrária.

Dizemos que somos contrários à indenização prévia em dinheiro para desapropriações.

O bem-estar social não pode estar condicionado aos interesses do Clube dos Contemplados.

É necessário que se reforme a Constituição para estender o direito de voto aos soldados, cabos, marinheiros e aos analfabetos.

Todos os alistáveis deverão ser elegíveis, para que novamente não ocorra a injustiça como a cometida contra o sargento Aimoré Zoch Cavalheiro.

Em nossos corações de jovens marujos palpita o mesmo sangue que corre nas veias do bravo marinheiro João Cândido, o grande Almirante Negro, e seus companheiros de luta que extinguiram a chibata na Marinha.

Nós extinguiremos a chibata moral, que é a negação do nosso direito de voto e de nossos direitos democráticos.

Queremos ver assegurado o livre direito de organização, de manifestar o pensamento, de ir e vir.

Defendemos intransigentemente os direitos democráticos e lutamos pelo direito de viver como seres humanos.

Queremos, na prática, a aplicação do princípio constitucional: "Todos são iguais perante a lei".

Nós, marinheiros e fuzileiros navais, reivindicamos: reforma do Regulamento Disciplinar da Marinha, regulamento anacrônico que impede até o casamento; não interferência do Conselho de Almirantado nos negócios internos da Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil; reconhecimento pelas autoridades navais da AMFNB; anulação das faltas disciplinares que visam apenas a intimidar os associados e dirigentes da AMFNB; estabilidade para os cabos, marinheiros e fuzileiros; ampla e irrestrita anistia aos implicados no movimento de protesto de Brasília.

Iniciamos esta luta sem ilusões. Sabemos que muitos tombarão para que cada camponês tenha direito ao seu pedaço de terra, para que se construam escolas, onde os nossos filhos possam aprender com orgulho a História de uma Pátria nova que começamos a construir, para que se construam fábricas e estradas por onde possam transitar nossas riquezas.

Para que o nosso povo encontre trabalho digno, tendo fim a horda de famintos que morrem dia a dia sem ter onde trabalhar nem o que comer.

E sobretudo para que a nossa Bandeira verde e amarela possa cobrir uma terra livre onde impere a paz, a igualdade e a justiça social.”

Observação do escriba: - Aqui em Sergipe conheço um petista (Partido dos Trambiqueiros), cujo discurso é bonitinho como o de cima. Na prática, faz exatamente o contrário. Falta alguém na PAPUDA!

10ª parte.

CECIL BORER.

Ex-diretor do Dops contou que Espiãs iam para a Cama em busca de Segredos.

Mário Magalhães - 13/03/2014 - 18h02min.

Antiga sede do Dops do Rio; Cecil Borer foi diretor – Foto Pedro Oswaldo Cruz/Acervo Inepac.

Foi Cecil de Macedo Borer (1913-2003), e não o delegado Sérgio Fernando Paranhos Fleury (1933-79) ou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, 81, o mais marcante agente da repressão política no Brasil do século XX.

Os três serviram a ditaduras e barbarizaram à margem da lei, mas o mais influente e longevo como repressor foi o baiano Borer.

O ex-arremessador de peso ingressou na polícia política do antigo Distrito Federal, no Rio, em 1932.

Aposentou-se em 1965, na condição de diretor da repartição que se celebrizou como Dops (Departamento de Ordem Política e Social), sua denominação por muitos anos.

Há meio século, às vésperas do golpe de Estado de 1964, Borer comandava o Dops carioca.

Conspirou e atuou na deposição do presidente constitucional João Goulart. Ganhou fama como torturador e pioneiro do Esquadrão da Morte.

Em abril de 2001, escrevi na ''Folha de S. Paulo'' uma reportagem para a qual entrevistei Borer.

Entre outras lembranças, o policial apontou o torturado mais resistente que conheceu e reconstituiu a introdução de mulheres na espionagem política.

Contou que as arapongas, se necessário, iam para a cama em busca de informações.

A matéria anunciava a entrega do antigo prédio do Dops ao Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, que também montaria lá um espaço de memória política.

A cerimônia de transferência de fato ocorreu, como antecipara a reportagem.

Mas no ano seguinte, no mandato de Benedita da Silva, que sucedera Anthony Garotinho no Palácio Guanabara, o governo dobrou-se às pressões de policiais e cancelou a saída da Polícia Civil e a entrada do arquivo. Tudo continuou como antes.

Hoje, entidades de defesa dos direitos humanos se mobilizam para que o velho prédio do Dops seja um ''centro de memória da resistência''.

O blog reproduz na íntegra o texto de 2001, que recapitula um pouco da história da sede do Dops, que teve em Borer o seu chefe mais temido.

Polícia do Rio perde Símbolo da Tortura.

Na próxima terça-feira, às 11h, quando o ex-analista de informações do DOI (órgão de repressão aos opositores da ditadura 1964-85) Josias Quintal e a ex-guerrilheira e ex-presa política Jessie Jane Vieira de Souza se cumprimentarem, um pedaço da história do Brasil trocará de mãos.

Quintal, hoje secretário de Segurança Pública do Rio, e Jessie Jane, atual presidente do Arquivo Público do Estado, serão os protagonistas da solenidade de transferência do controle do prédio situado na Rua da Relação, 40, esquina com a Rua dos Inválidos, no centro da cidade.

Noventa e um anos após a construção do prédio de três andares, em 1910 (houve ampliação em 1922), num estilo arquitetônico chamado de ''francês eclético'', a Rua da Relação passará a sediar o Arquivo do Estado, e não mais repartições policiais.

O que foi um templo da tortura de adversários políticos de diversos regimes vai se transformar num centro dedicado à preservação da memória do país.

O local abrigou as polícias políticas da República Velha (até 1930), do primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-45), de Eurico Gaspar Dutra (1946-51), do epílogo da era Vargas (1951-54), de Juscelino Kubitschek (1956-61), que transferiu a capital federal para Brasília, e dos Estados da Guanabara (1960-74) e do Rio de Janeiro (1974-83).

Ainda hoje o prédio que acolhe a Delegacia de Repressão a Entorpecentes e a Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos são conhecidos como ''''sede do Dops''.

O Dops (Departamento de Ordem Política e Social) foi o órgão estadual de polícia política na ditadura instituída com a deposição de João Goulart.

Em 1983, o governador Leonel Brizola (PDT) o extinguiu.

Nunca tantos e tão importantes espiões e repressores brasileiros passaram tantos anos tendo o mesmo prédio como seu quartel-general.

Nunca um espaço de castigo físico sistemático de opositores políticos no Brasil do século 20 teve existência tão duradoura.

É para lá que vai voltar o arquivo com 2,5 milhões de fichas produzidas pelos agentes secretos em quase um século, na tarefa cotidiana de bisbilhotar a vida alheia.

O acervo reúne documentos ainda mais antigos, a partir de 1795. Se os papéis fossem colocados numa pilha, a altura alcançaria 3 km.

Deterioração.

Quem entra hoje no prédio se assusta com o cenário de terra arrasada: veem-se baratas e pombos mortos, tetos e divisórias de madeira devastada por cupins, vitrais quebrados, azulejos destruídos, paredes esburacadas.

O elevador com duas portas rangentes de ferro no saguão é o mesmo do qual Luiz Carlos Prestes viu pela última vez sua mulher, Olga Benário, conforme relato de Fernando Morais no livro ''Olga''.

Era 1936, e no ano anterior Prestes havia liderado um levante contra o governo Vargas. Judia alemã, Olga foi deportada e morreu num campo de concentração nazista.

No terceiro andar, uma proteção metálica de 2 metros de altura ainda sobrepõe-se ao corrimão de ferro.

Após a dita Intentona Comunista, em 1935, o militante norte-americano Victor Allen Barron morreu ao atirar-se - ou ser atirado - no pátio interno, desesperado com as sessões de tortura a que era submetido. Resolveu-se, aí, instalar a proteção.

No mesmo terceiro andar ficava o Ratão, cela onde o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) ficou preso em 1970, quando era guerrilheiro. O nome se devia às ratazanas que atazanavam os presos.

Nem o relógio no alto de uma torre no pátio funciona: estacionou pontualmente às 11h03 (ou 23h03), não se sabe quando.

Até hoje funcionários dizem ouvir de madrugada barulho de almas penadas, fantasmas de torturados e mortos desde o começo do século no prédio - de 1924 a 1926 -, centenas de anarquistas foram encarcerados ali, onde também funcionou o Instituto Médico Legal do Distrito Federal.

Desde 1998 os documentos do Arquivo do Estado estão armazenados, em lastimáveis condições, num sobrado emprestado pelo Metrô, em Botafogo (zona sul).

O plano do arquivo é restaurar a fachada, remodelar as estruturas elétrica, hidráulica e de concreto e construir espaços temáticos na Rua da Relação.

Para isso, são necessários R$ 5 milhões, a serem levantados basicamente com empresas privadas, que terão o benefício das leis de incentivo cultural.

No mês que vem, a Polícia Civil vai retirar do local o depósito de 110 mil armas apreendidas - das quais 100 mil serão destruídas -, com autorização da Justiça.

As repartições que lá estão baseadas também sairão.

A diretora Jessie Jane nega que o projeto seja o de um museu da tortura, embora características se assemelhem às dos museus sobre o Holocausto erguido na Europa.

Como concessão à Polícia Civil, corporação na qual houve restrições à cessão do prédio, será montado o Museu da História da Segurança Pública.

Uma faixa colocada por policiais civis está afixada na fachada, citando bandeira dos advogados da instalação do arquivo: - ''Em defesa dos direitos humanos, este prédio é nosso''.

A Folha tentou ouvir o secretário Josias Quintal na quinta e na sexta-feira, mas ele estava incomunicável no interior do Rio.

Ex-diretor Revela como era Espionagem.

Quando o estudante Carlos Lacerda foi preso no centro do Rio panfletando na primeira metade dos anos 1930, foi o policial Cecil de Macedo Borer quem o prendeu.

Quando quatro militantes comunistas foram recrutados como agentes duplos após o levante de 1935, foi Borer quem os recrutou.

Em seguida à detenção de integralistas, em 1938, e nazistas, na década de 40, os interrogatórios foram conduzidos por Borer.

Quando uma pequena tropa de espiões se infiltrou em organizações revolucionárias e sindicatos às vésperas do golpe de Estado de 1964, seu chefe era Borer.

Foi Borer (pronuncia-se ''Borér'') quem comandou a caçada a militantes de esquerda e partidários do governo João Goulart (61-64) nos meses posteriores ao golpe.

De 1932, quando se tornou agente do serviço secreto do antigo Distrito Federal, até 1965, ao aposentar-se como diretor do Dops da Guanabara, Cecil Borer tornou-se uma legenda da polícia política - e sinônimo do prédio da Rua da Relação -, 40.

Aos 87 anos, presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Rio, ele revelou alguns de seus segredos à Folha.

Em 1932, aos 18 anos, Borer foi um dos 200 atletas convidados para ingressar na recém-criada Polícia Especial do governo de Getúlio Vargas.

Alto e parrudo, era arremessador de peso e disco do Fluminense (seu irmão mais novo, Charles, viria a ser presidente do Botafogo).

Foi destacado para o quadro móvel, eufemismo que designava o serviço de inteligência (espionagem) de Vargas.

Espécie de araponga da primeira metade do século 20 evitava o prédio da Polícia Central, na Rua da Relação, para não ser reconhecido.

''Na época já se encostava a filhas de pessoas importantes para namorar, saber das coisas'', lembra Borer.

''Pela primeira vez usamos várias mulheres em serviço de inteligência no Brasil.'' Para obter informações, ''elas iam até à cama, se necessário''.

Em 1934, Borer passou a dar expediente em tempo integral na Rua da Relação, como chefe de turma de sindicância e investigações.

Nas semanas seguintes ao movimento comunista de novembro de 1935, seu principal objetivo era encontrar os cabeças da conspiração. ''Aliciei quatro militantes que estavam presos. Nós os soltamos, e eles nos levaram aos líderes, inclusive a Luiz Carlos Prestes. ''

Na época, casas eram invadidas quando a repressão bem entendia: ''Não havia mandado de busca e apreensão, nada disso. A polícia era o poder absoluto''.

Borer não é menos sincero ao falar da parcialidade da Justiça: ''No Tribunal de Exceção, a priori a pessoa já estava julgada''.

Sessenta e cinco anos depois das torturas que levaram à demência irreversível o comunista alemão Arthur Ernst Ewert, um dos artífices do levante de 1935, Borer não esquece a têmpera do homem que, por meses a fio de 1936, se negou a dar uma só informação aos algozes.

''Foi a pessoa com maior trabalho mental, determinação e inteligência que já conheci'', afirma Borer, referindo-se a Ewert por seu codinome, Harry Berger.

Altamente preparado, Berger resistiu a todo o tipo de pressão. “Batiam nele o dia inteiro no convento do morro de Santo Antônio (centro do Rio), onde estava preso, e não falava nada”.

Borer diz ter conhecido Ewert quando o alemão passou pela Rua da Relação. Sobre ''todo o tipo de pressão'', é reticente: ''Punha-se de pé, nu, sem poder sentar. É normal. Se em troca disso alguém passasse informação, você usava. Quem vivesse a situação não veria nada de anormal. A ação era compatível com a circunstância. O objetivo era correr contra o tempo''.

Em contraste com contemporâneos que nas décadas seguintes se obstinaram em reescrever suas biografias, Borer ainda hoje defende a extradição na qual, em 1936, Vargas entregou a judia e comunista Olga Benário, mulher de Luiz Carlos Prestes, ao governo nazista da Alemanha, que a mataria num campo de concentração.

''Agora todos condenam'', diz. ‘Na “ocasião, não havia por que não atender ao pedido de extradição da Alemanha’”. Borer esteve com Olga na Rua da Relação, onde ela ficou presa dez dias. Lá, cansou-se de interrogar o secretário-geral do Partido Comunista Argentino, Rodolfo Ghioldi, outro líder do ''putsch'' de 1935. Foi Borer quem o levou de volta a seu país de origem, onde foi libertado.

Em 1954, às vésperas do suicídio de Getúlio Vargas no dia 24 de agosto, Borer foi chamado, conforme suas memórias, para interrogar na Base Aérea do Galeão o chefe de segurança do presidente, Gregório Fortunato.

Gregório era acusado de planejar o atentado de dias antes na Rua Tonelero contra o inimigo supremo de Vargas, Carlos Lacerda. Lacerda escapou, mas um segurança, o major-aviador Rubens Vaz -, morreu.

Em 1960, quando seu antigo preso e depois amigo Carlos Lacerda (que abandonara o comunismo e se tornara conservador) elegeu-se governador da Guanabara, Borer deixou a direção do Dops e passou um tempo como delegado de vigilância - antes, conduzira a seção que investigava o movimento sindical.

Trocou a perseguição a adversários políticos pela procura de bandidos com apelidos como Cara de Cavalo, Coisa Ruim e Mineirinho.

Em 1963, a pedido de Lacerda, voltou ao Dops. O tempo estava ficando quente. Borer ensina uma lição dos tempos em que correu atrás de criminosos comuns: ''Com os presos políticos, ao contrário do que acontece com os malandros, é preciso usar a inteligência, não só a força física''.

No fim do governo Lacerda, em 1965, Borer deixou o Dops e se aposentou. ''Esqueceu'' o nome dos infiltrados que acompanharam o séquito de Goulart no Uruguai. Conta ter se desfeito do arquivo particular de 700 kg.

Borer assegura não ter saudade dos tempos de Dops. Não foi convidado para a cerimônia de terça-feira, que marcará a despedida simbólica da polícia. Sobre o prédio, diz: ''Não é que lá residisse a repressão. Mais que isso: grande parte da história do Brasil aconteceu ali dentro''.

'Hóspedes' do Prédio Narram Experiências.

Antigos ''hóspedes'' narraram suas experiências. O cartunista Ziraldo, 68, esteve preso em 1970. Quando chegou, havia dezenas de motoristas de ônibus detidos, porque a mulher de um general caíra de um ônibus na zona sul e culpara o chofer - desconhecido.

Ziraldo foi levado pela polícia com uma camisa cáqui, a mesma cor do uniforme dos condutores de ônibus. Ele a comprara em Nova York na mesma loja onde o escritor Ernest Hemingway encomendava as suas.

Um adolescente de esquerda indagou-o sobre o grupo político a que pertencia.

''Qual a sua linha?'', perguntou o jovem, segundo Ziraldo. ''Sou um democrata, defendo a democracia'', disse. ''Não, linha de ônibus, qual é?'', insistiu o jovem, pensando que Ziraldo era mais um motorista detido pela polícia.

Preso três vezes, o jornalista Moacir Werneck de Castro, 86, se diz um ''usuário'' do local. ''O prédio tinha uma fama sinistra'', afirma.

“Evitava-se passar por sua calçada, com medo de ser apanhado e levado para dentro”.

O ator Mário Lago, 89, foi preso cinco vezes. Numa delas, um policial jogou à cela um mendigo com a roupa embebida em ácido. ''Isso é perfume francês, seus comunistas'', disse o carcereiro.

A psicóloga Cecília Coimbra, 60, vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, do Rio, ficou na carceragem feminina em 1970.

Ela conta ter sido recebida com a pergunta de um coronel: ''Sua prostituta, com quantos você trepou?''

11ª parte.

O sequestro do embaixador Elbrick.

CONTEXTO POLÍTICO.

Não é possível compreender o sequestro do embaixador Elbrick fora do contexto da política brasileira nos anos 1960.

Apresentado inicialmente como uma intervenção transitória, o golpe de abril de 1964 em poucos meses se caracterizou como uma ditadura com prazo indeterminado.

Apesar de reprimida, a oposição ao regime mobilizou intelectuais, trabalhadores e estudantes, atingindo seu ponto de maior contestação nas manifestações de rua que se espalharam pelas principais capitais do país durante o ano de 1968.

Em 13 de dezembro de 1968, os militares promulgaram o Ato Institucional N° 5, promovendo um fechamento ainda maior do regime militar e levando alguns setores da oposição, que ainda acreditavam na contestação pacífica, a mergulhar na luta armada. De março a dezembro de 1970, mais três sequestros de diplomatas resultaram na libertação de outros 115 presos políticos. Aos sequestros se somaram assaltos a bancos para obtenção de fundos e ataques a quartéis para recolher armas e munições.

Essas ações demonstraram uma inegável capacidade ofensiva dos grupos armados que se opunham ao regime. Por outro lado, fortaleceram as posições daqueles que defendiam a intensificação da repressão e o prolongamento da intervenção militar na vida nacional.

O momento do sequestro.

Às vésperas da Semana da Pátria de 1969, o Brasil vivia uma situação política peculiar. O marechal Costa e Silva havia sido afastado da presidência da República, em consequência de uma isquemia sofrida em 29 de agosto.

Os ministros militares Aurélio de Lyra Tavares, Augusto Rademaker e Márcio de Sousa Melo baixaram o Ato Institucional N° 12, determinando que assumiriam eles o cargo vago, no lugar do vice-presidente Pedro Aleixo, que foi submetido a uma prisão domiciliar.

Nessa conjuntura, a Dissidência Universitária da Guanabara (DI-GB) adotou o nome MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro) e colocou em prática, juntamente com a ALN (Ação Libertadora Nacional), um plano de sequestro do embaixador Charles Elbrick, visando à libertação de presos políticos e a divulgação de um manifesto revolucionário.

As Forças Armadas, já divididas quanto à sucessão de Costa e Silva, foram pressionadas pelos Estados Unidos a preservar a vida do diplomata. Nas semanas seguintes, foram instituídas a pena de morte e a prisão perpétua em tempo de paz, endurecida a Lei de Segurança Nacional e editada a Emenda Constitucional Nº 1, que tornava ainda mais discricionária a Constituição imposta ao país em 1967.

PERSONAGENS - Os presos libertados em troca do embaixador Elbrick No Dia da Independência de 1969, os jornais de todo o país estamparam, na primeira página, a fotografia de 13 presos políticos em frente ao Hércules 56 da FAB. Em pé, apareciam Luís Travassos, José Dirceu de Oliveira, José Ibrahin, Onofre Pinto, Ricardo Vilas Boas, Maria Augusta Carneiro Ribeiro, Ricardo Zarattini e Rolando Frati. Agachados, estavam João Leonardo Rocha, Agonalto Pacheco, Vladimir Palmeira, Ivens Marchetti e Flávio Tavares.

Não aparecem na foto Gregório Bezerra e Mario Zanconato, embarcados em Recife e Belém, a caminho do México.

Dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador Elbrick, seis já faleceram. Os nove remanescentes do grupo (em negrito, acima) são os personagens principais de HÉRCULES 56.

“Foto: AGONALTO PACHECO - O objetivo da luta armada é criar condições para que toda a sociedade compreenda a importância dela. Aí pronto”.

Agonalto Pacheco da Silva nasceu em Aquidabã (SE), em 1927. Ferroviário e militante do Partido Comunista Brasileiro teve participação ativa na Associação dos Servidores Públicos de Sergipe. Elegeu-se vereador pelo PTB em 1958 e entrou na clandestinidade logo após o golpe de 1964, deslocando-se para São Paulo.

Sem desligar-se do PCB, integrou-se ao grupo liderado por Carlos Marighella que daria origem à ALN. Foi preso em 1969. Viveu dez anos em Cuba e retornou ao Brasil em 1979, participando do PMDB de Aracaju.

Não acompanhou a reformulação de rumos do movimento comunista liderada por Roberto Freire e que resultou no PPS, optando pela reestruturação do PCB sergipano. Com 79 anos e pai de dez filhos, mora em Aracaju.

FLÁVIO TAVARES “Nosso equívoco triunfal foi o sequestro do embaixador americano. A partir de então, a repressão se transformou. Passou a ser muito mais sofisticada.”

Jornalista, advogado e professor universitário, Flávio Freitas Hailliot Tavares nasceu em 1934, em Lageado (RS).

Em 1954, foi eleito presidente da União Estadual de Estudantes. De 1960 a 1968, foi comentarista político de Última Hora. Integrou o grupo fundador da Universidade de Brasília, da qual é professor aposentado.

Pouco depois do golpe de 1964, foi preso pela primeira vez, em Brasília. Entre 1965 e 1967, manteve contatos frequentes, no Uruguai, com o exilado Leonel Brizola, assumindo a coordenação operacional do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) no Planalto Central e Norte do Brasil.

Sua segunda prisão se deu em agosto de 1967 e durou quase cinco meses. Dois anos depois voltou a ser preso e intensamente torturado, após ter participado de uma operação que libertou nove presos políticos da penitenciária Lemos Brito, no Rio de Janeiro.

Durante o exílio no México, foi redator do jornal Excelsior e, a partir de 1974, seu correspondente em Buenos Aires.

Na Argentina, também foi correspondente internacional de O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Em 1999, publicou Memórias do Esquecimento, que lhe valeu, em 2000, o Prêmio Jabuti na Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Em 2004 publicou O Dia em que Getúlio Matou Allende. Em julho de 1977, Flávio Tavares foi sequestrado pelo exército uruguaio – um braço da Operação Condor –, permanecendo por 195 dias em cárcere privado.

Uma campanha internacional resultou em sua libertação e embarque para Lisboa, onde viveu por dois anos, antes de voltar ao Brasil, com a anistia, no final de 1979. Flávio vive em Búzios, RJ.

JOSÉ DIRCEU “Não deu certo praticamente nada. Se fosse uma resistência armada combinada com uma luta político-social, político-institucional, eu acredito que teria sido mais correto.”

Nascido em Passa Quatro (MG) em 1946, José Dirceu de Oliveira e Silva mudou-se para São Paulo com 14 anos. Foi vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes, presidente do Centro Acadêmico XXII de Agosto e, em 1968, como presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), tornou-se um dos principais líderes do movimento estudantil nacional.

Foi preso em 1968, em Ibiúna-SP, durante o 30º Congresso da UNE. Após desembarcar no México, transferiu-se para Cuba, onde trabalhou e estudou.

Voltou clandestinamente ao Brasil e viveu por quatro anos em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná. Passou mais um período em Cuba e, com a anistia, retornou a São Paulo, onde fixou residência.

Foi um dos fundadores do PT, elegendo-se deputado estadual em 1986. Em 1990, foi eleito deputado federal por São Paulo. Em 1994, candidato ao governo de São Paulo, ficou em terceiro lugar, obtendo mais de dois milhões de votos.

Em 1995, assumiu a presidência do PT, tendo sido reeleito em 1997, 1999 e 2001 – desta vez, em eleição direta entre os filiados do partido. Voltou à Câmara dos Deputados em 1998.

Foi o coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 2002 e, após a vitória, assumiu o posto de coordenador político da equipe de transição.

Licenciou-se da presidência do PT e do cargo de Deputado Federal para assumir como Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República. Permaneceu no governo até junho de 2005, quando voltou à Câmara dos Deputados para defender seu mandato, que seria objeto de uma cassação política em dezembro do mesmo ano.

JOSÉ IBRAHIN “Eles não imaginavam que o compromisso dos milicos com os americanos era tão forte assim, que se pedisse para esvaziar duas, três cadeias, dois, três Presídios Tiradentes, esvaziava.”

José Ibrahin é egresso do movimento operário que se desenvolveu, nos anos 1960, no politizado município paulista de Osasco.

Atuante na Comissão de Fábrica da Cobrasma, em junho de 1967, aos 21 anos de idade foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e, no ano seguinte, liderou a segunda greve operária durante o regime militar.

Foi preso em fevereiro de 1969. No exílio, viveu em Cuba, Chile, Panamá e Bélgica. Em Bruxelas, foi fundador e presidente durante cinco anos da Casa Latino-americana, organismo apoiado pela ONU que recebia os exilados políticos da América Latina.

Ibrahin foi o primeiro banido a desembarcar no Brasil, meses antes da Lei da Anistia. Em 1979, integrou o núcleo de nove dirigentes sindicais que deu origem ao Partido dos Trabalhadores.

Tornou-se membro da Executiva Nacional do partido e, em 1982, candidatou-se à Câmara dos Deputados. Quatro anos depois, trocou o PT pelo PDT. Participou da fundação de três centrais sindicais e atualmente é secretário geral do Centro de Atendimento ao Trabalhador, entidade ligada à Diocese de São Paulo. Em 2006, candidatou-se a Deputado Federal pelo Partido Verde.

MARIA AUGUSTA CARNEIRO RIBEIRO “No momento em que eu soube que estava na lista, me veio uma sensação de gratidão.”

Nascida em 1947, Maria Augusta Carneiro Ribeiro participou do grêmio estudantil antes de passar um ano nos Estados Unidos, em programa de intercâmbio.

Em 1967, cursava a Escola Nacional de Direito e militava na DI-GB. No ano seguinte, foi presa no Congresso da UNE, em Ibiúna. Foi novamente detida em maio de 1969. Juntou-se ao grupo que seguiu do México para Cuba.

Mais tarde passou por Chile, Itália, Argélia e Suécia, onde se graduou em Pedagogia pela Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Uppsala.

Em 1979, com a anistia, regressou ao Brasil e participou da fundação do PT carioca. Trabalhou na Companhia Vale do Rio Doce, onde presidiu a entidade dos funcionários. Durante o governo Benedita da Silva, foi diretora da fundação Santa Cabrini, órgão da Secretaria de Justiça do Estado do Rio de Janeiro dedicado à recuperação e reintegração de detentos.

Maria Augusta vive no Rio de Janeiro, onde é Ouvidora Geral da Petrobras.

MARIO ZANCONATO “Quando eu chego a Belém, e o aviãozinho estaciona praticamente ao lado daquele monstro, aquele avião de transporte, o Hércules, ali, eu falei: ‘O negocio parece que é sério mesmo, parece que a gente vai’”.

Mario Roberto Galhardo Zanconato nasceu no Rio de Janeiro, em 1945.

Estudante de Medicina em Belo Horizonte, iniciou militância no PCB em 1963. Logo após o golpe de 1964, tornou-se dirigente do Comitê Universitário, vindo a participar, sucessivamente, do Comitê Municipal e da Comissão Juvenil do Comitê Estadual do partido.

Em 1966, juntamente com a maioria dos comunistas de Belo Horizonte, desligou-se do PCB para fundar a Corrente Revolucionária, que manteve uma relação de semi-autonomia com a ALN, liderada por Carlos Marighella.

Preso em abril de 1969, após participar de algumas ações armadas, demorou a ser libertado por resistência de setores do Exército mineiro, sendo afinal transportado pela Aeronáutica para Belém, onde foi o último a embarcar no Hércules 56.

Integrou-se ao sistema de saúde de Cuba como médico de terapia intensiva, em 1972.

Em 1993, fixou residência em São Paulo. Desde então, trabalha na UTI de um hospital público em Diadema.

RICARDO VILAS “Eles achavam que eu não deveria ir pra Cuba, porque pra ir pra Cuba tinha que ter um nível ideológico, era só pra aqueles que treinariam e voltariam pra fazer a luta armada”.

O carioca Ricardo Vilas Boas de Sá Rego iniciou sua carreira musical no grupo Momentoquatro. Participou do Festival da Record de 1967, ao lado de Edu Lobo, com Ponteio.

Estudante de Psicologia e ligado à DI-GB foi preso em 1° de maio de 1969. Permaneceu algum tempo no México e veio a optar pelo exílio na França, onde formou uma bem sucedida dupla musical com Teca Calazans, gravando discos e se apresentando em diversos países europeus.

Voltou ao Brasil em dezembro de 1979, com a anistia, quando aderiu ao PT e participou das campanhas eleitorais que se seguiram, tendo composto a música da campanha de Lysâneas Maciel e Vladimir Palmeira em 1982.

Trabalhou em TV como diretor musical, desenvolveu uma carreira solo de intérprete e, nos últimos doze anos, divide seu tempo entre Paris e o Rio de Janeiro. Ricardo tem mais de 20 discos gravados.

RICARDO ZARATTINI “Era cada cabeça uma sentença. E, como até hoje, se você reunir nessa mesma sala os remanescentes, só é um número menor de divergências porque já morreram seis”.

O engenheiro Ricardo Zarattini Filho nasceu em Campinas, SP, em 1935. Ainda como secundarista, participou da campanha O Petróleo é Nosso, que resultou na criação da Petrobras.

Foi presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo. Em 1962, trabalhando como engenheiro na Cosipa, filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista e atuou nas lutas e greves dos trabalhadores pela conquista do 13° salário.

Após o golpe militar, atuou na reorganização do movimento canavieiro no Nordeste e foi preso três dias antes da decretação do AI-5, em dezembro de 1968.

Cinco meses depois, conseguiu fugir e foi novamente preso em São Paulo pela Operação Bandeirante (OBAN).

Libertado em troca do embaixador Elbrick, seguiu para o México e daí para Cuba, onde viveu quase dois anos. Em 1971 foi para o Chile e, com a queda do governo Allende, voltou ao Brasil clandestinamente em 1974.

Foi novamente preso em 31 de maio de 1978 e libertado pela anistia, em 1979, sendo o primeiro brasileiro a ter o banimento revogado.

No início dos anos 1980, Zarattini participou do CONCLAT e das greves do ABC paulista. Trabalhou na Assembleia Nacional Constituinte como assessor e foi candidato à Câmara dos Deputados em 2002, ficando na 4º suplência. Trabalhou na Casa Civil durante 13 meses.

No início de 2004, passou a exercer o mandato de deputado federal e continua a ser um militante do PT.

VLADIMIR PALMEIRA “Eu fiz (em Cuba) aquele treinamento que um amigo nosso chamava “fábrica de cadáveres”, porque as pessoas iam lá, faziam o treinamento, achavam que eram guerrilheiros, voltavam pra seus países e morriam todas”.

O economista Vladimir Gracindo Soares Palmeira nasceu em Maceió, em 1944, em família de forte tradição política. O pai, Rui Palmeira, participou da elaboração da Constituição de 1946.

Um de seus irmãos, Guilherme Palmeira, governou Alagoas; e outro, Miguel Palmeira, foi deputado estadual.

Estudante de Direito no Rio de Janeiro, Vladimir em 1966 foi eleito presidente do CACO, diretório de estudantes da faculdade. No ano seguinte, tornou-se presidente da União Metropolitana dos Estudantes (UME).

Desempenhou papel destacado no movimento estudantil carioca e, em 26 de junho de 1968, liderou a Passeata dos 100 Mil, a mais importante manifestação de rua contra o regime militar. Preso durante o Congresso da UNE em Ibiúna, SP, permaneceu dez meses detido, até ser libertado durante o sequestro do embaixador Elbrick.

Seguiu do México para Cuba, onde viveu por três anos. Partiu para o Chile no final de 1972 e, com a queda do governo Allende, exilou-se na Bélgica, vindo a formar-se em Economia pela Universidade Livre de Bruxelas.

De volta ao Brasil, participou do congresso de fundação do PT. Em 1986 foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, participando da elaboração da Constituição de 1988. Foi por duas vezes escolhido pelo Diretório Estadual do PT para a disputa do governo fluminense, mas as coligações com outras agremiações levaram a direção nacional do partido a não aprovar sua candidatura – o que só viria a acontecer nas eleições de 2006.

Publicou o livro Abaixo a Ditadura, sobre o movimento estudantil de 1968, escrito com José Dirceu. Palmeira vive no Rio de Janeiro.

Os que já faleceram: - GREGÓRIO BEZERRA.

O pernambucano Gregório Bezerra dedicava-se, no início dos anos 1960, à organização de sindicatos rurais no nordeste. Foi preso poucos dias depois do golpe de 1964 e, a caminho da prisão em um quartel do IV Exército, foi arrastado e supliciado pelas ruas de Recife.

Era o mais antigo preso político do país quando foi libertado em 1969, aos 68 anos.

Do México foi para Cuba e acabou optando por exilar-se em Moscou. Em 1979 voltou ao Brasil, onde morreu de ataque cardíaco em 1983.

IVENS MARCHETTI.

O arquiteto Ivens Marchetti de Monte Lima era militante da Dissidência de Niterói, organização que em 1968 tentou sem sucesso implantar um foco guerrilheiro no Paraná.

O grupo publicava um Jornal clandestino intitulado 8 de Outubro e foi praticamente exterminado nos primeiros meses de 1969.

Para divulgar essa vitória, os órgãos de segurança batizaram a organização de MR-8. Contrapondo-se a essa propaganda, a DI-GB adotou o mesmo nome ao assinar a autoria do sequestro do embaixador Elbrick juntamente com a ALN.

Marchetti passou a maior parte do exílio em Estocolmo. Vivia entre Juiz de Fora e Arraial do Cabo quando morreu de câncer, em novembro de 2002.

JOÃO LEONARDO ROCHA.

O advogado e professor baiano João Leonardo da Silva Rocha era militante da ALN quando foi preso, em 1969. Voltou ao Brasil clandestinamente como membro do Molipo, dissidência da ALN formada em 1971.

Foi localizado e assassinado pela polícia no município baiano de Malhadinha, em 1974.

LUÍS TRAVASSOS.

Militante da Ação Popular, Travassos foi presidente da UEE de São Paulo e presidente da UNE, em 1968. Foi preso em Ibiúna, em outubro de 1969.

Viveu o exílio em Cuba e na Alemanha, voltando ao Brasil em 1981. Morreu em um acidente de carro durante o carnaval de 1982, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro.

ONOFRE PINTO.

O sargento do Exército Onofre Pinto Rosário nasceu em Jacupiranga, SP. Foi militante do MNR e, em 1968, fundou a VPR. Foi preso em março de 1969.

Do México foi para Cuba e, em seguida, para o Chile. Após o golpe que derrubou Allende, fugiu para a Argentina. Em julho de 1974, ao tentar voltar clandestinamente ao Brasil juntamente com cinco companheiros, foi morto em uma emboscada da polícia próximo a Medianeira, no sudoeste do Paraná.

ROLANDO FRATI.

O metalúrgico paulista Rolando Frati militou ativamente no PCB até ligar-se ao Agrupamento Comunista de São Paulo, liderado por Marighella.

Morou em Cuba antes de transferir-se para a Europa, onde organizou, juntamente com outros líderes sindicais exilados, uma entidade de apoio à luta contra a ditadura militar brasileira. Voltou ao país com a anistia e teve morte natural em 1991.

Os idealizadores do sequestro.

O filme promoveu a reunião de cinco militantes das organizações revolucionárias que realizaram o sequestro.

Alguns não se viam desde o momento em que libertaram o embaixador Elbrick. Os três primeiros formavam a Direção Geral da DI-GB, que a partir daquele momento passou a denominar-se MR-8. Os dois últimos participaram da operação pela ALN.

CLÁUDIO TORRES “Quando a gente pegou o carro da embaixada – era um carro hidramático, automático – em vez de embrear, eu enfiei o pé no freio. O carro deu uma parada, ficou balançando”.

Cláudio Torres da Silva nasceu em Porto Alegre, em 1945. Começou a militar no PCB em 1966. Era vice-presidente do DCE quando foi suspenso do curso de Economia da Universidade Federal.

Mudou-se com a família para o Rio de Janeiro e foi trabalhar no Instituto Brasileiro de Reforma Agrária. Ingressou na DI-GB e, a partir da Conferência de 1967, passou a integrar a Direção Geral e a coordenar a Frente de Trabalho Armado da organização.

Detido no dia seguinte à libertação do embaixador foi intensamente torturado pelo Cenimar.

Permaneceu preso por sete anos, até setembro de 1976. Em São Paulo, acompanhou o movimento sindical que daria origem ao Partido dos Trabalhadores e integrou-se ao grupo que havia reorganizado o MR-8, onde militou por seis meses.

Mudou-se para Campinas e iniciou curso de Ciências Sociais na Unicamp. Trabalhou vários anos na Emplasa e na Cesp. Vive em Teresópolis, RJ.

DANIEL AARÃO REIS “Não é sequestro. Sequestro é assumir um crime. O que você está cometendo é uma ação revolucionária”.

O historiador carioca Daniel Aarão Reis Filho nasceu em 1946. Foi eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes em 1967, sendo sucedido em 1968 por Vladimir Palmeira.

Atuava na Frente Operária da DI-GB e, em abril de 1969, passou a integrar a Direção Geral da organização. Foi preso em março de 1970.

Em junho daquele ano, foi libertado em troca do embaixador alemão Ehrenfried von Holleben.

Da Argélia transferiu-se para o Chile e, mais tarde, para a Europa. Graduou-se em História pela Universidade de Paris VII, onde também fez mestrado, pesquisando a evolução do Estado no Brasil.

Entre 1976 e 1979, foi professor na Universidade Eduardo Modlane, em Moçambique, onde também dirigiu o Departamento de História. Transferiu para o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro o amplo acervo de documentos das esquerdas brasileiras reunido para sua pesquisa de doutorado na USP, que resultou na tese As Organizações Comunistas e a Luta de Classes: 1961/1968.

Em 1980, participou da fundação do Partido dos Trabalhadores. Daniel é autor de diversos livros, entre eles: Ditadura Militar, Esquerda e Sociedade, 1968, a Paixão de uma Utopia e A Revolução Faltou ao Encontro: os Comunistas no Brasil.

FRANKLIN MARTINS “Aí eu disse: ‘E porque nós não fazemos o contrário, em vez de fazer uma ação pra libertar o Vladimir, nós não capturamos o embaixador e trocamos”?’

Filho do jornalista e político Mário Martins, Franklin aos 15 anos já trabalhava como estagiário do jornal Última Hora, do Rio de Janeiro.

Em 1967, entrou para a Faculdade de Ciências Econômicas da UFRJ, onde se ligou à Dissidência Universitária. Foi eleito secretário-geral do diretório acadêmico e, meses depois, vice-presidente da União Metropolitana dos Estudantes, na gestão Daniel Aarão Reis.

Em outubro de 1968, pouco depois de ser eleito presidente do Diretório Central dos Estudantes da UFRJ, foi preso no congresso da UNE, em Ibiúna, SP.

Permaneceu detido por dois meses até ser libertado graças a um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, dois dias antes da edição do AI-5.

Passou imediatamente para a clandestinidade. Também membro da Direção Geral da DI-GB, Franklin foi o autor do primeiro esboço do manifesto divulgado durante o sequestro do embaixador Elbrick.

Depois da intensa onda repressiva que se seguiu ao sequestro, que desarticulou parcialmente a DI-GB, Franklin foi para Cuba.

Poucos dias depois da posse de Allende, seguiu para o Chile e, no início de 1973, voltou para o Brasil e viveu clandestinamente em São Paulo pouco mais de um ano.

A prisão de companheiros próximos o levou a deixar novamente o Brasil para exilar-se na França, onde se diplomou na École des Hautes Études en Sciences Sociales, da Universidade de Paris.

Voltou para o Brasil em 1977, permanecendo clandestino em São Paulo até a anistia, em fins de 1979.

Trabalhou no jornal Hora do Povo até 1982, quando se desligou do MR-8 e candidatou-se a deputado, sem ser eleito. Nos dois anos seguintes, foi repórter do Indicador Rural e, a partir de 1985, trabalhou em O Globo e no Jornal do Brasil, chegando à coordenação política da sucursal em Brasília.

Trabalhou também no SBT e em O Estado de São Paulo. Em 1991 e 1992 foi correspondente do JB em Londres. Retornando ao Brasil, voltou a trabalhar em O Globo como repórter especial, colunista político, editor de política e diretor da sucursal de Brasília.

Durante oito anos e meio, foi comentarista político da TV Globo, da Globonews e da Rádio CBN. Em 2006, passou a exercer as mesmas funções na TV e na Rádio Bandeirantes.

PAULO DE TARSO VENCESLAU “O AI-5 praticamente lançou a pedra fundamental do sequestro. O sequestro só acabou sendo pensado como saída porque ficaram quatro lideranças estudantis presas”.

Nascido em Santa Bárbara d’Oeste (SP), em 1943, Paulo de Tarso foi criado em Taubaté e vive em São Paulo desde os 21 anos.

Iniciou em 1965 o curso de Economia na USP, que veio a completar em 1975, depois de passar mais de 5 anos na prisão, condenado por sua participação no rapto do embaixador Elbrick.

É pós-graduado e doutorando em Ciências Sociais pela Unicamp. Foi diretor do Centro Acadêmico Visconde de Cairu, da FEA/USP; coordenador da UUE/SP, gestão José Dirceu; e um dos organizadores do 30º Congresso da UNE realizado em Ibiúna/SP, em outubro de 1968.

Foi preso em 3 de outubro de 1969, menos de um mês depois do sequestro do embaixador norte-americano, e só foi libertado em 23 de dezembro de 1974.

Ex-dirigente do PT em São Paulo, foi diretor da CMTC (gestão Luiza Erundina) e secretário de Finanças das prefeituras de Campinas e São José dos Campos. Foi desligado do PT em fevereiro de 1998 e hoje é sócio e diretor de redação do jornal Contato, semanário de Taubaté/SP.

MANOEL CYRILLO “A troca dos presos terminou sendo o mais fácil de a ditadura atender. A (exigência) mais dolorosa foi romper a censura e divulgar o manifesto”.

Manoel Cyrillo de Oliveira Netto nasceu em Salvador, em 1946. Estudante secundarista em São Paulo entrou para a ALN, onde participou de ações de um Grupo Tático Armado.

Detido em 30 de setembro de 1969, passou dez anos em diversas prisões. Parcialmente anistiado, foi libertado em setembro de 1979, cumprindo ainda dois anos de liberdade condicional.

Iniciou carreira como publicitário na agência DM-9, do seu primo Duda Mendonça.

Mais tarde, criou em Campinas sua própria agência, a TK Maneco. Um trabalho seu para a Sanyo ganhou a Medalha de Ouro do Festival Internacional de Nova York em 1982.

Sempre que pode, Manoel Cyrillo colabora com a propaganda eleitoral de amigos de diferentes partidos. Atualmente, vive no Rio de Janeiro e trabalha na área de comunicação da Petrobras.

Nota: Também participaram do sequestro do embaixador Elbrick, pela ALN, Virgílio Gomes da Silva (Jonas), comandante da operação, morto sob tortura em setembro de 1969, e Joaquim Câmara Ferreira (Toledo), morto sob tortura em outubro de 1970.

Pela DI-GB/MR-8, participaram ainda Antonio Freitas Filho, Cid Queiroz Benjamin, Fernando Gabeira, João Lopes Salgado, João Sebastião Rios de Moura, Sergio Rubens Araújo Torres e Vera Silvia Magalhães.

HÉRCULES 56 – O FILME.

12ª parte.

A morte do sergipano Agonalto Pacheco.

Notícia.

Governador lamenta falecimento de Agonalto Pacheco.

O governador de Sergipe, Marcelo Déda, lamentou, nesta sexta-feira, 14, o falecimento do militante histórico da esquerda Agonalto Pacheco, AOS 80 ANOS DE IDADE. "Todos nós estamos sentidos e emocionados pela perda deste grande sergipano. Agonalto Pacheco tem a sua biografia indissoluvelmente unida à história do povo sergipano", disse o governador.

Agonalto foi uma das 15 lideranças de esquerda libertadas em troca do embaixador americano, Charles Elbrick, sequestrado na ação mais ousada realizada pelas organizações que combatiam a ditadura militar no final dos anos 1960. Ele faleceu na madrugada desta sexta-feira.

14 de Abril de 2007, 07h56min.

"Ele foi um homem que dedicou sua vida ao povo trabalhador, à democracia e a liberdade em nosso país”.

“É um herói sergipano que merece a lembrança, o afeto e o carinho eterno do povo sergipano", declarou o governador.

Biografia.

Nascido em Aquidabã, Agonalto chegou a ser vereador de sua cidade natal em 1962. Construiu a sua trajetória como uma das mais importantes lideranças da esquerda no Estado.

Iniciou a militância como ferroviário, foi preso e exilado durante o período da ditadura militar.

"Por um período de mais de um ano, por volta de 1968 a 1969, ele ficou detido no Dops (Departamento de Ordem Política e Social, órgão repressivo durante o regime militar) em São Paulo, sofrendo várias torturas", conta o seu filho, Agonalto Pacheco da Silva Júnior.

Em 1969, Agonalto saiu da prisão. Ele foi um dos presos políticos liberados em troca do embaixador norte-americano Charles Elbrick. De 69 a 79 ficou exilado em Cuba, só retornando a Sergipe na década de 90 após a anistia.

Pai de dez filhos, o militante era também aposentado como servidor do fisco estadual. Agonalto faleceu às 1h30min da madrugada desta sexta-feira, vitimado por FALÊNCIA MÚLTIPLA de ÓRGÃOS e foi sepultado no cemitério Santa Izabel, na capital, às 16 horas.

Observação do escriba: - No caso de Sergipe, do lado direito temos parte da “história” do Cabo Anselmo, e, do lado esquerdo temos parte da “história” de Agonalto Pacheco. No meio, a “NOVA ORDEM MUNDIAL”...

A luta contra a debilitante POLIOMIELITE (paralisia infantil) continua, e a luta a favor da inofensiva AUTO-HEMOTERAPIA (AHT), também continua.

Se DEUS nos permitir voltaremos outro dia ou a qualquer momento. Boa leitura, boa saúde, pensamentos positivos e BOM DIA.

ARACAJU, capital do Estado de SERGIPE (Ex-PAÍS do FORRÓ e futuro “PAÍS da BOMBA ATÔMICA”), localizado no BRASIL, Ex-PAÍS dos fumantes de CIGARROS e futuro “PAÍS dos MACONHEIROS”. E tem mais: - Futuro país dos CASSINOS, que deverá gerar mais de 200 milhões de empregos diretos. Quarta-feira, 23 de agosto de 2017.

Jorge Martins Cardoso – Médico – CREMESE – 573.

Fontes: (1) – INTERNET. (2) - Wikipédia. (3) – OUTRAS FONTES.