Não se engana a quem tem memória

Quando veio o boom da Psicologia veio também isto mal interpretado de permitir que filhos fizessem o que bem quisessem e sentissem vontade. Estou bem lembrada. Nada disto tem a ver com PT ou outros partidos políticos. Acredito que tenha sido pelos anos 80 que todos deram crédito ilimitado à ciência do comportamento humano. Claro que a Psicologia tem seu inquestionável valor, não fosse ela estaríamos ainda dando surras apocalípticas em nossos filhos e netos, seja com uma vara, um galho de goiabeira, uma corda, uma bainha de facão, um pedaço de pau que aparecia dando sopa, providencial. Será que algum leitor vai, de propósito, malversar o que estou dizendo? Bem possível, e isto também a Psicologia explica. Depois disto, a coisa continuou crescendo como um câncer e tantas famílias usando os postulados da Psicologia para mimar perigosamente os filhos. Pensando bem, eu também me recordo de comportamentos muito naturais em escolas particulares, nas quais as famílias participam de encontros de pais e mestres para, naquele momento, constranger, tirar o couro e escalpelar professores, muitos dos quais são sumariamente despedidos por não atenderem às exigências dos pais X e Y, de alunos A e B. Pais, avós, tios, parentes de qualquer grau, e até a secretária do lar gozaram do direito nada constitucional de reclamar de professor por este pequeno, aquele médio, ou aquele outro grande motivo para fazer valer os mimos dos filhos, sobrinhos e netos. O professor teria, antes de ensinar, aprender a lidar com essas criaturas insuportáveis, intratáveis. Sim, sei dos danados da escola pública, por toda parte tem danados, até entre seminaristas, padres, etc. Nas manifestações que pude ver em colégios privados, vi alunos mandarem o professor dar a aula para, segundo eles, “ganhar o pão de cada dia”. Pensam que estou esquecida? Tou nada. Vi aluno sentar de costas para o professor, dirigir-lhe impropérios que ouvia calado, com medo dos pais X e Y. E você que me lê, não seja falso, sonso, esquecido, safado, a ponto de se fazer de que nada acontecia em sua sala. Conheci “colegas” assim, disfarçados, que diziam nunca ter problemas com os alunos. Aquilo me deixava complexada, pois achava que eu seria uma professora da pior qualidade e que não “tinha pulso” (ô expressão bandida!). Na verdade, não tive problemas notáveis com alunos, mas diante da safadeza de algum “colega” bem-sucedido, eu já me avistava tendo! Esse caso da professora ultrajada com ato de violência e barbárie, eu acredito que, se esse jovem de 15 anos não tenha uma família mal-educada e desajustada, se não tem maus exemplos em seu contexto familiar, só deve estar padecendo de alguma doença mental, ou de pura bandidagem. Então, molecote, saiba que nem nome de aluno você merece. Quem ataca professores, especialmente uma senhora cuja fisionomia é de uma profissional dedicada e uma mulher cheia de amor pela docência, não passa de um diabo matriculado na escola. Apenas matriculado. A Psicologia está correta, a professora está correta, mas o seu contexto familiar pode estar comprometido, ou a sua mente, a sua alma, o seu espírito. Tomara que você tenha a chance de se curar de seu atrevimento, desajuste e violência.