Nolan, absoluto (publicado originalmente em 5/8/2017)

Há uma luz no fim do túnel. Aliás, algumas. O cinema de autor, badalado nas décadas de 1950 e 1960 pela revista francesa Cahiers du Cinéma, cai como luva ao trabalho do diretor, roteirista Christopher

Nolan. O seu mais recente trabalho, ‘Dunkirk’, que estreou há 10 dias em Jacareí – legendado em um horário apenas – é o resumo, pode-se afirmar, da carreira do cineasta inglês.

A gente sabe quando se trata de uma fita de Nolan. Existe nela qualidade sublime de imagem, som e edição. É sombria, ainda tensa e de regularidade ímpar. ‘Dunkirk’ mostra a evacuação da cidade francesa de Dunquerque, na Segunda Guerra Mundial, quando quase 400 mil soldados aliados ficaram cercados por alemães nas praias locais.

Nolan divide a trama em três partes: a semana em que estes soldados ficaram ilhados, o dia todo no qual civis ingleses e franceses foram com os barquinhos e iates simples resgatar o maior número possível de homens e os 60 minutos de batalha aérea entre aviões ingleses e alemães. Aquela batalha participar de Dunquerque, ocorrida entre o fim de maio e o início de junho de 1940, marcou a virada da terra da rainha em relação ao confronto mundial.

Os destaques do longa-metragem são a trilha sonora de Hans Zimmer, algo que parece a mistura da trilogia do ‘Cavaleiro das Trevas’ com ‘A Origem’, a fotografia e o som, além, óbvio, da direção estupenda de Nolan. Desponta como favorito à determinadas categorias, como Filme, Diretor, Trilha, Mixagem de Som, Edição de Som, Fotografia e Direção de Arte.

O diretor optou acertadamente por excluir os efeitos especiais e fazer cinema como antigamente, com aproximadamente 4 mil figurantes e com os cameramen nos aviões para captar as imagens aéreas, que chegam a lembrar o épico ‘Asas’ (1927), quando os próprios pilotos eram atores e estavam nas aeronaves comandando as viagens.

As imagens da praia são singulares e como o filme possui poucos diálogos as interpretações se destacam ainda mais pelas expressões dos profissionais. Não é uma película de ator, mas puramente de ações dos atores. Ações físicas mesmo. E não exagero ao afirmar tal coisa. ‘Dunkirk’ precisa ter seu valor consagrado pela crítica e público e, com ‘Amnésia’ (2000), é de longe o melhor trabalho de Christopher Nolan na sétima arte. Recomendo a todos.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 09/08/2017
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