Lições importantes

Há um certo tempo, a mídia não fala mais sobre o terrível e polêmico jogo Baleia Azul, que fez com que jovens de todo o mundo (incluindo brasileiros) se envolvesse em vários desafios perigosos que obrigavam os participantes a fazer coisas como ouvir uma mesma música por horar, automutilar-se e, finalmente, cometer suicídio. Porém, ainda que não esteja mais se falando neste jogo funesto, espera-se que ele tenha chamado a atenção de pais, educadores e tantos outros que necessitam conviver com gente jovem, para que não insistam em cometer um erro comum: o de minimizar o sofrimento de quem está nesta faixa etária.

É mesmo comum, ao vermos um garoto ou garota triste, dizermos que é "da idade", porque achamos que a juventude é uma fase despreocupada e irresponsável. Ledo engano. Não é por não enfrentarem problemas como trabalhar e pagar as contas no fim do mês que devemos achar que eles não sofrem. Cada fase da vida é cheia de conflitos e a juventude tem vários deles, como o de se sentir aceito, pertencer a um grupo, crises de identidade e inadequação. Quando esses jovens desabafam, porém, geralmente ouvem respostas do tipo: "isso passa"; "você tem uma vida ótima" ou "há gente em situação pior que daria tudo para estar em seu lugar".

Dizer essas coisas é um erro grave, pois insinua que estamos dizendo a eles o seguinte: "você está fazendo drama"; "você não tem nenhum problema". Minimizar o sofrimento de alguém só aumentará seu sentimento de solidão, contribuindo para que essa pessoa se afaste dos que deviam lhe dar apoio. Como ela conseguirá confiar em quem insinua que suas dores não são importantes? E também é errado falar que há pessoas que sofrem mais, pois somente um indivíduo sabe a intensidade de sua dor.

Muitos jovens concordaram em participar desse jogo por se sentirem vazios interiormente, mostrando-nos o grave problema de solidão enfrentado por eles, o que leva muitos a não darem valor à sua própria vida a ponto de toparem participar de algo tão perigoso e doentio. A mente jovem é bastante vulnerável e sensível a pressões externas que podem perturbá-la, fazendo-a se sentir perdida.

Para finalizar as muitas lições que esta história nos ensina, acrescentemos mais uma a todas elas: a importância dos pais na vida dos filhos, principalmente nesta fase de transição e vulnerabilidade. Os filhos necessitam que os pais lhes transmitam valores, saibam orientá-los quanto ao caminho certo a seguir e, mais do que tudo, que lhes ensinem que eles são amados e suas vidas, importantes demais para serem colocadas em risco de maneira tão imprudente.