Análise da obra de René Girard: O sagrado e a violência.

1923-1995.

O filósofo René Girard, parte do seguinte entendimento, do ponto de vista da psicologia humana. O desejo de ter as coisas faz parte da memória estruturada do sapiens.

A grande motivação humana é ter as coisas, tal desejo não tem limite, entretanto, o ter só é possível pela ausência do outro não poder ter.

O modo civilizado para poder conseguir as coisas é por meio do Estado, a forma institucional para a realização da posse, dessa forma, satisfazer o desejo.

Com efeito, o Estado, é um instrumento que fundamenta a expropriação, motivo pelo qual a instituição é sagrada.

Sendo assim, o poder é um enigma paradigmático, contra a sociedade, em referência a complexa expropriação.

Portanto, a realidade compõe de relações rivais, o desejo só pode ser alcançado pelo mecanismo da exclusão. Desse modo, as pessoas se unem contra as pessoas, pelo mecanismo de classe social.

Querer algo só para si é algo feio, no entanto, quando as pessoas unidas institucionalmente conseguem as coisas, pelo caminho da concentração da renda, o roubo aparece como mérito.

O fracassado, o seja o perdedor aceita pacificamente o domínio, pois não compreende a substancialidade da efetivação do desejo pela concentração da renda.

Sendo desse modo, esquece a violência e vive pacificamente as relações entre dominadores e dominados, na perspectiva da sacralização da violência.

A culpa é sempre atribuída como razão do fracasso, a miséria é entendida como incapacidade e não como política de Estado.

Sendo assim, a riqueza oculta a verdadeira razão da pobreza, a luta entre burguesia e proletariado, o controle do Estado por parte da burguesia.

Motivo pelo qual a instituição é sagrada e inquestionável, como suposta defensora da nação.

A violência transforma a realidade em normalidade, escondendo a exploração social, todos continuam rivalizando entre si.

Exatamente, por essa razão que a sociedade goza de um equilíbrio violento, explicitamente, muitas pessoas não suportam tal discriminação e desencadeia comportamento compensatório. Portanto, realiza o desejo psicológico mesmo se sacrificando.

Procura passar uma imagem social do anti fracassado, que se efetiva por meio da apresentação dos bens matérias, por intermédio do auto sacrifício.

Por meio da roupa, do carro, do relógio, do celular etc. Com efeito, as vezes praticando atos ilícitos, pois sente inconscientemente roubado pela sociedade dominante, e como não consegue ser dominante, procura mostrar que na prática não é um dominado.

O indivíduo sente complexo de fracassado, como não aceita psicologicamente sua situação de excluído, procura mostrar socialmente que é um vencedor.

Efetivação do desejo, pelo ter que não poderia ter. O pobre procurando mostrar que é pelo menos de classe média.

A reação individual não leva nenhuma mudança estrutural, não causa problema para os verdadeiros dominadores.

Pois o indivíduo alienado tem a cognição instrumentalizada, não entende que o motivo do seu fracasso não está em si mesmo.

Os verdadeiros causadores da violência estrutural são as classes dominantes que acumulam riqueza à custa do empobrecimento social dos trabalhadores.

O Estado político, cria o Estado jurídico, cuja finalidade fazer leis para punir aqueles que não aceitam a situação de exclusão.

Quando alguém realiza um desejo pelo mecanismo da exclusão de quem trabalha, leva a outros terem o mesmo desejo, apossar do bem, entretanto, através da consciência crítica, por meio do esclarecimento, percebe que razão da violência é o Estado.

Portanto, sem tomar o referido socialmente, e recriá-lo na perspectiva de todos, não é possível efetivar a realização do desejo, cria um modelo político social de Estado, com distribuição da renda, possibilitando a efetivação do desejo.

Edjar Dias de Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos
Enviado por Edjar Dias de Vasconcelos em 19/06/2017
Reeditado em 20/06/2017
Código do texto: T6031391
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