Libertação dos Escravos No Brasil. Tomo II. Tons de Pardo.

Mesmo depois de Obama.

E ao completar 129 anos da libertação dos escravos no Brasil.

A ONU declara o Brasil como um dos maiores focos de trabalho escravo do mundo.

Movimentos negros brasileiros pedem indenização pelo que sucedeu a seus antepassados durante três séculos.

Do que a nação sequer lembra.

Muito menos se envergonha.

A indenização.

Dizem, será pedida judicialmente...

Não sei quem será o sujeito passivo da ação.

Talvez, cada negro ou mestiço com ascendência negra com ancestral no país.

Entretanto, como se trata do país dos "Gersons".

Devem surgir muito negros de cabelos loiros, pele alvíssima e olhos azuis.

Exigindo sua indenização, após a hipotética, não obstante inviável sentença transitada em julgado, seguida da impossível obrigação de fazer.

Caso perdido.

Nada surpreendente neste país de eternos perdões cristãos e inveteradas recaídas.

O mesmo fizeram aos judeus.

Os algozes foram os alemães.

Cassaram os direitos desse povo e os declaram "inumanos".

Em relação aos alemães, que pediram desculpas ao povo hebreu pelas seis milhões vítimas do holocausto nazista.

É preciso pontuar que nem todo alemão tenha culpa pelo que aconteceu.

Assim como os brasileiros brancos e de outras origens não têm culpa da situação do negro moderno.

Atingimos um ponto contraditório?

Ou os judeus são menos "atacáveis" que os negros?

É preciso que fique claro.

Que os judeus foram erradicados em massa, em genocídio, em poucos anos.

Ou seja, tempo menor que os três séculos de escravidão a que se submeteu os negros.

Tempo, que para alguns, ainda se prorrogou pelo século XXI adentro.

Ainda no ano de 2017.

Dirão que na escravidão ao menos se tem esperança de vida.

Mas a ausência de dignidade causa danos à humanidade dos povos submetidos.

É mister não esquecer que milhões de negros foram mortos entre 1450 a 1880.

Dentre as formas de morte destacam-se, atirar negros ao mar, acorrentados, como carga excedente.

E, lógico, matá-los afogados.

Isso era lei e permitido ao proprietário da carga negra.

Estupro, violação.

Geração de filhos bastardos e sem qualquer direito.

Herança dese século.

Membros amputados (inclusive os sexuais).

As mulheres roubadas, a língua, as tradições, a família e a auto-estima destruídas.

Enfim, os direitos humanos violados.

Muito embora não fossem considerados humanos à época, segundo Kant e outros filósofos, que se prestaram a esta classificação que denota "desonestidade" e manipulação política, intelectual e social.

A pior sentença é fazer crer que se é "minus" e, ainda, culpado disso.

É o uso da fé e da ciência para manter a síndrome de Oslo ativa nas vítimas.

Após a libertação, os escravos foram execrados da sociedade.

E proibidos por lei de exercerem legalmente certas atividades profissionais.

A proibição social acompanhou esta prática insipiente, que geraria milhões de favelados e drogados.

Todos "culpados" de suas vidas mal ajustadas.

O contexto social jogava para debaixo do tapete a "mais valia", que de nada mais valia.

Pior, adjetivava de preguiçosa.

Por isso mal-sucedida.

A quem trabalhou até 22 horas por dia para construir as bases do Brasil.

Pode ser chamado de preguiçoso?

Uma palavra que qualifica este ato é inépcia.

Até a Ouro Preto das liberdades proibia os negros, mesmo os libertos e os livres, os pardos e, claro, escravos do exercício da mineração, e da posse de ouro, prata, terras etc.

Tudo ocorreu sob a égide de leis, que podem ser consultadas e confirmadas as afirmações aqui feitas.

Além da segregação velada.

O povo português logrou êxito em criar a figura do homem de bem.

Deixada a semântica de lado.

Este deveria possuir renda superior a cem mil contos de réis anuais para exercer certos cargos públicos e "mamar na teta" do Império.

Outra discriminação velada era a proibição do casamento entre pessoas de classes sociais diferentes.

Um dos reflexos dessas decisões ineptas e mal medidas.

Foi a favelização.

E a geração de filhos sem pai.

Coisa normal nos dias atuais.

Em que a moda da promiscuidade impera.

Outro, a banditização social atual.

Que afeta a negros, a não-brancos ou brancos pobres.

É preciso, atualmente, parar de segregar.

Os que dominam a sociedade, os bens e outros aspectos com sua distância dos problemas, que fingem não existir.

E os "discriminados" com qualificação e desistência , também, do afastamento rancoroso e da cegueira pautada pela ignorância, fatores que impedem esta relação equilibrada.

Um erro comum é o de se confundir atitudes pontuais à simpatia ou apatia unilateral ou mútua.

Hoje mais que nunca alcançamos a consciência de um mundo interligado em que tudo nos alcança, mesmo que pareça ser problema do vizinho.

Uma terceira questão.

A palavra tolerância reforça o caráter discriminatório velado, comum aos traços nacionais.

Respeito e boa convivência talvez a substituam.

Qual a fórmula?

Somente um dono de uma verdade absoluta a saberia.

No entanto, torna-se melhor tolerar do que fingir simpatizar para dar ares de inexistência a uma problemática, que flui fétida, como um esgoto a céu aberto, sob as vistas espantadas e inermes de quem as observe.

A integração é a melhor maneira de cessar os conflitos, manifestados sob formas que vão da criminalidade à indigência e exclusão total.

Isto traz insegurança à sociedade e causando indignação a todos.

Mesmo aos apartados dessa mazela, sejam brancos ou até negros.

A situação parece persistir por culpa da ignorância a que estão submetidas às pessoas inseridas no contexto da exclusão.

Mas isto não é síndrome de Oslo?

Esta culpa se imiscui entre brancos pobres tratados como negros ou não-brancos.

Não-branco é um conceito extremamente difícil de entender no Brasil da plena liberdade racial, em que a cor clara da pele transforma em branco a qualquer um, como por mágica, inclusive a pessoas de ascendência negra, em brancos.

Mas, hoje, à revelia das instituições.

A escravidão se estende além das fronteiras étnicas e temporais.

E assim sendo promove incapacidades aos excluídos.

Dentre elas a de enxergarem além de suas necessidades imediatas.

Ou seja, o primeiro degrau de Maslow.

Inexiste orgulho histórico e cultural em face das origens africanas no Brasil.

Quero dizer com isso que deve ter negro que sequer sabe que existe a África, que é seu berço cultural e hereditário.

Esse contrassenso fere à necessidade de honrar aos antepassados.

Inclusive extrapolando suas possibilidades.

E superando alguns dos obstáculos, que não lhes foram possível ultrapassar.

Existe vergonha de ser identificado como negro entre alguns mestiços.

Somente os negros de pele escura mantém essa irreverência corajosa, até porque não há como se esconder.

Na verdade, seria inepto demonstrar vergonha do que se é.

Seria uma confirmação da eficiência dos métodos seculares de humilhação e destruição da humanidade negra.

Quem tem pele branca ou mais clara, foge da designação de negro, a qual não designa cor de pele e sim origem.

Uma clara confusão acidental ou proposital, talvez, do povo brasileiro.

Preservada pelo hábito, que criou “rótulos de importância”.

Graduados em tons de pardo.

Os anúncios da mídia estão, nesse 2017, mais benevolentes com a imagem e “beleza” negra .

Coloco a palavra beleza entre aspas, pois o padrão de beleza nacional tupiniquim e de “boa aparência”.

E por conseqüência de sucesso e boa vida.

Ainda existe um oligopólio caucasiano nas relações sociais.

Quando até em países racistas já ocorre a multirracialidade.

Não desmentem essa teoria os seguintes termos.

Morena clara, mulata, negro bonito, moreno referindo-se a negro como acepção à pessoa de pele escura etc.

No Brasil há duas ações de extrema demonstração de pouca polidez.

Uma é o fato de se dizer coisas ofensivas como se nada estivesse dizendo.

E a se segunda, é de dizer coisas ofensivas, na presença de seus alvos, como se eles não estivessem ali.

Parece palavrão dizer homem negro ou mulher negra.

As pessoas que o fazem pedem desculpas e se sentem incomodadas quando o fazem.

Desculpe. Hein?!!

Negro não tem sequer o direito de ser negro?

É claro que a palavra negão tem, como toda palavra, a possibilidade de ser submetida a tons e intenções.

Se eu disser “Você é uma pessoa extremamente competente”.

Dependendo do contexto e do tom. Isso pode ser uma ofensa.

Isento de sarcasmo ou intenção de humilhar e diminuir.

Parece-me normal.

Chega-se ao cúmulo de haver sugestões.

Vindas de pessoas que não sentem na pele os traumas de vida de limitações na condição de pessoas de “segunda classe”.

Que os fatos expostos nesse texto são neurose negritude ou de alguns negros.

Uma síndrome de Oslo racial.

Fato impossível em uma democracia racial.

Afinal, quem o proíbe de algo, nesse país?

Racismo ou discriminação não se refere apenas a atos de impedimento ou de humilhação.

Mas também à preservação de condições de desajuste reservadas a certos grupos.

Este assunto é tão polêmico quanto jogar lixo nas ruas e entupir bueiros.

Minha parcela de resíduos nunca é a causadora de um alagamento.

Enquanto houver brancos realizando “serviço de preto”.

E negros de alma branca.

Tais sintomas não permitirão a instalação plena da democracia sugerida.

É a “bituca” do cigarro de cada um.

Que, apenas quem sente na pele, sabe a dor.

Mas a intenção é delinear e relembrar coisas esquecidas.

E elevar a auto-estima.

Mais dos negros que dos demais.

Dentre os quais, alguns ainda se consideram raça superior.

A fim de que ambos busquem a integração de forma adequada,.

Sem cisões.

E menos ainda discurso do “deixa prá lá”, “o que não existe”.

Porque pimenta não arde.

Senão nos próprios olhos.

A intenção está longe de querer culpar e atacar qualquer pessoa de qualquer origem.

Temerário seria culpar a quem quer que seja em face das pelas mazelas que sofrem os negros.

Como deixamos claro no início dessa dissertação.

Alguns são flagrados em seu direito líquido e certo.

De pensar e manifestar sua opinião.

Alegando que existe a tal de discriminação do negro contra o branco.

Ora vejam. É um assunto de dupla possibilidade.

Depende.

Se na discriminação hipotética entre ambas as partes.

Se for aplicada a teoria não incomum, ainda evocada por alguns.

De que negros são inferiores, em vários aspectos.

Quer seja intelectual, religioso, moral e outros.

Como poderia um ser inferior discriminar a um superior?

Declaradamente assim legitimado pelo poder de influência científico, religioso e cultural?

Se discriminar exige poder para isso?

Doutro lado, se ambos forem colocados em patamares de igualdade.

Poderá haver discriminação e até racismo.

Inclusive por parte de negros, os quais deverão ter condições de humilhar, diminuir ou impedir.

Caso contrário torna-se impossível.

Enfim, a raça negra deve buscar a libertação real.

Tornando-se tão igual que passe a ser invisível no que se refere aos estigmas que lhe são atribuídos.

Por exemplo, como um preguiçoso trabalharia até vinte e duas horas por dia?

E morreria aos sete anos de trabalhos forçados?

A um preguiçoso, talvez a pena de morte fosse alternativa mais confortável.

A força da raça negra está em reconhecer-se e valorizar-se com orgulho.

Isto é fator de poder e força de qualquer cultua, povo ou raça sociológica.

O que a impede de resgatar suas origens linguísticas, religiosas tão discriminadas, tais como a religiosidade de matriz africana.

A qual ainda é coisa do demônio no Brasil.

Conforme declarações descaradas e impunes.

De representantes de doutrinas de massa.

Outras culturas exibem com orgulho suas tradições.

E o negro pouco o faz.

Mas quando tenta fazer, é acusado de discriminação.

Muito embora, os eventos de cultura negra tenham prevalência de brancos e de outras etnias.

A raça negra, no sentido sociológico da palavra, deve aproveitar-se da ausência de graves conflitos e ódios raciais, no Brasil.

Para alçar condições de boa visibilidade pela inserção em áreas de importância.

Mesmo que para prestar serviços exclusivos para comunidades restritas.

Essa atitude é necessária, a fim de evitar que os únicos veículos de sua ascensão continuem a ser o futebol e o samba.

Não importa ser maioria numérica nem se tornar melhor que outras pessoas de outros biótipos e origens.

Mas sim, e, por exemplo, evitar que tantas mulheres negras tão lindas apareçam somente no carnaval, como caídas de um céu intangível.

Mas não e nunca sejam requisitadas para atuarem como modelos nem para comerciais de alguns produtos.

Justiça seja feita, pois isso já esta sendo revertido em 2017.

A mídia se defende e as ações corroboram à verdade que se tenta esconder.

Já que ninguém quer ter seu nome associado ou adquirir nada que o faça parecer inferior.

Esse ponto não precisa ser explicado.

Os comerciais denotam que tem que haver uma identificação natural com pessoas comumente de sucesso.

Mas, vejamos.

Em geral, qualquer tipo que “não-negro”, este mais identificável com favelas, morros, atividades subalternas crimes e outros atributos ruins.

Traz mais legitimidade ao produto.

Os mais maldosos dirão que acabei de afirmar algo que nunca foi dito.

O subliminar não precisa de afirmação.

Mas consegue os mesmos resultados.

Eis mais uma confirmação real e cotidiana do que penam as pessoas negras no Brasil.

Mesmo que jamais tenham sido vítimas de racismo.

Não têm cultura, não têm língua, não têm beleza, não são bem-sucedidos.

Outras origens têm e cultuam tudo o que é negado aos negros.

Pois relacionados à ruindade.

Por que a mulher mais bonita do mundo em 2014.

Lupitta Nirongo. É uma negra. Tão comum quanto qualquer outra negra de uma favela brasileira?

Sua beleza é óbvia.

Mas a questão vai além dessa ótica.

Outras possibilidades estão exiladas e incomunicáveis.

Será mera coincidência? Ou será uma inferiorização inconsciente da negritude.

Tolhida por obstáculos transatlânticos que a trouxeram a este paraíso sul-americano, na Terra.

Onde ainda, alguns, lutam para confirmar que não forram expulsos dele.

Muito menos tiveram seus nomes retirados da cronologia.

Que nefasta, acoberta seus erros.

Dos quais culpam ao demônio.

Em nome de um Altíssimo.

Anatêmico.