A GREVE GERAL, A CUT E A "grande mídia" (28.04.2017)

Para esclarecimento de quem não saiba, a CUT (Central Única de Trabalhadores) é uma organização à qual estão filiados centenas de sindicatos, dezenas de federações e confederações representantes das mais diversas classes de trabalhadores do Brasil, com representações em todos os 26 estados, mais o Distrito Federal, através das CUT's estaduais.

Fundada em 1983, em São Bernardo do Campo/SP, resultante de movimentos e lutas empreendidas pelas classes trabalhadoras, sobretudo do ABC paulista, contra a exploração e autoritarismos empreendidos pelas classes patronais, assim como contra a supressão de liberdades e direitos civis efetuada pela ditadura civil-militar implantada em março de 1964 à custa de coturnos, tanques e baionetas.

Inúmeros direitos e benefícios que os trabalhadores de hoje têm (direito de greve e livre manifestação, seguro desemprego, auxílio transporte, auxílio alimentação, redução de jornada regulamentar de no máximo 44 hs semanais, ampliação e regulamentações de direito a livre organização e através de entidades de classe (sindicatos, associações), dilatação do tempo de licença maternidade, implantação de licença paternidade etc. etc. etc.) se devem, ao menos em grande parte, a esses movimentos e lutas que deram origem a CUT e, posteriormente, outras organizações e centrais de trabalhadores.

Então, quando se vê em dias como o de hoje, sobre as manifestações lideradas pela CUT contra as reformas propostas pelo atual governo golpista de nosso país, noticiários como os do jornalismo da rede Globo e outras emissoras ou órgãos da dita "grande mídia" se referirem a CUT com desdém, como se fosse uma entidade qualquer, "à margem da lei", como sendo pouco representativa de trabalhadores do Brasil; se torna inequívoca a baixa qualidade e a parcialidade do jornalismo praticado, já há certo tempo, por seus prepostos.

Não, a CUT não é uma entidade marginal ou à margem da lei, ao contrário, é, com todos os possíveis defeitos que possa ter ou eventuais erros que possa cometer, a melhor e maior expressão em termos de representatividade da grande massa de trabalhadores brasileiros.

Em tempo: A luta que tende a se agigantar a partir de hoje, 28 de abril de 20l7, contra a supressão de direitos duramente conquistados através de décadas, à custa de perdas de muitas carreiras, de muitas vidas, de suor e sangue de inúmeros trabalhadores - anônimos em sua maioria - não é só das forças aglutinadas na CUT: é também da Força Sindical (liderada pelo notório pelego-mor do brasil) que também aderiu e se mobiliza no mesmo sentido dentro da mesma percepção, assim como de tantas outras entidades que se fizeram representar. A luta não é da só CUT como nos quer fazer crer a "grande mídia", é de todas as classes trabalhadoras e a favor da Nação Brasileira.

Sem os empresários, os empreendedores, os detentores dos meios e capital, não há empregos, é bem verdade; mas não esqueçamos, todos, nunca, que sem trabalhadores não há empresários, empreendedores. Daí a necessidade de equilíbrio nas relações entre as duas partes, dependentes uma da outra, de modo a serem satisfeitas o melhor possível as demandas de todos. As proposições do governo Temer visam enfraquecer um dos lados, o dos empregados, em vez de fortalecer esse equilíbrio. Então só há um caminho na busca desse necessário equilíbrio: a luta e pressão no sentido contrário ao imposto, como a empreendida no dia de hoje através da Greve Geral. Que as reformas profundas, eventualmente necessárias e/ou inevitáveis, sejam levadas à cabo. Porém com a ampla discussão e participação de representantes de todas as partes interessadas, da sociedade civil organizada, e, principalmente e só após a restauração da Democracia Plena, conspurcada através do Golpe jurídico-Parlamentar-midiático-empresarial de 2016.