A Força para vencer a si mesmo

Cada ser humano passa por vários processos de resistências, antes de realizar um projeto de vida seja ele qual for. Há os que conseguem administrá-los, mas também os que passam por toda uma existência, lutando para vencer seu “ naysayer”,e são vencidos, morrendo infelizes à sombra dos seus mais elevados sonhos, entregues ao desanimo da descrença em si próprio, por ter se deixado abater pelos “nãos” encontrados no caminho, sem ouvir com calma a voz da alma que sempre conduz a realização do que é mais sublime para a realização de todo ser, como a contribuição para a humanidade, deixada por cada um, ainda que possa parecer insignificante.

Steven Pressifield, é um escritor e ator americano ainda vivo, nascido em 1943 na cidade de Port of Spain, Trinidade. Formou-se na Universidade de Duke em 1965, serviu ao corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos na década de 1960, e trabalhou em muitas funções na vida, entre elas, motorista de trator, barman, atendente em hospital psiquiátrico, e professor primário.

Viveu por um período na carroceria da própria caminhonete com sua máquina de escrever. Mesmo em tempos modernos onde quase não ouvimos mais falar dessa peça rara, ela ainda é ferramenta atuante, usada por ele para registrar as suas inspirações.

É possível concluir, que as condições não lhe favoreciam usar os benefícios tecnológicos do computador. Vivendo uma situação limitante e com sérias dificuldades em vencê-las, ele faz um analise profundo de si próprio, e descobre a raiz do problema, decidindo escrever sobre o tema.

A Guerra da Arte lançado em 2002, é um livro interessante que aborda sobre os bloqueios que qualquer pessoa pode enfrentar na busca das realizações dos seus sonhos, dando-nos uma visão de como reconhecê-los e assim enfrentá-los. Ele descreve com uma prática incrível de como podemos traçar sem fantasias, um plano para vencer essas batalhas com muita consciência da sua existência e sua força sobre nós, citando sua própria experiência.

Com bom humor, de maneira clara divertida e até reverencial, ele descreve o passo a passo que seguia para realizar o seu trabalho, que era escrever, mostrando como é possível agir com a resistência, naquilo que deve e pode ser feito por cada um, mesmo que não se tenha reconhecimentos, não focando em fazer o que nos aprovam, e sim aquilo ao qual viemos, e a nossa alma anseia. Para Pressifield, a jornada que vivemos, é uma viagem mais para dentro de nós, na nossa alma, do que externa.

Ele descreve a diferença entre um profissional e um amador, com uma fala simples, objetiva e bem esclarecedora. Para ele, um profissional não faz o seu trabalho quando tem tempo. Ele é fiel, comprometido com seus objetivos, sério e constante no que se propõe a realizar. Não se supervaloriza, trabalha em silêncio; vê o seu trabalho com seriedade. Compreende que todo esforço é sagrado quando se reconhece no dever de fazer algo.

O profissional concentra-se na técnica, domina com determinação os “como”, e deixa os “porquê” para os deuses. “Um profissional vê o seu trabalho como um ofício ”. Continuando, um profissional não considera a rejeição algo pessoal; para ele as críticas mesmo se verdadeiras, sabe que não devem ser vistas como tal, pois estaria assim fortalecendo o inimigo interno. Acata e segue, buscando analisá-las e melhorar se for necessário. Ele diz que o amador joga por diversão, o profissional pra valer. O profissional ama tanto a sua vocação, que se dedica a ela por toda a sua vida. O amador se supervaloriza, acha que já sabe, e consegue descobrir tudo sozinho. O profissional procura aprender com os melhores ou se cala; apenas realiza o seu trabalho.

Ele divide o livro em três partes: 1 Definindo o Inimigo, 2 Tornando-se um Profissional, 3 O Reino Supremo. O inimigo por ele definido é a resistência, que ele descreve como a força mais tóxica do universo. “Possuímos duas vidas; a que vivemos e a não vivida que existe dentro de nós. Entre as duas, encontra-se a resistência”. Ele afirma, ser ela uma força de repulsão, negativa portanto, que nos leva à derrota, nos faz menores do que nascemos pra ser. Seu objetivo é nos afastar, distrair, nos impedir de fazer o nosso trabalho. Ele diz, que a resistência não é pessoal. Não escolheu você por capricho; é uma força da natureza e vem do externo, como parentes, patrões, circunstancias, mas também surge em nosso interior. É aquela voz do deixa pra depois etc. Ele afirma, que quanto mais for importante um projeto em nossas vidas, mais ela vai se manifestar. O medo estará mais presente e ela o usa como aliado.

Ele escreve sobre a inspiração que vem da sua Musa, falando aqui de maneira metafísica. Ele se refere a um cerimonial para escrever em respeito a ela, que traz as inspirações para a sua obra. Para ele, através de nós há uma manifestação sutil do que deve ser feito para o mundo, aquilo que precisa ser dito e só nos o podemos fazer, quando permitimos a vontade de cumprir o desejo da nossa alma, e assim somos honrados com as inspirações.

Quando nos comprometemos a fazer o que a nossa alma anseia, forças se aliam a nós, dando as ferramentas de que necessitamos para fazermos aquilo que temos a fazer. Esta força, é uma inteligência fiel e organizada que dita o que precisamos apresentar ao mundo. Para ele, o ato de criação é por definição territorial. Não pode ser hierárquico, e os define com alguns exemplos, nos quais cita Stevie Wonder, que certamente ao se sentir ansioso ou sem inspirações, iria para seu piano tocar mesmo que fosse o último no mundo. Neste momento, estaria a buscar o equilíbrio, o que se faz possível no campo territorial. Não perguntaria para amigos se devia ou não tocar. Se assim o fizesse, agiria hierarquicamente.

Ele termina sugerindo, que deveríamos nos fazer a pergunta de uma mãe, que carrega no ventre seu filho. “O que sinto crescer dentro de mim”? Ela sabe que é um filho embora não saiba como ele será. E nós? Cresce os sonhos ou as frustrações! Para ele, devemos fazer o nosso trabalho não pela fama e fortuna, mas pelo dever a cumprir, e doá-lo como oferenda a Deus.

Gil Epifânia
Enviado por Gil Epifânia em 23/04/2017
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