EU, HOPKINS E A RAÇA

Entre a noite de quinta e a manhã de sexta-feira fui sacaneado duas vezes. A primeira sacanagem foi da Microsoft, que desta vez, sem aviso prévio reiniciou meu computador quando já pensava em desligá-lo para dormir. A nova atualização do “Windows 10”, durou mais de uma hora. Com aquele “Não desligue seu computador”.

Nesse tempo de espera pensei no assunto que escreveria. Mesmo sem ser político, fugir da Odebrecht tornou-se quase impossível. Resolvi então, estender o raciocínio da minha postagem nas redes sociais. Resumindo, quem realmente governou o Brasil, nas últimas décadas foi Odebrecht. Mexendo os “peões” no tabuleiro com movimentos milionários.

Fui sacaneado pela segunda vez na manhã de sexta-feira pela revista Veja. Que estampou na capa do próximo exemplar, o brasão da República Federativa do Brasil rasurado com borracha, substituindo por: “República Federativa da Odebrecht”. E quem sou eu para competir com Veja? Então Anthony Hopkins chegou para me salvar.

Espero não ser o primeiro a desacreditar da própria raça. Há tempos desacreditei. Das teorias que tentam explicar minha existência, descarto completamente a criação divina. Ninguém em sã consciência nos criaria. Sobra a evolução, que muitas vezes coloco sob suspeita. Temo que somos o resultado de algo ainda pior.

Podemos muito bem ser uma experiência malsucedida abandonada neste planeta. Assim como os americanos criaram a bomba “MOAB”, e jogaram no Afeganistão, alguma raça guerreira de outra galáxia, também quis criar uma arma destrutiva. Pior ainda, se o motivo do descarte final, for por ser mortal demais. Não eliminaria essa possibilidade.

E como foi que Anthony Hopkins me salvou? Será difícil encontrar alguém que dirá nunca ter visto um filme estrelado por Hopkins. O personagem Hannibal Lecter de “O Silêncio dos Inocentes” descreve perfeitamente nossa raça, quando flutua entre a sensibilidade poética da ópera, e a sensibilidade mordaz devorando suas vítimas.

Antes de ser ator e ganhador de Oscar em 1992, Anthony Hopkins foi músico. Há cinquenta anos ele compôs uma valsa. Diferente da fama de ator, Hopkins tinha receio de ouvi-la sendo tocada. Executada pelo maestro e violinista holandês André Rieu, a valsa foi ouvida pela primeira vez em Viena. E claro, Hopkins estava na plateia.

A emoção do resultado pode ser vista e ouvida em vídeos disponíveis a internet. Além da sensibilidade emprestada ao personagem, na vida real Hopkins conseguiu ir muito além, É uma das mais belas valsas que já ouvi na vida. E acreditem, foram centenas.

Vivemos tempos de sensibilidade mordaz. As bombas “devorando” suas vítimas não são ficção. Na valsa de Anthony Hopkins, vive uma chama poética no braseiro se apagando. Quando penso valer a pena assoprá-la, aparecem Trump e Kim Jong-un.