O QUE VOCÊ SUGERE?

Nos bons tempos de estudante tivemos aulas sobre a “Teoria Geral do Estado”. Através do conteúdo programático, aprendemos que, em síntese, o Estado é uma instituição criada com o objetivo principal de garantir “a todos os jurisdicionados, proteção e bem estar comum, através do estabelecimento generalizado de direitos e deveres que o promovam e sustentem”. No entanto podemos perceber que, na atual fase em que nos encontramos, estamos diante de uma realidade diferente do proposto na Teoria.

Embora a Constituição Federal estabeleça que “todos são iguais perante a lei”, nossas “autoridades”, lenta e ardilosamente, se instalaram na posição de incorporarem, elas mesmas, o próprio Estado.

A percepção inicial é a de que, o Estado que foi criado para proteger o cidadão e a sociedade assumiu tal dimensão que findou por proteger-se contra o cidadão e a sociedade.

Diante dessa visão, podemos entender que, em nossos dias, o Estado se compõe de seus dirigentes, sobretudo os que se concentram, em nosso caso, nos Três Poderes da República e toda a burocracia decorrente, incluindo as demais instituições de apoio.

As atitudes fartamente comprovadas pelos noticiários da mídia dão conta das ações de deslavada corrupção em que se encontram nossas “autoridades” alçadas ao topo da pirâmide política pelos cidadãos, esses, mobilizados pela mentira e pela enganação difundida massivamente pelos meios de formação de opinião pública.

Essas pessoas exorbitam em suas posições, colocando-se acima dos demais cidadãos, assumindo uma autoridade que elas mesmas criaram em suas decisões oficiais, mandatórias, quase sempre corporativas. Diariamente assistimos ações políticas ou administrativas visando, unicamente, atender aos interesses dessas personagens, que se mantém a cada vez mais, no usufruto de vantagens, mordomias, direitos e outros recursos indignos, mesmo que legais.

Para a manutenção dessa situação corrosiva e prejudicial à sociedade distanciada dessas castas, os ardis partidários e ideológicos atuam como fermento, expandindo esse poder de usufruto em prejuízo do povo e conspurcando o verdadeiro sentido de Estado.

Mas, como nem tudo o que parece é, ou como dizia Jorge Veiga, “nem tudo o que reluz é ouro, essa cara deslavada de corrupção e abuso é uma cara-máscara com que um suposto estado de fato se apresenta. Há um outro estado que se superpõe ao estado político que conhecemos ou que nos é dado a conhecer que, aos poucos, pelas ações da Polícia Federal, do Ministério Público e, principalmente, do Juiz Sérgio Moro, nas ações da “Operação Lava Jato”.

Esse segundo estado, até então, era oculto e se mantinha protegido pelas brumas da dignidade que envolve os altos estamentos do poder econômico. Nesta sórdida história não há anjos e nem santos, pois sabemos que na atividade empresarial, pela própria construção, o objetivo principal é “o lucro ilimitado”.

Essa meta é claramente colocada por Henri Pirenne em “História Econômica e Social da Idade Média”, no conceito aprendido nos bancos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, lá pelos idos de 1972, que nos motivou à redação deste texto.

Sem entrar no mérito ideológico da questão, o que se pode depreender, do que trata o conceito, é o fato de que um outro ingrediente, dessa vez maquiavélico, aponta para a obtenção do lucro ilimitado seja lá com que ferramenta, mecanismo ou ardil for necessário...

É nesse ponto que entra a corrupção com todas as suas facetas. É nesse ponto que se abre o véu em que se oculta o “outro estado”, este acima do estado de fato, conhecido pelas manchetes dos jornais montado no estado de direito ao qual se refere a Teoria fortalecido pelas colunas da própria Lei Maior, porém, conspurcado e violentado pelos agentes dos estados que se encavalam no seu dorso.

O lucro ilimitado induz a todo o tipo de falcatrua em que se fundem organizações empresariais de alta monta e políticos ou servidores de outras instâncias, todos envolvidos no mesmo afã de lucro fácil, em prejuízo da sociedade abominada pelo estado corrompido. Todo esse descaminho é defendido e protegido por um corpo de advogados distanciados do sentimento de pátria que articula recursos e manobras jurídicas para manter a incolumidade desses agentes da corrupção, sempre regados a altos honorários.

Nesse ponto, empresários e agentes do estado trocam favores e nessa forma de atuação o que se nota é a prevalência empresarial, com seus fartos recursos financeiros, na compra de compromissos ou adesões de políticos e outros servidores do mecanismo governamental, tudo isso regado a propinas ou outros tipos de vantagens ilícitas, sempre com o envolvimento de recursos públicos que se esvaem pelos esgotos da corrupção.

Nos dias de hoje, as manchetes comprovam essa colocação escancarando a relação malévola entre empresários e servidores nos relatos da “Operação Carne Fraca”, irmã gêmea da Lava Jato e outras tantas. Esses são os intestinos e as demais vísceras, em metástase, do atual e real “organismo do estado”.

Não é fácil constatar o quanto o país foi degradado por esse tipo de associação corrupta quando se volta o olhar para o passado e se compara o que hoje se faz e os tipos de manobras que são urdidas no interior das casas do Congresso, com ou sem o apoio das demais instâncias que, quando não cooperam, fazem ouvidos de mercador...

Esses dois estados que se acomodam na corrupção são responsáveis pelo desatendimento à sociedade, nas previsões constitucionais, com suas medidas impositivas, retirando ou negando direitos, empobrecendo, provocando o desemprego, desqualificando a Educação, enfraquecendo a Segurança, a Saúde, lançando mão dos recursos financeiros para fins inadequados, impondo contingenciamentos de verbas inseridas na LDO, sucateando e desestimulando as FFAA e órgãos de segurança interna, subvertendo os costumes, dividindo a cidadania, enfim, promovendo a degradação da sociedade e do sentimento de nacionalidade.

Os recursos, de tão dilapidados que foram, conduziram o país a essa trágica situação de insolvência em que vemos segmentos da sociedade sendo privados de recursos para seu próprio desempenho funcional e, até mesmo, de seus salários.

Não satisfeitos voltam-se, os abutres, para ataques a aposentados, trabalhadores, servidores de referências mais baixas, atentando, agora, contra a Previdência Social, fortalecendo a terceirização bem como propondo reformas políticas que lhes assegurem a manutenção nos desvãos da lei e no massacre dos demais pagadores de impostos, por demais extorsivos.

Manobras políticas, legais, jurídicas e executivas são tomadas, em conluios na calada da noite, em benefício dos próprios proponentes, enquanto o emburrecimento, a desassistência e o achatamento salarial atuam, decisivamente, no desemprego e no empobrecimento da Classe Média, em apoio à incessante busca pela margem ilimitada de lucros dos agentes da política, economia e finanças.

E não se pode, nessas circunstâncias, acusar esse ou aquele governo, direita, centro ou esquerda pela degradação em que atiraram a nação brasileira. Toda a casta dirigente, com raras exceções, faz parte desse teatro maldito onde a massa é tripudiada, explorada, vilipendiada e desprezada pelo alvitre daqueles que, por ela mesma foi alçada às posições de condução do Estado, sob o critério “do povo, pelo povo e não, do povo para nós”. É nos “partidos” que começa toda a desgraça social no país.

Qual a saída? Quem ou o quê consertará tal situação quando insanos alardeiam que vivemos em uma democracia onde as instituições funcionam em sua plenitude?

Afinal, isso é democracia ou uma ditadura estatal implantada pelos que tomaram assento nas instâncias de governo para exorbitarem de suas reais funções, de onde primam em publicar normas e regras de controle social, comportamental, fiscal, etc... num massacre sem fim?

Impeachment? Novas eleições? Parlamentarismo? Retorno à Monarquia? Sinceramente, eu não sei! Se você souber, por favor, mostre-nos a solução, pois assim como eu, muitos outros dos nossos leitores alimentam a mesma duvida! Afinal, já estou próximo da última estação dessa viagem e desembarcarei antes dos futuros acontecimentos. Mas, vocês que tem filhos, netos e familiares, ainda infantes, deverão estar aí para assistir e participar, pois eles serão, conforme vocês decidirem, atores ou plateias de um teatro que poderá ser feliz ou medonho!

Assim aproveite e dê sua sugestão! O que você sugere para retornarmos ao Estado a que se refere a Teoria, onde direitos e deveres sejam comuns, em benefício de todos?

Amelius – 22/03-2017

Amelius
Enviado por Amelius em 22/03/2017
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