Sobre dízimos e ofertas "de sacrifício" na Igreja de Atos

Não há registro nas cartas dos apóstolos que os cristãos primitivos deveriam devolver dízimos para a Igreja. Aliás, há vários motivos pelos quais podemos confirmar que não se pode exigir dízimos nas igrejas com a alegação de que é bíblico.

1) Os dízimos eram para o Templo de Jerusalém e para os sacerdotes. Os apóstolos de Atos não eram sacerdotes e, por isso, não recebiam dízimos. Apesar de serem cristãos, ainda eram judeus e, se recebessem os dízimos, seriam culpados de desobedecerem a Lei. Não se sabe em que momento da história da Igreja se começou a dizer que os cristãos deveriam dar (ou devolver) o dízimo, mas desde o tempo de Atos existe a oferta, e os primeiros cristãos eram generosíssimos nelas.

2) A Igreja de Atos se reunia todo dia de casa em casa, portanto, não havia "igrejas" ou "levitas que trabalhavam na igreja" e, assim, não era necessário pagar ninguém. Se precisassem dizimar para o sustento de cada casa, haja dízimo.

3) Os cristãos vendiam seus bens e compartilhavam entre eles e ninguém tinha falta de nada.

4) Não havia oferta de sacrifício financeiro porque "de graça recebestes, de graça dai".

5) Todos ofertavam com alegria conforme propunham em seus corações.

6) Não há menção de se ofertar desafiando a Deus e pegar no pé do profeta para ser abençoado.

7) O sacrifício mencionado no Novo Testamento é o de louvor: o lábio que confessa o nome de Jesus, porque naquele tempo confessar que era cristão significava ser sacrificado.

8) Se os pastores e "apóstolos" de hoje exigem o dízimo com a alegação de que é Bíblico, também devem usar o dízimo como o Antigo Testamento ordena: um terço para o templo, um terço para as festas do Senhor e um terço para os pobres.

9) Se os pastores e "apóstolos" hoje não repartirem o dízimo com essas três finalidades, então, de acordo com a lógica deles, eles estão roubando a Deus.

10) O Novo Testamento fala que quem muito semeia colhe em abundância, mas isso é em relação a oferta e contribuição (2 Cor 9).

11) 2 Cor 9 fala que Deus é generoso com quem oferta com alegria, não por necessidade. Então, fazer desafios a Deus em troca de algo, lhe ofertando alguma coisa, anula a graça.

12) Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos concederá juntamente com Ele, GRATUITAMENTE, todas as demais coisas? (ROMANOS 8:32). Ou seja, Deus nos dá as coisas por GRAÇA, e não por troca. Se cremos que vamos conseguir algo de Deus porque nos mandaram entregar algo, também anulamos a graça.

13) 2 Cor 9: Cada pessoa coopere conforme tiver proposto em seu coração, não com pesar ou por constrangimento, pois Deus ama o doador que contribui com alegria. Certos de que Deus é poderoso para fazer que toda a graça vos seja acrescentada, a fim de que em todas as áreas da vida, em todo o tempo, tendo todas as vossas necessidades satisfeitas, transbordeis em toda boa obra. Como está escrito: “Distribuiu, doou dos seus bens aos necessitados; a sua fidelidade será eternamente reconhecida”. Aquele que oferta a semente ao que semeia, e pão ao que tem fome, também vos suprirá e multiplicará a semente e fará desenvolver os frutos da vossa fidelidade. Sereis enriquecidos em todas as áreas de vossas vidas, a fim de que possais ser generosos em qualquer ocasião e, por nosso intermédio, a vossa boa vontade resulte em ações de graças a Deus. Porquanto, ao ministrar essa assistência não apenas estais suprindo as necessidades dos santos, mas semelhantemente promovendo o transbordamento de variadas expressões de louvor e gratidão a Deus. Por intermédio dessa prova de verdadeiro serviço ministerial, muitos outros louvarão a Deus pela obediência que acompanha a vossa confissão do Evangelho de Cristo e pela generosidade do vosso coração em compartilhar vossos bens com eles e com todos os outros. E eles, orando em vosso favor, demonstram a profunda afeição que têm por vós, por causa da extraordinária graça de Deus que vos foi concedida. Graças a Deus por nos haver oferecido seu maior e mais indescritível dom! (2 Cor 9:6-15).

14) OFERTAR É BÍBLICO e necessário, mas devemos ofertar conforme a nossa situação, para não fazermos sacrifício de tolo, de mentirosos e sermos mortos como Ananias e Safira.

15) Paulo não recebia dízimo nem oferta, fazia tendas para se sustentar e não ser pesado às igrejas.

16) Paulo orientava que as igrejas ofertassem aos seus pastores, pois digno é o obreiro do seu salário.

Essa era a igreja que via o poder de Deus como em nenhuma outra época e lugar. E crescia em graça diante do povo.

Assim, fiquemos com o que diz Romanos 14:22: "A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova".