A Arca de Noé.
 
 
Noé, naquele tempo, era um dos preferidos de Deus. Respeitava seus ensinamentos e acatava todas as suas palavras.
Acho que até hoje ainda é!
Jamais questionava aquilo que lhe parecia a absoluta Verdade Divina. Passava seus dias ouvindo vozes celestiais, que somente ele escutava, ninguém mais.
 
As pessoas de sua família, muitas vezes, imaginavam que não estava em seu perfeito juízo pois, em certas ocasiões, falava horas e horas, parecendo alheio a tudo que o cercava.
Com os olhos fitando o céu, Noé tornava-se absorto e feliz. Parecia, mesmo, que sorria.
 
Em um destes dias, depois de passar muito tempo ouvindo as tais  vozes que ninguém ouvia, chamou sua mulher, os filhos e as noras, outros parentes e seus vizinhos. E assim  falou:
 
Queridos familiares e amigos, Deus está muito aborrecido com o Ser Humano, que o tem entristecido demais e causado muitas decepções. Ele resolveu que choverá por quarenta dias e que as águas subirão de tal modo que o Universo ficará inteiramente inundado. Irão perecer todos aqueles que não acreditaram Nele. Aconselhou-me a construir uma grande embarcação e nela colocar um casal de animais, de cada espécie, bem como as pessoas que acreditarem em tudo que eu digo. Assim, peço que me ajudem.
 
 
Noé supunha que todos iriam crer no que ele dizia.
Porém, pouco a pouco, todas as pessoas foram saindo, por duvidar das palavras de Noé. Deste modo, ele contou apenas com a ajuda da sua família, que junto a ele permaneceu, para construir o gigante barco, ao qual deram o nome de Arca de Noé.
 
Trabalhou muitos dias, até que ficasse pronta. Depois, satisfeito com sua obra, convocou os animais, um macho e uma fêmea de cada espécie e foi colocando cada um destes casais dentro da Arca.
 
Era lindo ver. Lá vinha dona Jabuti e seu marido, andando bem devagar, seguidos do Chimpanzé Cabeludo que tinha ao lado sua mulher de chapéu vermelho.
 
O casal de Zebras cobriu-se com um grande pano branco, pois tinha vergonha das suas listas, que estavam um pouco encardidas.
 
Muito bonitinha era a dupla de Canários Amarelos. Ensaiaram um canto lindo para este dia e entraram na Arca trinando a plenos pulmões.
 
O casal mais engraçado era o de Cangurus. Trouxe no bolso da barriga de cada um de seus dois componentes, uma quantidade de castanhas, perdendo-as pelo meio do caminho, desastradamente.
E que bonitos eram os Elefantes, animais lindos, simpáticos e pomposos, orelhas magníficas.
 
Foram entrando todos. A Oncinha Estrábica e seu companheiro; o Porco Espinho e sua mulher, ambos com problemas de coluna.
 
A Centopéia Fêmea vinha com muletas, em duas das suas centenas de pernas, amparada pelo marido, pois estava com grande dificuldade para caminhar.
 
Muito faceiras eram as Borboletas coloridas, executando peripécias voadoras ao entrar na Arca.
 
A senhora Coruja e senhor Coruja haviam acabado de tomar um banho e estavam molhados, feios e mal cheirosos. Entraram escondidinhos, esgueirando-se entre os outros animais.
 
Olhando para as Onças, não dava para dizer quem seria  mais bonito. Ela ou ele?
 
Enfim, lá estavam todos os casais de bichos que Noé queria salvar do dilúvio e que haviam atendido seu apelo. Ele, ali no alto da sua arca, segurando seu inseparável e grande cajado , a todos dirigia, inspecionando-os.
 
Os casal de Leões, os Ursos, os Gatos já haviam entrado.
Dona Girafa apareceu sozinha pois seu marido já viera antes dela para dar um jeito no pescoço, que estava com torcicolo.
 
Nas imediações, voava o casal de Corvos e chegando pela água, os Cavalos Marinhos, os Golfinhos e os Peixinhos Vermelhos.
 
Era um lindo dia!
 
Enfim, os animais  entraram. Sua família já estava lá... Noé cerrou a porta, as janelas e todos adormeceram.
 
Acordaram, pela manhã, com o balançar da arca, que navegava na grande quantidade de água da chuva torrencial que caia. E assim foi durante muito tempo.
Todos os dias, pela manhã, Noé escutava à porta da arca com suas orelhas ali grudadas para ver se a chuva havia parado.
 
Quarenta dias depois, havia silêncio do lado de fora.
 
Abriu a janela e todos ficaram olhando. Noé pediu que o casal de Pombos fosse em busca de terra firme. Saíram voando e voltaram, tempo depois, dizendo que não a encontraram. Mais tarde novamente voaram, retornando em seguida com um lindo ramo de oliveira, a árvore que produz a azeitona, preso no bico da Pombinha. Ainda assim, Noé esperou mais sete dias e depois mais sete.
 
Só então desceram para a terra firme. Cada uma das pessoas e todos os casais de animais acharam uma maneira de acomodar-se.
 
Noé estava muito feliz. Acreditara em Deus, sobrevivera e salvara sua gente das águas do dilúvio pela fé que sempre havia tido.
 
Ali, naquele momento do universo, originou-se o chamado Povo de Deus, do qual voce é um dos descendentes...
isabel Sprenger Ribas
Enviado por isabel Sprenger Ribas em 20/02/2017
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