O segredo das pessoas eficientes
 
 
O mundo real pode não ser como pensamos que é, e certamente não é. Mas é possível fazê-lo ficar como gostaríamos que fosse: um lugar onde a nossa condição de ser humano pode ser exercida plenamente.
    
     É o que a maioria dos grandes mestres vem dizendo desde a aurora da nossa história. E alguns deles, mais ousados, provaram isso realizando feitos extraordinários, que fizeram a diferença.
     É que eles acreditaram em suas visões internas e partiram para a ação, acreditando que tudo que viam, pensavam e sentiam podia ser transformado em coisas reais. Dessa forma, organizaram seus mundos internos com crenças fortes e positivas, que refletiram em seus comportamentos, de uma maneira tão efetiva, que os levou à realização dos objetivos sonhados.
      Os sábios, especialmente os orientais, sempre sustentaram que é preciso deixar que a nossa sabedoria se organize naturalmente, sem permitir que preconceitos e idiossincrasias particulares a deturpem. Por isso, as religiões orientais, especialmente, recomendam uma atitude de fascinação perante a vida, encarando todos os acontecimentos como se fossem oportunidades de aprendizagem. 
      Os budistas até criaram um termo próprio para designar essa atitude: koan. Uma pessoa em atitude koan é uma criatura postada perante a natureza esperando surpreendê-la em pleno processo de criação. Eles não pensam nos acontecimentos como coisas que precisam ser explicadas, pois entendem que não é na consciência que se hospeda o verdadeiro conhecimento, mas sim no inconsciente, e é de lá que a mais pura sabedoria emerge com sua verdadeira identidade. Para eles, o que vem da consciência é sempre uma interpretação incompleta da realidade, mutilada pela necessidade que a mente tem de conformá-la aos nossos valores, crenças e necessidades. [1] Essa também é a postura adotada pelos praticantes do Taoísmo, doutrina desenvolvida na China, no século V antes de Cristo, por Lao Tse, que tem como meta principal a perfeita integração do homem com a natureza. [2]
     Para os praticantes dessas disciplinas o perfeito conhecimento só pode ser obtido mediante uma visão correta das coisas. Essa perspectiva é a adotada pela PNL, pois segundo essa disciplina, o mundo que temos em nossa mente não é o mundo que se apresenta externamente, pois ele é um modelo estruturado a partir das visões individuais de cada pessoa.  A diferença entre a visão oriental e a PNL está principalmente nas conseqüências que cada cultura extrai desse conhecimento. Enquanto os orientais utilizam essa sabedoria para obtenção de resultados no campo da espiritualidade, a PNL a sistematizou num conjunto de técnicas capazes de fornecer às pessoas um plano de trabalho, mediante o qual elas podem aumentar sua eficiência comportamental, visando a obtenção de resultados práticos na vida. Devemos isso à natural tendência do homem ocidental para o pragmatismo, que o leva a procurar sempre o que funciona ao invés de entregar-se a especulações que não se traduzam em resultados positivos.
 
                                                  A técnica da modelagem
 
O que um ser humano foi capaz de realizar, todo ser humano também é. Só precisamos descobrir como foi feito. E partir dessa sabedoria, desenvolver um processo de modelagem.
 
      A PNL valoriza a experiência sensorial por entender que essa é a forma mais efetiva que temos de conhecer o mundo real. Isso porque a experiência sensitiva é uma maneira direta de vivenciar a relação do homem com o ambiente em que vivemos.  É dessa relação que o nosso organismo vive e se alimenta, tanto física como espiritualmente, razão pela qual não podemos evitá-la. Antes, é preciso vivê-la intensamente. Na essência, isso nos leva às técnicas de percepção direta, utilizada pelos místicos orientais e pelos adeptos da psicologia cognitiva. Juntando as duas visões, podemos dizer que um praticante de PNL (practitioner), assemelha-se tanto a um profissional de psicologia, no trabalho diário em sua clínica, quanto a um praticante do budismo zen, ou do taoísmo, ioga, tantrismo, etc., cujo objetivo é vivenciar experiências internas – quer as chamemos de psíquicas ou espirituais – com o objetivo de atingir a plenitude do ser.
      Não é sem razão que a prática da PNL sugere tais analogias. Afinal, um praticante de PNL primeiro tem que estudar os conceitos e digerir as teorias que sustentam os pressupostos da técnica com a qual vai se familiarizar; depois tem que treinar sob a orientação de um mestre, para ser capaz de realizar suas próprias vivências do aprendizado. Somente quando conseguir obter resultados efetivos em suas experiências pessoais, poderá se considerar um iniciado. Isso faz dele um técnico, capaz de detectar, utilizar e modificar as próprias experiências internas e das outras pessoas, ajudando a si mesmo e a elas, no sentido de resolverem seus problemas e melhorarem suas performances na vida; ao mesmo tempo consegue levá-las a experimentar estados superiores de consciência, como os que são alcançados nas práticas chamadas iniciáticas.
     É nesse sentido que nós podemos ver a PNL como a projeção tecnológica de um poderoso conhecimento empírico que vem sendo utilizado por pessoas extraordinárias desde tempos imemoriais. Foi essa sabedoria que permitiu a realização dos grandes feitos que lhes são atribuídos, e lhe deu a grandeza de alma de que eram possuidores.
     Esses conhecimentos podem ser modelados e utilizados por qualquer pessoa que queira desenvolver suas próprias habilidades e ganhar uma maior capacidade de resposta para dar aos desafios que a vida lhe coloca.   Por isso, a PNL é conhecida como a ciência da modelagem, ou seja uma forma prática e segura de aprender o que de melhor a experiência humana já foi capaz de produzir.
 
[1] Um koan é uma metáfora, ou um conto, que aparentemente não tem sentido lógico. É uma mensagem dirigida mais ao inconsciente do que à consciência do ouvinte. Eis um exemplo de koan. “ Um discípulo chamado Esshin levava sempre sua vaca consigo quando ia ouvir os ensinamentos do mestre. Uma noite, ao voltarem de uma palestra ( que o discípulo estava se esforçando para entender), a vaca, com o casco, escreveu na areia as seguintes palavras: “Esta noite, ouvi dizer que até as ervas, e os bosques podem ter o espírito do Buda. Estou muito feliz, pois sei que também eu tenho um espírito”.
[2] O Taoísmo é uma doutrina que propugna por um profundo respeito pela natureza e pelo equilíbrio ecológico no mundo e no próprio ser humano e sua sociedade. Seu pressuposto fundamental é que o homem não pode ser desvinculado do ambiente em que vive e nem cria nada por si mesmo; é apenas um agente necessário, nela exercendo um papel natural.