Empoderar: Por uma educação consciente

Empoderar significa dar poderes a alguém, oferecendo-lhe subsídios para saber administrar a responsabilidade que recebera, de modo a não torna-se um tirano “ignorante”, mas alguém capaz de, sensível e inteligentemente, compreender as necessidades daqueles que lhes rodeiam, buscando formas práticas e eficazes de sanar os problemas. Portanto, não há maneira melhor de empodera do que por meio da educação. Cada vez que um jovem ou uma criança abre as páginas de um livro e o folheia, mesmo que sem a pretensão de lê-lo, está, de alguma forma, se rebelando contra a tirania daqueles que procuram lhes destituir dos seus direitos básicos, dentre eles, o de estudar. Constitucionalmente, toda criança tem direito a escola de qualidade e pública. Todavia, as vezes parece impossível que essas duas palavras andem juntas. Público e de qualidade demonstra ser algo utópico em um país acostumado a fazer-se de Hobbie Wood às avessas, tirando dos mais pobres e miseráveis para encher os bolsos dos ricos. Pensar em empoderamento em um país no qual a saúde está cada dia mais precária, em que pessoas esperam em filas quilométricas pela chance de, quem sabe, conseguir um atendimento para daqui três meses, parece brincadeira. No entanto, é possível. Não é preciso tanto, mas também não se pode fazer tão pouco. Não é necessário, somente, levantar bandeiras e assumir lados, é preciso agir! Agir significa caminhar a passos largos para o empoderamento. Porém, não vamos lá confundir as coisas! Não se quer a derrubada de uma tirania para que outra se estabeleça. O que necessitamos é de um líder, empoderado, consciente, sensível, inteligente e capaz de mediar conflitos de modo a dissolver a guerra e estabelecer a paz duradoura. O Brasil é uma nação que, ao longo de sua história, acostumou-se a ser governado não por uma batuta, mas por um chicote. As marcas que as afiadas chicotadas deixaram em seu “peito varonil” servem para nos lembrar o quanto se faz necessário construir um país menos alienado, menos subserviente, com complexo de inferioridade e de lei Aurea. Sim, complexo de Lei Aurea. Não, meus amigos, não fomos libertos pela lei Aurea. O que fizeram foi tentar resolver um problema criando um outro bem maior. Afinal, esses escravizados libertos não foram empoderados. Eles não receberam educação, moradia, saúde de qualidade, muito menos o direito de ser tratados com igualdade. Simplesmente foram soltos como bois em um pasto não tão verde e tiveram que farejar algo para se salvar da morte. Esses homens e mulheres, parte da nossa ancestralidade, foram rechaçados, renegados, humilhados, jogados as traças, lançados a desgraça de ser parte de uma história torta, na qual a coroa de rei, a faixa de herói e o título de capitão sempre estiveram com os “descobridores”. Ah, e por falar neles, tocamos em uma ferida ainda mais aberta e delicada: Índios! Os primeiros habitantes do Brasil, guardiões das nossas riquezas naturais, nem mesmo são lembrados como parte da nossa raiz. Quando são, a ladainha é sempre a mesma: preguiçosos, bobos, com arcos e flechas nas costas, ingênuos, nus, falando uma língua chamada tupi guarani (ignorando-se completamente a existência dos vários troncos linguísticos indígenas). Ora, senhores, desde que foram chamados de “ povo sem rei, sem lei e sem fé” os nossos índios abandonaram essas características. Por que quiseram? Não! Eles foram obrigados, na base da violência, a isso. Foram aculturados, com a desculpa de que estavam sendo catequizados e salvos do inferno. Claro, o inferno pelo qual passaram na terra não conta. Pois bem, para fim de conversa, quero deixar claro que para que essa história deixe de ser apenas parte de datas comemorativas caricatas, é preciso que nossas crianças e jovens tenham acesso a ela. É preciso que nossos professores sejam empoderados para, desse modo, empoderar. A responsabilidade é tão grande quanto a de Pilatos mas, por favor, não lave suas mãos.

Raizes
Enviado por Raizes em 20/01/2017
Reeditado em 30/01/2017
Código do texto: T5888133
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.