O que há de errado com a Esquerda?
O que há de errado com a Esquerda? Desde o início da crise política brasileira, em que os movimentos de Esquerda urbana tomavam as ruas, seja para baixar o preço da passagem do ônibus, melhorar a máquina pública e, principalmente, a corrupção de muitas figuras do poder executivo e legislativo, vimos um crescimento da extrema-direita, como um fantasma do golpe militar de 1964. O resultado foi a evolução de pequenos grupos autoritários para uma massa alienada por movimentos de oposição e os meios de comunicação que sustentam antigas propagandas da guerra fria descaradamente e, com discurso falacioso, tentando transformar fatos históricos ou presentes em base de sustento para sua ideologia reacionária, essa mesma massa que trouxe uma direita nacionalista, preconceituosa e ultra-conservadora, responsável por um golpe antidemocrático. Hoje, temos um governo elitista que corta gastos do serviço público, tornando precárias as condições de empresas estatais e setores vitais como saúde e educação, com um discurso de melhorar a economia, enquanto aumenta o salário de juízes e deputados, além de repassar verba pública para meios de comunicação em busca de base de apoio. Mas e então, qual foi a reação da Esquerda nesses quase quatro anos de crescimento da Direita?
Enquanto a Direita criava sites, vlogs, páginas, blogs e faziam manifestações atrás de manifestações. A Esquerda se limitou a páginas de facebook de diversas vertentes que estavam mais preocupados em defender o governo federal do que vencer seus rivais. Quase não há canais no youtube de esquerdistas, sejam social-democratas, progressistas, anarquistas ou socialistas. Os sites também estavam limitados a defender a honra do governo que no caso era do PT, sendo que muitos desses meios formadores de opinião eram marxistas, o que mais ajudou a sustentar o hoax de que o PT é comunista. As manifestações que não são de direita que mais acontecem com frequência são de grupos “progressistas”, que se limita a manifestações pacíficas e se afastam dos outros movimentos considerando-os radicais e violentos demais, pois acreditam no discurso macartista da extrema-direita. Essa Esquerda pós-moderna não se importa em repudiar as relações de exploração do trabalho, o Estado sendo utilizado como máquina de interesses da classe dominante, a manipulação midiática em escala global, só em defender grupos oprimidos, como são o caso das mulheres, dos LGBT e negros, e, aliás, muito mal. São manifestações, muitas vezes constrangedoras e sem demonstrar uma base ideológica. A outra parte da Esquerda, que essa sim construiu todo um estudo a partir de espectro político vive no que chamamos de “esquerdismo”. Esse termo foi utilizado por Lenin em uma de suas obras, em que o líder revolucionário criticava os que ficavam mais preocupados em cultivar ideologia o tempo todo do que tomar uma providência. Ter base é um dos passos mais importantes de uma revolução, mas se os movimentos continuarem confinados em suas redes sociais e universidades, e não invadirem os meios de comunicação e fazer com que a direita prove do seu próprio veneno, os resultados serão nulos. Continuaremos sendo vítimas de demagogia e perdendo cada vez mais apoio. Será que o Brasil vai precisar de outra ditadura militar ou algum governo fascista para que a Esquerda acorde de verdade? Muitos comunistas que admiram Lenin e Che Guevara, mas não fazem absolutamente nada para mudar as coisas, mesmo tendo condições para isso (o que nem todos possuem) seria uma vergonha para seus ídolos se esses estivessem vivos. Pior do que essa Esquerda saudosista, e a outra pós moderna, é uma esquerda autoritária que costuma vangloriar figuras que foram verdadeiras manchas na história do socialismo no século XX, como Stalin e Mao Tse Tung, que, segundo os próprios governos ditatoriais que esses dirigiram, foram genocidas concentradores de renda que se preocuparam mais com poder do que com a construção do socialismo. Pelo que aprendemos na história, essa esquerda só resolve agir quando a situação entra no vermelho. Dessa vez, ela já está assim a muito tempo. A atual crise no capitalismo foi perfeita para o crescimento do discurso conservador e autoritário da extrema direita, seja na Itália, EUA, Alemanha, França e agora, no Brasil. É vital que surjam movimentos mais fortes e organizados que utilizem com mais força os meios de comunicação e tomem as ruas para desestabilizar esse cenário assustador que será decisivo nas eleições de 2018, em que teremos a maior representação do autoritarismo reacionário do Brasil concorrendo a presidente, e se ele for eleito, não terá mais volta e as medidas terão que ser extremas. 
Créditos da imagem: "Lenin desapointed".
Gabriel Craveiro
Enviado por Gabriel Craveiro em 17/01/2017
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