CURRÍCULO E CULTURA NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE

André da Silva Macedo¹

Izabel Ferreira do Nascimento Silva²

João Climaco da Silva³

Marcelo Souza Oliveira4

Dra. Rosângela Lemos da Silva5

RESUMO: O presente papper foi elaborado pretendendo investigar a educação sob o ponto de partida do planejamento na formação docente e tem o objetivo de apresentar uma breve reflexão sobre o currículo, do ponto de vista educativo. Portanto, observou-se as características mais relevantes entre os dois temas capazes de interferir direta e indiretamente na transformação ou não da realidade social e individual de cada grupo .Para se chegar a tais observações utilizou-se pesquisa bibliográfica considerando autores renomados, não desprezando conteúdos significativos também dispostos na internet. Percebe-se que o currículo tem sido elaborado, não com pretensões educacional didático pedagógico com intenção de um desenvolvimento integral, mas, visando atender a demanda de uma estrutura social, política e econômica que determina a continuidade da situação de poder da classe dominante detentora do capital sobre as demais. Constata-se também na formação docente que o currículo ofertado dá indícios do tipo de docente que se deseja formar, tendo em consideração que este, ao longo de sua trajetória, contribua com a formação de cidadãos, que estejam a serviço dos donos dos meios de produção.

Palavras chave: Currículo. Conhecimento. Formação. Poder.

1 INTRODUÇÃO

Para ponderar os aspectos que vão impactar de forma significativa na formação docente, sob o ponto de vista da formulação do currículo e consequente formação dos estudantes que se tornarão cidadãos e futuros atores da construção da sociedade, recorre-se ao trajeto da história, através da qual se evidencia que o currículo tem sido uma poderosa ferramenta para os possuidores dos meios de controle, benéfico que é como recurso para instrumentalizar a mão de obra a serviço do capital.

Neste ambiente é necessário questionar se o currículo, nos dias atuais, vem sendo utilizado como fonte de oportunidade de emancipação pessoal e inclusão social contemplando o aspecto cultural integral do indivíduo ou se tem sido utilizado para inclusão somente de conteúdos programáticos nas grades curriculares negando a cultura e o saber próprio que cada indivíduo carrega consigo gerando exclusão social e impossibilitando a igualitária construção da sociedade.

Justamente, coloca-se como construção da sociedade por que ela não está acabada e pronta. Certo que um indivíduo encontrará uma realidade social quando se tornar adulto, todavia, nem por isso, desde sua infância estará eximido do impacto que causa sua existência e interação com os ambientes que frequenta, e, nestas condições, continuará sendo capaz de transformar cada realidade que terá oportunidade de experimentar.

Em pleno século XXI, muitas vezes nos questionamos se ainda há pertinência em discutir “educação libertadora”, posto, que gostaríamos de acreditar que a educação formal já fosse reconhecida como principal processo de humanização, democratização e libertação do ser humano, a principal forma de quebrar as amarras da ignorância e de despertar para a visão crítica e transformadora do mundo.

Assim, as universidades e escolas devem sair da sua função de transmissoras de conhecimentos, a serem acumulados, para assumir a capacidade de atuar e organizar os conhecimentos.

Diante do avanço tecnológico deste século abre-se uma infinidade de possibilidades para que a educação quebre alguns paradigmas. A educação do passado, tradicional, tecnicista, sob monopólio do mestre, pois, já não mais atende aos estudantes de hoje. Os processos educacionais precisam ser revisados para que tenhamos uma sociedade mais justa e fraterna. Precisamos resgatar o ser e não o ter.

As ideias de uma pedagogia diferenciada começam a ganhar espaço, valorizando as diferenças no modo como são selecionados os conhecimentos.

A universidade e a escola assumem papel preponderante, necessitam sair de uma favorável zona de conforto e lançar-se no seu papel de educar para humanizar, para democracia e para libertação. Necessitam engajar-se no reconhecimento de que a sociedade se transforma, como ocorreu em outras épocas, perceber que os paradigmas se tornam obsoletos e a mudança é necessária.

O ser professor, no contexto atual, exige certa ousadia aliada a diferentes saberes. Na era do conhecimento e numa época de mudanças, a questão da formação de professores vem assumindo posição de urgência (PERRENOUD, 2001) nos espaços escolares. Nessa perspectiva, a formação continuada associa-se ao processo de melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores em sua rotina de trabalho e em seu cotidiano escolar. Além disso, a formação relaciona-se também à ideia de aprendizagem constante no sentido de provocar inovação na construção de novos conhecimentos que darão suporte teórico ao trabalho docente.

O professor é um profissional que domina a arte de reencantar, de despertar nas pessoas a capacidade de engajar-se e mudar. Neste aspecto, entende-se que a formação do professor é indispensável para a prática educativa, a qual se constitui o lócus de sua profissionalização cotidiana no cenário escolar. Desse modo, compreender a formação docente incide na reflexão fundamental de que ser professor é ser um profissional da educação que trabalha com pessoas. Essa percepção induz este profissional de educação a um processo permanente de formação, na busca constante do conhecimento por meio dos processos que dão suporte à sua prática pedagógica e social. Neste sentido, a educação é um processo de humanização e, como afirma Pimenta (2010), é um processo pela qual os seres humanos são inseridos na sociedade.

2 CURRÍCULO E CULTURA NA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DOCENTE

A escola não é uma coisa prazerosa. Esse é o grande desafio. A escola deveria se assemelhar muito mais a um teatro, um lugar onde as pessoas sintam-se acolhidas. A escola hoje se parece muito mais com uma indústria do conhecimento, tem uma hierarquização impositiva, deixando às vezes de ser um ambiente de convívio saudável, construtivo e democrático conforme Freire:

“A democracia que, antes de ser forma política, é forma de vida, se caracteriza, sobretudo por forte dose de transitividade de consciência no comportamento do homem. Transitividade que não nasce e nem se desenvolve a não ser dentro de certas condições em que o homem seja lançado ao debate, ao exame de seus problemas e dos problemas comuns. Em que o homem participe”. (FREIRE, 1989, P. 80).”

A boa educação só é possível com bons educadores, aqueles educadores que não se intitulam detentores únicos de toda sabedoria, mas os que são capazes de compreender de que todo mundo tem algo a ensinar. O bom educador é aquele que se propõe a ser aprendiz, portanto é preciso mudar o jeito de ensinar, romper com essa grade curricular. Grande parte do currículo tem informações que são inúteis.

Cultura é a forma geral de vida de um dado grupo social, com representação da realidade e as visões de mundo. A cultura no currículo poderá evidenciar-se no respeito e no acolhimento das manifestações culturais. Consideramos também o currículo como um conjunto de práticas em que significados são construídos, disputados e compartilhados.

Entende-se o currículo como uma seleção de culturas, podemos também entender como conjunto de práticas que produzem significados, portanto o currículo é o espaço em que se concentram e se desdobram as lutas entornos dos diferentes significados, sobre o social e sobre o político. É no meio do currículo que certos grupos sociais, expressam sua visão de mundo, seu projeto social, sua verdade.

O currículo representa, assim, um conjunto de práticas que propiciam a produção, a circulação e o consumo de significados no espaço social e que contribuem, intensamente para a construção de identidades sociais e culturais. O currículo é por consequência, um dispositivo de grande efeito no processo de construção na identidade de um estudante. Portanto currículo é o lugar em que, ativamente em meio às tensões, se produz e se reproduz a cultura.

Muitas das vezes, a utopia nos leva a convergir o Mundo para uma compreensão mútua, sempre com acompanhamento mais arraigado de responsabilidade e muito mais solidariedade, aceitando as diferenças de natureza até espiritual e cultural.

Quando for permitido, que todos tenham acesso ao conhecimento de forma democrática, a educação permitirá um desempenho, um papel muito concreto na realização plena da tarefa universal. Ajudar a compreender o mundo e o outro como cita Dewey:

“Sendo uma forma de vida, a democracia precisa estar presente na concepção de educação, precisa fazer parte de seus princípios, seus meios e seus fins. De forma prática, a democracia, como finalidade de uma educação libertadora, “[...] deveria ser uma situação em que uma classe, um grupo organizado como unidade social de interesses comuns, dirigido por pessoa mais madura e experimentada, favorecesse o ardor mental”. (DEWEY, 1979, p. 260).”

Cultura e educação são profundamente conectadas na existência humana. Foram simplesmente separados para efeito Didáticos, como afirma alguns estudiosos. Maria Helena Pires Martins – Define a Educação como processo de humanização do individuo e a cultura o processo do cultivo do “ser “no seu processo de humanização”“.

Pontos Fundamentais sobre a Educação – A Psicologia, política, neurociência, tecnologia e gestão, associados à educação, chamamos isso de Pesquisa Cientifica. E há décadas vem se consolidando nas Universidades do Mundo.

Através de novos métodos propostos, a regulação das políticas públicas é geração de dados para acompanhamento, em forma de pesquisas quantitativas e qualitativas. Principalmente das Universidades e organizações, a sociedade propõe e acompanha as políticas educacionais.A sociedade é que faz as críticas, aos sistemas educacionais, e mantém participação direta em parte dos serviços.

Teoria define-se pelos conceitos que utiliza para conceber a “realidade”. Os conceitos de uma teoria dirigem nossa atenção para certas coisas que sem eles não “veríamos”. Os conceitos de uma teoria organizam e estruturam nossa forma de ver a “realidade”. Assim, uma forma útil de distinguirmos as diferentes teorias do currículo é através do exame dos diferentes conceitos que elas empregam.

Neste sentido, as teorias críticas de currículo, ao deslocar a ênfase dos conceitos simplesmente pedagógicos de ensino e aprendizagem para os conceitos de ideologia e poder, por exemplo, nos permitimos ver a educação de uma nova perspectiva.

Da mesma forma, ao enfatizarem o conceito de discurso em vez do conceito ideologia, as teorias pós-críticas de currículo efetuaram um outro importante deslocamento na nossa maneira de conceber o currículo.

Da perspectiva da noção “discurso”, entretanto, não existe nenhum objeto “lá fora” que se possa chamar de “currículo”. O que Bobbitt fez, como outros antes e depois dele foi criar uma noção particular de “currículo”. Aquilo que Bobbitt dizia ser currículo passou efetivamente, a ser o “currículo”. Para ele o currículo é, efetivamente, um processo industrial e administrativo.

Caracteriza-se este estudo como do tipo bibliográfico de caráter qualitativo considera autores renomados no cenário educacional, tendo como pré-requisito autores cujas obras tenham abordagem sobre o tema proposto , considera-se também outras contribuições mais recentes, como fonte de dados, recorreu-se a considerações de estudiosos na internet que contribuem para a formulação e desenvolvimento das abordagens bem como servem de embasamento para as observações e formulações finais de conceitos e conclusões. Como forma de contribuir com a educação científica.

CONIDERAÇÕES FINAIS

Observando as comparações feitas no texto, vimos que a visão de currículo ainda persiste em privilegiar os conteúdos dissociados da realidade social e da realidade individual, desprezando o currículo que está em cada indivíduo e consequentemente a cultura trazida por ele e sua própria identidade. Viu-se então que a confecção do currículo escrito trás ainda o chamado currículo oculto que é a intenção implícita do direcionamento do acesso ao conhecimento que se pretende oferecer com o alvo verdadeiro de formar cidadãos para o trabalho a serviço dos detentores do capital e não para o convívio sadio e bem estar social justo e que dê oportunidades igualitárias.

Desta forma, acredita-se que a importância maior está na política de educação do país, pois isto vai delinear que o aparelho ideológico do estado irá nortear a formação do currículo a partir da formação dos docentes e vai impor uma disponibilidade maior ou menor de conteúdos para formar o cidadão com intuito de manter o poder sobre ele, impedindo toda e qualquer possibilidade de emancipação pessoal e social, e impedindo que o currículo esteja associado às realidades culturais diversas para atender as necessidades da população, que anseia por maior qualidade de vida: sócio, política e econômica.

REFERÊNCIAS

A escola deveria parecer um parque de diversões. Disponível em http://www.livrosepessoas.com/tag/tiao-rocha/ acessado em 25/07/2016.

A formação e a profissionalização docente: características, ousadia e saberes. Disponível em http://www.ucs.bretcconferenciasindex.phpanpedsul9anpedsulpaperviewFile3171522 acessado em 07/2/2016.

Cultura e educação. Disponível em http://www.culturaemercado.com.br/site/pontos-de-vista/cultura-e-educacao-2/ acessado em 25/07/2016.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional – LDB Nº 9394/96. Brasília: MEC, 1996.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Volume 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.

DEWEY, J. O sentido do projecto. In: LEITE, MALPIQUE, SANTOS. Trabalho de projecto: leitura comentada. Porto: Afrontamento, 1990.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 19ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1989.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática Velhos e novos temas. Edição do autor, 2005.

MCLAREN, Peter. A Vida nas Escolas: uma introdução à pedagogia crítica nos fundamentosda educação. Trad. Lucia Pellanda Zimmer...[et al]. Porto Alegre: Artes Médicas, 1977.

PIAGET, J. A epistomologia genética. Petrópolis, vozes, 1971.

SILVA, Tomaz Tadeu da. A Escola cidadã no contexto da globalização. Uma introdução. Petrópolis. Ed. Vozes, 2001.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. Tradução de José Cipolla Neto, Luís Silveira Menna

Izabel Ferreira, André da Silva Macedo; João Climaco da Silva e Marcelo Souza Oliveira
Enviado por Izabel Ferreira em 17/01/2017
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