Saudades..., Saudades..., Saudades!

Saudades das umbuzadas (umbus amassados com leite de cabra) feitas pelas minhas irmãs, do Sítio Pintado – município de Santana do Ipanema – AL, 1951 ou 1953 a 1955, que são elas: Josefa, Lourdes e Joana!

Saudades de meus avós, principalmente do Antonio Correia, a quem prometi um par de botinas que jamais entreguei, seja quando estava no interior paulista, seja no paranaense!

Saudades das lavouras da região do Ribeirão Rebojo (1955-1961): amendoim e algodão herbáceo do meu cunhado Luiz Correia da Silva (Luiz Candite, in memoriam!

Amendoim: capinava, arrancava, chacoalhava, leirava, e, após secagem por vários dias, batia na lateral do balaio, e por fim, ensacava em sacos de 25 kg.

Algodão: capinava, raleava, colhia! Nesse último caso, não passava de 28, 30 kg, porque roubava dos outros, colhia com pelotas, com casca, jogava mamão e melancia dentro, dormia debaixo das bananeiras e laranjeiras esparsas e às tardes levava um “X” no fardo (saco), pelo meu cunhado, para descontar as impurezas! Quando muito, só dava duas arrobas!

Saudades dos CR$ 2 aos CR$ 5 (a moeda era o Cruzeiro) que recebia, por semana, para chupar sorvetes no Bar e Sorveteria, da esquina! Como era o nome da sorveteria, José De Anchieta Paiva?

Saudades dos tempos escolares, dos jogos de futebol com bola de capotão (1), dos banhos na represa e das brincadeiras de rodas, de passar o anel, dos três solteiros a passear, etc..

Saudades dos serviços de raspagem de mandioca para as farinheiras da zona rural; dos beijus de farinha, polvilho e coco ralado! Serviços esses em ajuda à minha “véinha” Maria Odália, a Caboquinha (pronunciar ô)!

Saudades dos carrinhos de cabines de lata e rodinhas de casca de peroba, dos carrinhos com filtro de óleos automotores, carrinhos maiores que comportava até uns dez moleques que desciam as ladeiras das pastagens, desviando das antigas soqueiras ou moitas de cafeeiros!

Eram vários tombos, mas empurrávamos os ”bitelos” de volta e recomeçava tudo...!

Saudades das mangueiras de mangas espadas enfileiradas no meio das pastagens, principalmente as do José Padovan (gordo com um olho de vidro e jogava bola, até bem) e do Antonio Galvão (magro, vereador que também jogava bola, bom e artilheiro)!

Naqueles tempos tinham os famosos jogos dos Gordos x Magros! E, era um tal de perder um olho, de vidro, pelo gramado!

Quanto aos jogos da molecada eram dos sistemas: 5 vira e 10 acaba; 10 vira e 20 acaba, sendo que, às vezes, as partidas acabavam já escuro, no breu! Isso quando não saiam brigas!

Saudades do(a)s coleguinhas do G.E.S - Grupo Escolar Sandovalina: Maria Edite (minha 1ª namoradinha), Pelé, Edmilson (filho do Agrício Polícia), do José De Anchieta Paiva, e outros que fogem da minha já diluída memória; dos professore(a)s Hermínia Sandoval, Maria Alves de Almeida (Nicinha), Walter Disney Tafner, Gilberto (Diretor), etc.. Bons tempos do meado da década de 1960, isto é, até parte de 1965!

Saudades, também dos professores e do time do Real Madrid do C.E.L.S.A, onde sagramos Campeões invictos naquele ano de 1965, sendo eu (Adiones) zagueiro e, goleiro, às vezes!

Saudades de Pirapozinho, da turma da 1ª Série Mista Vespertina – 1965: Sônia Pereira, Vilma Braghin (minha 2ª namoradinha) a qual fazia “colas” nas duas lindas coxas, Mário Braghin e outros, principalmente os titulares do time do Real Madrid que se sagrou Campeão daquele ano, tendo eu, o Adiones, como zagueiro e, goleiro, às vezes! Quando tinha um escanteio, subia para fazer vários gols de cabeça; aliás, um “Luizão Pereira” (Palmeiras, vários anos depois), sem sê-lo!

Saudades de São Paulo – Capital, Rua Quarto Centenário, 853, ao lado da Fábrica de Cera Parquetina e defronte ao Parque Ibirapuera. Atualmente, neste local, existe um condomínio residencial fechado de alto luxo (2). Isto na maior parte do ano de 1965, porque retornamos, a mãe que foi cuidar da finada Zefinha, e eu, para Sandovalina, aonde conclui, assim, o 4º ano primário.

Saudades do final do 4º ano primário no G.E. César Martines (atualmente E. E.César Martines), idem da Professora Leonildes (outra e bonitona, também), do trajeto a pé, Rua Quarto Centenário e Avenida República do Líbano, do(a)s coleguinhas e, principalmente, de uma japonesinha a qual, a cada bimestre de provas, conseguia ficar somente com o 2º lugar e ostentava, na sua blusinha branca do uniforme, o broche prata com a Bandeira Paulista e uma fitinha das cores paulistas; já a outra do 1º lugar era banhada à ouro com a Bandeira Nacional e a fita das cores correspondentes e, mesmo antes de terminar o ano, por força de transferência de volta ao interior, foi doada em definitivo para o “Zé do Mato”, a qual guarda com muita carinho, mesmo após meio século!

Saudades de Sampa, daqueles idos de 1965, porque também fazia compras nas feiras livres para várias madames, principalmente da família Villas Boas; aliás, elas chamavam a minha “véinha”, já com 50 anos, de moça!

- Moça venha lavar nossa roupa, amanhã, ou terça, ou quarta-feira! – Moça venha lavar a nossa calçada! Moça venha passar a nossa roupa!

Saudades dos play-bóis que me chamavam de “Zé do Mato” apesar, de só pra eles, eu dizer que era de Presidente Pudente, que na época era a terceira cidade do Estado! Convidavam-me para jogar bola nos terrenos vazios, os chamados campinhos de várzea, que, aliás, não existem mais; só concreto!

Quanto aos gordos trocos das feiras que as madames me doavam, gastava-os com os gibis: Tarzan – Zorro – Fantasma!

Saudades dos barulhos das sirenes das ambulâncias, dos bombeiros e das polícias, das buzinas das “romizetas” dos padeiros de madrugada, dos sorvetes premiados da Kibon ali do Parque Ibirapuera (3), da minha irmã Zefina falecida nesse ano deixando o esposo Luiz e os filhos Jaime e Inês! Só a sobrinha Inês está viva e reside na Vila Madalena.

Saudades do retorno à Sandovalina, ainda no final de 1965, aonde terminei o 4º ano e, da mudança para Pirapozinho no 2º semestre de 1966 para concluir a 1ª Série Ginasial no C.E.L.S.A. – Col. Est. Lúcia Silva Assumpção!

No primeiro semestre, ia e voltava de caronas para estudar em “Pirapó”; na ida ia de “pé-de-bode”, os Fordizinhos de carrocerias de madeira, ou de caminhões, Ford ou Chevrolet Brasil, sendo que estes normalmente levavam amendoim em casca ou algodão em plumas e voltavam com mantimentos para abastecer os armazéns comerciais da família Severo e outras. Eram cerca de 10 km de estrada de terra, com muitos areais, até o Trevo do Asfalto que ligava e liga Prudente ao Paraná, via Porto Santo Inácio, na época, sendo que o divertimento das crianças, e até dos adultos, era o balanço dos caminhões nos areais, carregados com 10 ou mais “fiadas” das oleaginosas! Lembro-me que da família Severo tinha um moleque que até próximo dos 10 anos não gostava de usar roupas, nem congas, nem chinelos! Quem era esse “piá” José de Anchieta Paiva? Lembras ou sabes de alguém que pode nos ajudar? A Nicinha, talvez!

Saudades da viagem e mudança de Pirapozinho - SP à Jandaia do Sul – PR, num dia chuvoso de fevereiro de 1967, onde juntamos tudo que tínhamos que deu pra encher uns quatro “galos de briga” (sacos de estopa amarrados na boca) e o ônibus da Viação Andorinha, até Mandaguari – PR, cuja viagem foi completada pela Viação Garcia, uns 8 km até Jandaia! O Dito Gago, sabendo que a mãe e o irmão estavam em “Pirapó”, foi busca-los!

Saudades, porque naquele dia, lembro-me, choveu torrencialmente e o asfalto era só até a ponte do Rio Paranapanema (Santo Inácio); daí até Nova Esperança, estrada de terra e barro grudento! Aliás, já do lado de cá da ponte tinha uma enorme placa, que dizia: “PARANÁ – AQUI SE TRABALHA – GOVERNO PAULO PIMENTEL”. Disse à “mi madre”: -vamos voltar, além desse barro grudento, da “jardineira” que parece que vai tombar nessa subida, terei que trabalhar?

Saudades dos meus primeiros amigos: Gerson Pais, José Pais (Panqueca), Edmilson Ferreira de Araújo (Bateria do Angelim Zanardi), etc..

Saudades dos tempos de padeiro de carrocinha e do cavalo branco manco de um zóio e cego de uma perna...ahahahah.., estes do saudoso Antonio Fortunato que revendia pães da Padaria São João! Acordava às quatro, na casa de Dona Rose e do Antonio, arrumava o cavalo na carroça e ia todo faceiro com destino à padaria e lá ajudava a entelar os pães para assa-los, nos áureos anos de 1968 a 1970! Meus vencimentos? Eram CR$ 100,00 (cem cruzeiros), mensais, mais alguns pães que sobrava das vendas do trecho compreendido da Rua Senador Souza Naves até a Estação da RFFPR/SC! Do outro lado, a Padaria Barreiros (do saudoso Urias) era a responsável até a saída para Bom Sucesso! Não era Dolores Barreiros?

Ah, no ano de 1967, notadamente, trabalhei na colheita dos cafezais em volta de Jandaia do Sul. Naquele tempo não tinha “barriga-me-dói”; menor trabalhava e não morria com isso!

Saudades das turmas, do C.E.J.S. – Col. Est. Jandaia do Sul: 2ª Série Masc. B - Noturno – 1967: Genésio Berlamino, Bidu, Ênio Almeida (do Quizinho), Koji Wada, Eliseu Bonaldi, Roberto Bonaldi, etc.. Já os profs. Eram: Zé neto (atualmente reside em Alto Piquiri – PR), Maria Conceição Welter, Leandro Teixeira, Lenita Cassoli Pereira, Ubirajara Wendt, e outros!

Turma da 3ª Série Mista Noturno – 1968: Timóteo Móia, Maria Rodrigues (depois Borba), Néia Calixto, Sidnéia Calixto, etc.. Turma da 4ª Série Mista Noturno – 1969: o(a)s mesmo(a)s acima! Já o(a)s diretor(a)s desses três anos foram: Leonardo Prota e Euza Junqueira!

Saudades das turmas do C.C.E.J.S. – Col. Cial. Est. De Jandaia do Sul: da 1ª à 3ª Séries Mistas Noturno – 1970 a 1972: Abílio da Silva, Túlio José Cappi, Jandira Soares da Silva, Pedro Soni, e outro(a)s, também notáveis e amicíssimo(a)s, que nominarei cada um(a) se consultar o tabuleiro da formatura de 1972! Já os professores foram: Marisa Barbosa, Nelson Malacrida, Carlos Bohana Simões, Ramajal, Newton Marques da Silva, João Welter Júnior, Dias (contador da Casa Marques), entre outro(a)s! Idem, se consultar o tabuleiro!

Saudades da turma da 1ª Série Mista Noturno – 1973 (em parte): Em parte, porque desisti, por ser formado em contabilidade pelo Col. Comercial e por levar um “zero” na prova de desenho da Cidoca (esposa do prof. Dr. Marcelo)!

Saudades das turmas da FAFIMAN – Fac.de Filos. Ciência e Letras de Mandaguari – 1ª à 3ª Séries do Curso de Matemática LP, anos 1974 a 1976 mais o 1977 (dependência em Cálculo Diferencial Integral) e do(a)s colegas: Valtair do IBC/GERCA, Vladimir Fuzetti, Riva Rifan Elias, Kalil, Ivo Karling, Neca, Soneira, Esquerdinha, e outro(a)s. Já os Professore(a)s, dentre outro(a)s: Maria José Toniolo, José Dena, Evilázio, etc.. Será que terei que recorrer aos da formatura, também? São os janeiros, isto sim!

Saudades dos meus tempos de IBGE – X Recenseamento Geral do Brasil - Set. de 1970 a 02 de Fev. de 2011, a aposentadoria! Farei um livro, o que espero fazê-lo, se ainda for possível!

E, por fim, saudades daqueles tempos que em Sandovalina – SP, por não ter recursos morávamos de favores em um cômodo anexo a uma grande garagem de caminhões e máquinas agrícolas dos Severos, tempos que apanhava na bunda de varas de marmelo ao dizer que não ia estudar (tirava “zero” do tamanho da folha do caderno e a rasgava para a “véinha” não ver) e dos bolinhos de feijão guandu e farinha de mandioca feitos com as mãos de minha mãe (a esquerda tinha o dedo médio com um “lubim” ou lombinho feito na brasa de casca de angico do nordeste)!

Saudades, também, quando a minha irmã Joaninha, já casada no Rebojo com o Luiz Gonzaga Dias Cornélio, o Luiz Piauí, deitava minha cabeça no seu colo e tirava caspas e piolhos, sim piolhos! Eu chegava pegar no sono...! Um dos seus filhos, o Sebastião, nasceu dia 20 de Janeiro – Dia de São Sebastião, sendo que atualmente é Pastor da Igreja Assembleia de Deus, em Osasco – SP e já residiu por vários anos em países platinos!

Que mais posso dizer? Saudades..., Saudades..., Saudades...!

Notas do autor: (1) Ver o artigo BOLAS DE PANO, DE PAPEL, DE BEXIGA DE PORCO E, DE CAPOTÃO. no www.recantodasletras.com.br, digitando Ponga, em autores e, após “textos”!

(2) Ver o artigo: O REGRESSO ÀS ORIGENS - RECORDAR É VIVER - 1965. no www.recantodasletras.com.br, digitando Ponga, em autores, e após em “textos”!

(3) Ver o artigo PARABÉNS, SELVA DE PEDRAS! nowww.recantodasletras.com.br, digitando Ponga, em autores e após em “textos”!

a) Aiones Gomes da Silva – Pres. Da Sociedade dos poetas Jandaienses – SPJ e delegado Cultural de Jandaia do Sul – PR, via CONBLA/SP – Doc. nº 75, Dez.2016.