O histórico Hotel Catete do sertão da Paraíba

O histórico Hotel Catete

O histórico Hotel Catete destaca-se pela sua faustosa vista panorâmica para a barragem do açude. Construído no ano de 1933 e oficialmente inaugurado no dia 14 de setembro, o nome foi posto em homenagem ao Palácio do Governo Federal, na época Palácio do Catete, na capital da República do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Essa relação arquitetônica ou batismal palácio/hotel visava à primeira visita do presidente Getúlio Vargas a São Gonçalo, nos dias 14 a 16 de setembro de 1933, cujo intuito era vistoriar as obras de construção do açude.

De acordo com Gouveia (2006), o nome do hotel foi concebido pelo italiano Ângelo Cinquetti, primeiro gerente do hotel, a quem a Inspetoria confiou a sublime missão de cozinhar, a fim de agradar aos paladares dos técnicos, engenheiros e demais autoridades nacionais e estrangeiras, os quais trabalhavam nas diversas obras e serviços de São Gonçalo.

Segundo Gouveia (2006), atualmente, o Catete não apresenta o mesmo brilho nostálgico do passado, mas possui uma grande história a contar para as gerações hodiernas. Nas décadas de 1940 e 1950, belas mulheres com vestidos longos e homens elegantes vestidos a caráter desfilavam no salão, ao som musical de boleros e tangos produzidos pela orquestra local.

A tradicional orquestra musical era composta por Mestre Aldo (trombone), Enóide Oliveira (piston), Zilton Teixeira (saxofone), João Marinho (saxofone), José Mariano (bandolin), Vicente Mariano (violão), José Antunes de Oliveira (bateria) e Antonio Celestino (pandeiro).

De acordo com José Antunes de Oliveira, o salão do Catete era muito bem ornamentado para os bailes de carnaval e de reveillon, nas décadas de 1950 e 1960, animados pelas orquestras Manaíra de Cajazeiras, com regência do maestro Mozart, e da orquestra do Vale do Piancó, sob a regência do maestro João Antunes de Oliveira.

Antigamente, as regras do ambiente eram elitizadas, com rígida cultura de restrição de acesso, não permitindo que operários e pessoas de baixo nível social frequentassem o ambiente. Somente a partir da década de 1960, o hotel consolidou a adoção de práticas mais democráticas, com acessibilidade a todas as pessoas que se interessassem em usufruir do ambiente, sem distinção de classe social ou funcional.

Tradicionalmente, no salão interno do hotel, são exibidas algumas fotografias com épocas e personagens que marcaram a história nacional e paraibana. As belas e antigas fotos do salão flagram algumas visitas presidenciais, bem como de outros líderes políticos. Outras fotos registram sangrias dos açudes de São Gonçalo e de Boqueirão, além da grandeza histórica do distrito.

Segundo Oliveira (2015), na década de 1950, o Conjunto Brasil fez algumas apresentações no salão do hotel, contratado pela gerência. O famoso conjunto era formado por: João Marinho (saxofone), Paulino Silva (cantor), José Queiroga (banjo), Dedé Cruz (piston), José Antunes de Oliveira (bateria) e José Galego (pandeiro).

José Antunes de Oliveira cita que o ano de 1953 testemunhou um dos mais importantes acontecimentos do hotel, que foi o baile de coroamento da rainha da festa de quermesse da igreja católica de São Gonçalo, Vitória Antunes, animada pela orquestra Manaíra de Cajazeiras.

Na década de 1950, registra-se a mudança na culinária do Catete, com aprimoramento do sabor da tradicional peixada preparada pelo famoso cozinheiro Nonato.

Ainda passaram pelo hotel, considerado por muitos o Hilton do interior da Paraíba e um dos poucos que possuía água encanada e luz elétrica nas décadas de 1930 e 1940, personalidades ilustres como ministros de estado, governadores da Paraíba e de outros estados do Nordeste, senadores, deputados federais e estaduais, diretores de autarquias federais, reitores de institutos e universidades federais...

Segundo José Antunes de Oliveira, chefe do IAJAT no período de 1985 a 1988, o Hotel Catete ofertava apoio logístico para a estrutura dos eventos oficiais, inclusive visitas técnicas. Assim, vários técnicos de outros países fizeram refeições no Catete, a exemplo de Estados Unidos, França, Alemanha, Chile, Espanha, Portugal, além de outros, em visitas com a finalidade de conhecer os trabalhos de pesquisas agronômicas do IAJAT.

Dentre os principais responsáveis pelo Hotel Catete, ao longo das décadas, destacam-se: Ângelo Cinquetti, José de Sousa Dias (Cazuza), Sebastião Meira (Mestre Meira), José Menezes Cavalcanti/Francisca Braga, José Perbuir de Sousa, Paulinho Silva/Dona Salete, Romeu de Sousa, Libério Pereira de Menezes, Emídio Batista dos Santos, Mané Cajaíba, Jaia Pereira de Oliveira, Francisco Jones de Oliveira (Chico Antunes), Ademir Pereira/Lúcia Pereira, José Linhares de Araujo, e Flavio Rubstaine B. do Nascimento/Jucélio Costa de Araujo.