TIME GRANDE NAO CAI

TIME GRANDE NÃO CAI

Ainda pipoca nas redes sociais bem como nos programas de rádio e tevê o rebaixamento do Internacional para a Série B ou “segunda divisão”. Há quem credite a debacle à fragilidade do grupo de jogadores, à incompetência da diretoria ou à arrogância de quem afirmou que “time grande não cai”, ou ao conjunto de todos esses fatores. O fato é que os colorados vão ter que jogar a Série B com todas as suas dificuldades, a maioria delas mais acentuadas que as da Série A. Há segmentos da torcida que afirmam tratar-se de um clube grande com uma diretoria pequena. É provável...

A primeira dificuldade que se me ocorre são as distâncias. Primeiro sair daqui para jogar duas vezes no Pará (Remo e Paysandu), no Rio Grande do Norte, duas vezes em Alagoas e Ceará, mais Sergipe, Goiás, interior de São Paulo e do Paraná torna o desgaste com viagens, conexões e esperas em aeroportos algo terrível e massacrante. Além disto, há que se observar as más condições de certos gramados, acomodações, vestiários, iluminação e a hostilidade de algumas torcidas, fatos nem sempre relatados pela mídia. A tudo isto some-se as deficiências das arbitragens (a maioria não é FIFA), em geral tendentes aos donos-da-casa. Outra dificuldade situa-se na continuidade dos treinadores. A torcida e a diretorias querem resultados imediatos, e quando isso não ocorre é o técnico que paga o pato. O Grêmio na Série B mudou quatro vezes de comandante em uma temporada. Eu tenho minhas dúvidas quanto à eficácia do trabalho do Zago. Não era o preferido, mas quem se apresentava para o momento...

Fruto do rebaixamento – e ninguém escapa disto – as arrecadações diminuem, a frequência de sócios e público em geral se retrai o que leva os clubes a um contingenciamento de suas finanças, e isto reflete sobre o número e qualidade de jogadores. Nesses casos o primeiro alvo da cartolagem é o técnico, como se fosse ele, se esganiçando na beira do campo o único ou maior responsável pela fracasso.

Quem leu até aqui talvez se surpreenda com o fato de me ver opinando sobre futebol. Acontece que antes de teólogo e filósofo eu exerci, em paralelo com minhas atividades da Caixa, a carreira de jornalista esportivo. Desde 1966, nas cidades onde morei eu fiz rádio em Jaguari, Ibirubá. São Gabriel, Bagé, Novo Hamburgo, Pelotas e Cruz Alta, como narrador ou comentarista, além de colunas em alguns jornais. No alto de sua empáfia solerte um dirigente colorado afirmou a algumas semanas que “time grande não cai...•. Vamos usar a filosofia para um silogismo elementar. “Time grande não cai. Ora, o Inter caiu logo... não é um time grande”.

Filósofo e escritor