Brasil: 1960, a década que delineia 4 estilos musicais

Na década de 1960, a música popular brasileira passou por mudanças que a levaram a outras paragens. A Tropicália começou a manipulação com a clara intenção de não deixá-la tão imaculada e impoluta. Influenciados pela contracultura, os protagonistas do movimento se apoderaram da linguagem da paródia e do deboche. Com isso misturaram o caldo do que era a cultura cafona, o rock psicodélico, a música erudita e a cultura popular. Visavam transformaram a nossa música resgatando o movimento antropofágico de Oswald de Andrade. Isso se daria com a ideia de se digerir a cultura exportada pelas potências culturais da Europa e dos Estado Unidos e regurgitá-la após ser mesclada com a nossa cultura popular e a nossa identidade. Queriam como que criar uma cultura nacional com algo heterogêneo e diverso. Houve equívoco da parte de alguns que estavam dentro do próprio movimento, como aconteceu com a polêmica passeata que se deu no dia 17 de julho de 1967 em São Paulo, com o slogan “Defender o Que é Nosso”. Nessa passeata liderada por Elis Regina, estavam Gilberto Gil, Jair Rodrigues, Vandré e Edu Lobo entre outros, e sabe contra quem especificamente se impunham? Contra a guitarra elétrica! Pois é! Segregações à parte, e como opiniões radicais podem mudar em pouco tempo no campo da arte, a guitarra elétrica veio para ficar e ficou. Embora alguns críticos como o saudoso escritor Ariano Suassuna, tenha morrido sem admitir a entrada desse instrumento na nossa música.

Devido às transformações daquele movimento naquela década, delinearam-se pelo menos quatro grandes tendências na nossa música. A primeira foi composta por artistas que herdaram e experiência da bossa nova, e compunham uma música que estabelecia relações com o samba e o cool jazz, Chico Buarque se enquadra bem aí. O segundo grupo era o pessoal da canção de protesto que se recusava a aceitar elementos do Pop estrangeiro, em defesa da preservação da cultura nacional frente ao imperialismo cultural. Viam na canção o instrumento de crítica política e social, como foi o caso do Geraldo Vandré. O terceiro grupo estava interessado no som influente do Rock inglês e norte americano, e que ficou conhecido como iê-iê-iê ou Jovem Guarda, onde se destacaram Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléia. E o quarto grupo se dedicou a fazer experimentações e inovações estéticas dentro da própria música Tropicalista, como foi o caso de Tom Zé.

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