Brasil: Anos 60, Rádio, Televisão e Tropicalismo

Na década de 1960, a música popular do nosso país passou por mudanças bruscas, tanto harmônicas como rítmicas. Eram nascidos, o Rock e a Bossa, aquele vinha de fora, esta tinha origem no nosso samba mas adicionava a si uma pitada de harmonia do jazz norte americano. Era a sofisticação e o requinte de João Gilberto e Tom, contrastando com a pegada forte das distorções e das pulsações rígidas e repetitivas da música de Elvis e dos Beatles. A maioria dos brasileiros ainda não tinha televisão, a as famílias que já possuíam um aparelho de rádio, mantinham o hábito de se reunirem para jantar ouvindo as notícias e depois comentarem os acontecimentos do dia. Alguns apresentadores do rádio passaram a ser também da televisão. Chacrinha (Abelardo Barbosa), Flávio Cavalcanti, Hebe Camargo e Silvio Santos surgiram, cada um com um estilo próprio, e todos obtendo enorme audiência para as emissoras nas quais trabalhavam. Os comunicadores Chacrinha e Silvio Santos dirigiam-se a um público de nível sociocultural mais baixo, apresentando atrações de apelo popular como calouros, gincanas, distribuição de brindes, concursos, premiações e outros. Chacrinha tornou-se um fenômeno de comunicação analisado por estudiosos por sua maneira exótica de se vestir e pelos prêmios estranhos que distribuía ao seu auditório. Flávio Cavalcanti manteve o esquema que o havia consagrado anteriormente em programas de rádio: a divulgação da música popular brasileira elitizada, com lançamentos e concursos.

Os três comunicadores valiam-se da presença de júris, compostos por pessoas famosas. O programa de Hebe Camargo tornou-se uma espécie de sala de visitas de São Paulo, recebendo todas as personalidades em passagem pela cidade. Dirigido a um público mais exigente, o programa exibia desfiles de moda, debates, bailados, entrevistas famosas e boa música.

Da influência do Samba e da Bossa, mas não propriamente dos ritmos, surgiu na metade daquela década o Tropicalismo, movimento liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, autores das canções (Alegria, Alegria e Domingo no Parque) aquela tendência musical misturava as manifestações da cultura popular, a arte de vanguarda e crítica social. O Tropicalismo teve influência na estética de filmes, peças teatrais, artes plásticas e livros, mas se expressou integralmente através da música.

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