LAS TETAS DE MI MADRE

Assisti, uma noite dessas, no “Canal Cine Brasil”, ao filme colombiano “Las tetas de mi madre”, (drama) lançado em 2015.

É um filme interessante e provocante.

O cenário é um bairro pobre de Bogotá (Las Cruzes), semelhante a vários bairros de São Paulo, onde durante o dia labuta-se o pequeno comércio; e ao anoitecer transmuda-se para a prostituição e tráfico de drogas.

Além da mudança do ambiente conforme a noite cai, outra mais sutil e intima ocorre com o ator principal, o pequeno Martin, entre 10 e 12 anos, iniciando a puberdade.

Martim é filho de mãe solteira, mora com dignidade num pequeno cubículo e divide a cama com a mãe.

Maria é uma boa mãe.

No entanto a convivência entre os dois é pouca.

Ela sai para trabalhar cedo, ele vai para a escola. Saem juntos e dividem o destino no meio do caminho.

Ele passa o resto do dia só.

É disciplinado e começa a trabalhar ao cair da noite, entregando pizzas com sua bicicleta.

A mãe sempre volta tarde para casa, lava as roupas sujas, faz pequenas limpezas, prepara a comida para o dia seguinte e sempre encontra o filho já adormecido.

O sonho de Martin é juntar dinheiro suficiente para ir à Disney com a sua mãe.

Seria uma história comum, vivenciada em qualquer aglomerado urbano de países pobres.

Não fosse por um imprevisto.

Um dos fregueses da pizzaria é a proprietária de uma boate.

Iniciando-se na sexualidade Martin uma noite escapa para uma câmara de strip, onde pode assistir uma mulher desnudando-se a troco de algumas moedas.

No cubículo há um aviso – “para preservar a privacidade, o cliente pode ver, mas não pode ser visto.”

A surpresa de Martin é que numa noite ele assiste a própria mãe numa dessas saletas, desnudando-se sensual.

O que é mais universal do que o profundo amor de um filho para com a sua mãe, confuso e e sobretudo temperado pelo complexo de Édipo?

O que é mais universal do que a história de uma criança que cresce sem um pai, sem recursos e sem oportunidades em uma favela?

Basicamente é um filme de inocência perdida.

Da descoberta da realidade difícil.

Ao contrário do que possa transparecer no roteiro, é um filme terno, sensível e um pouco triste.

Em especial uma das cenas o menino, que divide a cama com a mãe, ao acordar depara-se com a visão dos lindos seios da mãe ao alcance da sua boca.

Lembra muito uma cena de “Pixote, a lei do mais fraco”.

Vale assistir principalmente se você está cansado das correrias, explosões e efeitos especiais dos filmes americanos.

Uma curiosidade: Martin é representado por dois atores. São os adolescentes gêmeos idênticos James e Billy Heins.

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Um abraço e obrigado pela leitura.

Sajob – setembro/2016