Detalhe pouco lembrado sobre a Previdência Social

DETALHE POUCO LEMBRADO SOBRE A PREVIDÊNCIA SOCIAL
Miguel Carqueija

Ao contrário do que o INSS insiste em chamar, as aposentadorias e pensões não são benefícios (esmolas?), mas prêmios de seguros. Ao longo da vida, décadas a fio, pagamos o seguro mês a mês para garantir nossa aposentadoria. O INSS tem, portanto, de administrar esse dinheiro e ao fim, pagar o seguro aos segurados. Não poderia fazer esse chamado “efeito cascata” diminuindo o valor cada vez mais, de modo que, ao que se diz, todo o trabalhador brasileiro está fadado — se viver o bastante — a terminar seus dias ganhando salário mínimo. Lógico que isso não atinge os privilegiados. Em tempo: o termo “efeito cascata” é isso mesmo: cascatas descem.
Portanto não faz sentido chantagear a classe trabalhadora dizendo que não há dinheiro, que há “deficit” ou “rombo” na Previdência. Não pode haver rombo nenhum. A Previdência Social não tem que dar lucro, ela não foi feita para isso. O governo é que tem de injetar dinheiro na Previdência para que ela pague aposentados e pensionistas. Ao longo de nossa história fez-se até o contrário, como pegar dinheiro da Previdência para construir Brasília, e outros desvios...
O país é o seu povo. Se o povo vai mal o país vai mal. Não se pode melhorar a situação de um país sacrificando o povo, e principalmente quando ele já é sacrificado. Lembro-me do gordo ministro do Planejamento, Delfim Neto, falando na televisão, trovejando do alto de seus muitos quilos: “Todos têm de se sacrificar!” Menos ele, é claro, e uma vez o noticiário o mostrou num banquete com empresários. É isso aí. Falta visão social ou mesmo espírito de compaixão nessa gente.


Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2016.