AS MULHERES NAS DELEGAÇÕES OLÍMPICAS: A PRESENÇA FEMININA NO MAIOR EVENTO ESPORTIVO DO MUNDO, PARTICIPAÇÃO IMPRESSIONA E SUPERA O MACHISMO

*Sineimar Reis

As mulheres já sofreram muito com o machismo e o preconceito que lhes foram impostos nos primeiros anos dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Mas foram ganhando espaço, fizeram história em Londres-2012 e podem, mais uma vez, atingir uma marca inédita no Rio de Janeiro, em agosto: a expectativa do COI (Comitê Olímpico Internacional) é que as mulheres correspondam a 45% dos atletas participantes, número nunca registrado antes.

Há quatro anos, o gênero feminino representou 44,2% dos esportistas e, pela primeira vez, elas puderam participar de todas as modalidades do programa olímpico. Para se ter ideia, em Paris-1900, elas foram apenas 2,2%. Em número absoluto, 22 mulheres daquela vez, e 4.676 na Inglaterra. A delegação dos Estados Unidos já competiu, em 2012, com maioria feminina: 268 mulheres contra 261 homens. Observe abaixo como tudo começou:

Em Atenas-1896, na primeira Olimpíada da Era Moderna, o Barão Pierre de Coubertin, francês que reiniciou o movimento olímpico, tomou como base o que acontecia nos jogos da antiguidade e, por isso, e muito também por sua vontade – vetou a participação feminina. Coubertin até que reconhecia os direitos femininos na educação esportiva, mas por razões culturais, antropológicas e fisiológicas, não admitia competição entre mulheres às vistas dos homens. Então, dos 241 atletas participantes, nenhuma mulher foi inscrita oficialmente.

Mulheres, no caso, apenas como espectadoras. Mas que nada… A grega Stamata Revithi decidiu correr o percurso da maratona um dia depois da prova oficial masculina. Terminou quatro horas e meia depois da largada e provocou com este ato o inicio da inserção feminina nos Jogos Olímpicos. Ela foi apelidada “Melpomene, a musa grega da tragédia.” ESPN, p.01. 2016

Para se ter uma idéia, a primeira maratona feminina só foi realizada oitenta e oito anos depois do início dos Jogos da Era Moderna. Em Los Angeles-1984, a norte-americana Joan Benoit conquistou a medalha de ouro depois de correr os mais de 42 quilômetros em 2h 24min e 52s, na prova que ficou realmente marcada pela imagem da suiça Gabrielle Andersen, ao final da sua participação, entrando no estádio olímpico cambaleante e sem forças.

As mulheres começaram a marcar presença olímpica oficialmente em Paris-1900, mesmo contra a vontade do Barão de Coubertin e ainda com pouca expressão numérica. Eram 22 mulheres e 997 homens. Elas precisavam usar vestido com anáguas, meias com cinta-liga e chapéus para competir no tênis, no golfe e no críquete, esportes liberados por serem mais belos e não possuírem contato físico.

E quem ganhava não tinha medalha ou coroa de louro. O prêmio era um certificado que apenas confirmava a participação nos Jogos. A primeira mulher que venceu um evento olímpico, entrando para a história, foi a tenista britânica Charlotte Cooper, campeã no individual e nas duplas mistas em Paris-1900.

De acordo com pesquisas, foi nos Estados Unidos, em Los Angeles-1932, que o Brasil levou a primeira mulher para uma Olimpíada: a atleta da natação Maria Lenk. Com 17 anos, ela foi a única representante do gênero feminino da delegação brasileira, que tinha 66 homens. E mais que a primeira do país, Maria Lenk foi a primeira sul-americana a participar dos Jogos. Com o passar do tempo, a participação feminina foi ficando cada vez mais forte. A porcentagem de mulheres para homens foi crescendo até chegarmos em 20% de atletas mulheres em Montreal-1976. Foi uma mulher, ou melhor, uma menina que marcou definitivamente aquela edição. Talvez o maior nome da ginástica até hoje, a romena Nadia Comanecci, aos 14 anos, se tornou a primeira atleta da história a conquistar um 10 perfeito. Ao todo, teve 7 notas 10 , três delas na trave , e conquistou cinco medalhas: uma de bronze, uma de prata e três de ouro. Nessa olimpíada o Brasil contou com uma atleta de apenas 14 anos, participando do quadro da ginástica.

No Pós-Guerra, os Jogos de Helsinque-1952, ficaram marcados por um primeiro movimento de invasão do gênero feminino, com a entrada arrebatadora da União Soviética e da Cortina de Ferro na história olímpica.

Os países do leste europeu não discriminavam as mulheres atletas, porque os objetivos e tradições culturais eram diferentes, com a inclusão feminina feita há muito tempo: o número de medalhas era mais importante do que o gênero dos atletas que as venciam.

A prioridade era o desempenho vitorioso sem discriminação de gênero. Para isso acontecer, foram feitos investimentos sociais e matérias para que essas atletas pudessem participar daquela edição. Desta forma, o número de mulheres teve um salto: se eram 385 em Londres-1948, passaram a ser 512 quatro anos depois.

Já nos anos 60, o segundo movimento do aumento do gênero feminino aconteceu na década de 60 com o desenvolvimento científico e tecnológico. O anticoncepcional, por exemplo, deu às mulheres a possibilidade de controlar a vida sexual, planejar a família e ter liberdade para todas as outras possibilidades que a pílula podia criar.

Como resultado, pudemos ver ainda mais o aumento da participação das mulheres no esporte e também na sociedade como um todo. Em Roma-1960, foram 611 mulheres entre os 5.338 atletas participantes. Na edição seguinte, em Tórquio-1964, 678 entre os 5.151 esportistas. Quatro anos depois, o número pulou pela primeira vez para a casa dos 700.

Há oito anos, em Pequim-2008, o Brasil alcançou um recorde: o país teve o maior número de mulheres da história em sua delegação. Foi 133 representantes do gênero feminino, o que correspondeu a 48% dos atletas inscritos.

A participação das mulheres nas olimpíadas Rio 2016 é a maior de todos os tempos. Cada vez mais as mulheres estão conquistando seu lugar no esporte e mostrando toda sua garra e determinação. Mas nem sempre foi assim, a participação feminina só foi permitida a partir de 1900. Conheça a história!

Ressalto que os Jogos Olímpicos surgiram na Grécia, em Atenas, em 1896 e somente atletas homens podiam participar. Na edição seguinte, em 1990, nos Jogos Olímpicos de Paris, apenas 2,21% do total de competidores eram mulheres, sendo 22 atletas competindo nas modalidades tênis, vela, críquete, hipismo e golfe. Atualmente as atletas inscritas somam um total de 5.180, sendo duas modalidades exclusivamente femininas: o nado sincronizado e a ginástica rítmica. Este número supera em mais de 10% o alcançado em 2012. No Rio 2016 a equipe brasileira é recorde, sendo 209 mulheres e 256 homens, a maior participação feminina na nossa história de Jogos Olímpicos.

VEJA ALGUNS DESTAQUES DA PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NAS OLIMPÍADAS

Kallipateria

As mulheres eram barradas das Olimpíadas da Grécia Antiga. Se as casadas fossem pegas assistindo aos Jogos, elas eram condenadas à morte. Kallipateria era a mãe de um lutador de boxe chamado Pisirodos. Ela correu risco de morte ao assumir o papel de seu treinador, vestindo-se com trajes de homem. Quando Pisirodos ganhou a competição, ela não aguentou a emoção e acabou se expondo ao público. Sua vida só foi poupada porque seu pai, seu irmão e seu filho já tinham sido campeões olímpicos.

Theresa Weld

A skatista norte-americana levou a medalha de bronze nos Jogos da Antuérpia, em 1920. Um dos jurados, porém, chamou a atenção da moça a respeito de manobras consideradas “impróprias para uma dama”.

Nadia Comaneci

A primeira nota 10 da ginástica artistica nas olimpíadas completou 40 anos em 2016. Em 18 de julho de 1976, a romena Nadia Comaneci voou deireto para a história com seu último movimento nas barras assimétricas, finalizando uma série com execução impecável e com uma técnica jamais vista. Ela tornou-se a primeira ginasta a conseguir sete notas 10 em uma competição olímpica.

Wodjan Shaherkani

A judoca Wodjan Shaherkani fez história ao se tornar a primeira mulher saudita a competir na história dos Jogos Olímpicos. Ela disputou com a cabeça coberta, com um véu adaptado. A Arábia Saudita era até Londres, ao lado do Qatar e de Brunei, um dos três países que nunca haviam enviado representação feminina aos Jogos.

Joan Benoit

Até 1984, acreditava-se que mulheres não eram capazes de competir em provas longas de corrida. Os Jogos desse ano, em Los Angeles, foram os primeiros que contaram com a maratona feminina. A norte-americana Joan Benoit foi a grande vencedora, terminando a prova em 2h24min52s. Ela era tão resistente que, ao fim da prova, disse que poderia dar meia volta e correr por mais 40 km.

Em 1900, as mulheres representavam apenas 2,2% dos atletas. Mulheres garantem à China e aos Estados Unidos o topo das competições. Hoje no RIO-2016 as mulheres representam 45% dos atletas das olimpíadas. Nunca teve tanta mulher participando de uma Olimpíada, 45% dos atletas são mulheres. Em outras palavras ressalto novamente que: a primeira vez em que as mulheres participaram dos Jogos foi em Paris, em 1900, e eram apenas 22, ou seja, 2,2% dos atletas.

Sineimar Reis
Enviado por Sineimar Reis em 09/08/2016
Código do texto: T5723381
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