Chile, 2010 (publicado originalmente em 8/7/2017)

Só recentemente assisti ao filme ‘Os 33’, baseado na quase tragédia ocorrida em meados de 2010, no acidente numa mina onde estes 33 trabalhadores ficam presos a 700 metros abaixo da terra. Lembro de ter acompanhado, ao vivo, pela TV, resgate de todos, na madrugada de 13 de outubro daquele ano.

Aquela cápsula que os trouxe, apertadíssima e estreitíssima, me deu na hora uma sensação horrível, de ampla claustrofobia, e a ansiedade de vê-los na superfície, respirando, com os óculos escuros a fim de protegê-los da claridade. O filme, dirigido pela mexicana Patricia Riggen, estreou em 2015, e bem de forma tímida, retrata o drama vivido pelos chilenos. Mesmo com elenco reforçado de estrelas, por exemplo, Antonio Banderas, Rodrigo Santoro, Juliette Binoche, ‘Os 33’, rodado em cima das páginas do livro escrito por Hector Tobar, é desprovido de emoção.

Talvez pela inexperiência de Patricia, este acompanhamento de respiração que o roteiro exigia fica de lado e o que vemos na tela é uma soma de suspiros e algumas lágrimas a rolar pelos parentes e amigos, além dos cônjuges. O que se destaca na obra é a qualidade da ambientação e o ambiente escuro e recheado de economia do subsolo, local da ‘prisão’ daquela gente.

O racionamento de água, alimentos, o esconderijo no chamado refúgio, todo o esquema para se sobreviver quantos dias houvesse, os pessimistas versus os esperançosos, tudo isto serve para deixar o espectador preso. Todavia, por mais que a diretora tente influenciar, e se percebe a mão dela no filme, pesada principalmente na atuação do trio famoso, cheio de caras e bocas, nada é forte o bastante. O resultado é uma fita insossa e desprovida do ‘algo a mais’.

Há a boa vontade, mas não basta. Para um trabalho deste naipe, seria necessário mais agilidade, e o impacto com o mesmo ar claustrofóbico que senti quando vi pela TV apareceria ali. Não foi o caso.

Apenas regular, ‘Os 33’ é decepcionante pela ansiedade que se causou quando se soube que a história seria filmada. Pra piorar, os personagens falam inglês ao invés do espanhol. Aí é o fim da picada. A insistência de se preservar o idioma de Hollywood deixa toda a trama devastada pela cafonice. Ver o presidente chileno falar ao seu ministro na língua de Trump é inacreditável e deixa o longa-metragem no fundo do poço. Pena.

Rodrigo Romero
Enviado por Rodrigo Romero em 18/07/2017
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