A ETERNIDADE DA MORTE

Em meu post “A morte é eterna” encerrei o texto assim: “…morremos e, se serve de consolo, a matéria da qual somos feitos, depois que nos decompomos, servirá para compor outros seres que, de certa maneira, nos eternizam e a todos aqueles que nos antecederam”. Quis dizer, naturalmente, que a matéria que nos forma é eterna, que os elementos, depois de liberados de um ser ou um objeto, ao assumirem quaisquer formas, vivas ou não, vão existir para sempre.
Foi pensando em dar, digamos, uma forma mais “nobre” à matéria restante de corpos cremados, que a empresa britânica “Life Gem”, se propõe a transformar em diamante os restos mortais carbonizados de mortos cujos parentes disponham de dez mil dólares e desejo de ter uma jóia oriunda do corpo do ente querido.
Lembremos, a empresa “Beers”, maior mineradora e comerciante de diamantes do planeta usa como slogan a frase, “Os diamantes são eternos”, o que é inescapável verdade frente aos nossos conhecimentos científicos atuais. O diamante é a única gema formada de substância simples, carbono, para ser exato; tem a mesma composição da grafita, mas seu arranjo molecular é octogonal o que lhe dá uma dureza dez, numa escala de zero a dez; todo diamante que existe foi formado a pressão e temperatura extremas nas entranhas da terra durante duzentos milhões de anos e foi expelido para superfície através de “chaminés de kimberlito”, há mais de quinhentos milhões de anos; todo diamante, por conseqüência, tem mais de meio bilhão de anos e não há indícios que venha a desaparecer nos próximos quinhentos milhões é, portanto, virtualmente eterno.
O que a “Life Gem” faz é submeter o carbono restante do corpo cremado à temperatura de milhares graus centígrados numa máquina que exerce pressão de dezenas milhares de libras por polegadas quadradas (PSI), durante vinte e três dias, o que confere a esse carbono amorfo arranjo octogonal e consistência duríssima, tornando-o um diamante perfeito embora artificial, isto é, feito pela mão do homem.
Trata-se de uma forma dispendiosa e concreta de eternizar a morte e afagar a vaidade humana. 
Jair Lopes
Enviado por Jair Lopes em 23/07/2017
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