CAMONIANAS - N°4

CAMONIANAS - N°4

Se ora m'entristeço, antes me alegrei

E, amando, conheci sombras e luzes.

Tantas vezes à beira dos abismos,

Após eu contemplar epifanias,

Ouvi apenas ais de minha boca...

Contrafeito, eu admito o meu pecado:

Obriguei-me a um mal já quotidiano

No lugar d'algum bem desconhecido.

Tendo de disfarçar os meus desvelos,

Rio e choro em delírios passionais

Até cair de exausto ao pé da cama.

Romanticamente ébrio de absinto,

Interrogava ausentes noite adentro,

Ocultos em histórias mal contadas.

Amor, extremo mal de quem quer bem!...

Sentinela do próprio coração,

Inesperada é a hora do sinistro.

É muito tarde p'ra se arrepender!

O que é o amor senão sua ilusão?...

Meus olhos se acostumam ao mistério

E miram as estrelas mais de perto.

Sempre depois que tudo silencia,

Martela nos ouvidos o seu nome...

O mesmo adágio triste das corujas!

Amar, ó aventura desmedida!

Melhor nunca rever aqueles olhos...

Ou senão, de absoluta teimosia,

Roubar da amada o fogo que me queima...

Betim - 29 06 2017