Eu a imagino...
em circunstâncias tantas e caminhos
mas tão só ela passa, resoluta
e a ideia aninhada levemente se esvazia.

Eu imagino desejos ardentes, a nos queimar
uma tarde ociosa em algum lugar, Itália
ancestralidade de almas entregues...
Mas ela, além das idades, segue o passo
a reta, o labirinto, o compasso...

Eu crio uma história e nela
ela seria a deusa da fecundidade
faria de mim o homem renascido
o homem sem aparente idade
mas ela apenas passa e em seu silêncio
imagino-a ainda mais presente.

Não será possível que eu intente
contra sua marmórea distância, a guerra
porque ela tão só passa e não espera
que em mim sossegue o que é fremente.

Vulto castigador este, e o castigo eu mesmo dito
nesta insanidade de ser poeta e não perceber
os limites com que a carne aferra o bendito
delírio de criar o que nunca se pode ter.