Saudade

No infinito da escuridão

Nas pálpebras escuras, eis que vejo

Pulsa mais rápido um coração

Voltar no tempo, seria um desejo?

Impossibilitado de andar

Pois caminhar para trás é impossível

As rodas, apenas para frente podem girar

Novamente sou invisível

Quem está ai? Quem poderá me ouvir?

Não há resposta, não há ninguém

Todos que vejo não estão mais aqui

E seguem e desaparecem!Há alguém?

Vejo o lenço de uma moça cair

Ouço o barulho de várias vozes

Olho ao canto uma lua brilhante surgir

Também chego a escutar risadas ferozes

O tempo está a zombar de mim

O hoje está a existir e já se acabou

Tudo chegou ao fim

E no mesmo instante recomeçou

Vislumbro o infinito da escuridão

Não uso minhas pálpebras, só o olhar

Tudo está ao meu alcance?Tudo não!

Menos a chance de horas atrás voltar

E pergunto a mim mesmo sem resposta

“Quem disse que saudade é bom?”

Da tristeza deve existir alguém que gosta

Não existe barulho, mas ouço um som

Preciso de minhas pálpebras agora

No infinito da escuridão...agora não, obrigado!

Não quero retornar aos tempos de outrora

Eu descanso e amanhã tudo estará iluminado

O amanhã possui luz e o ontem escuridão

Por que o ontem é bem-vindo e o hoje é temido?

Pobre homem!Agora estou rindo!

Tudo é uma ironia, tudo tem sido

Cubra meus olhos, pálpebra amiga

Mostre sua amizade

Seria você minha inimiga?

Então mande embora essa saudade

Pelo menos até amanhã

Quando encontrarei a escuridão

E ela me trazer uma lembrança vã

Mas por enquanto, durma comigo coração!

Diogo Gouveia
Enviado por Diogo Gouveia em 10/05/2024
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